quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Planalto estimula Maia a postergar candidatura à presidência da Câmara

Daniel Carvalho, Gustavo Uribe | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto e o PSDB divergem sobre a estratégia de campanha adotada pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que reluta em lançar sua candidatura à reeleição como presidente da Câmara dos Deputados.

Enquanto adversários e tucanos pressionam o parlamentar para que oficialize que está na disputa, o governo federal prefere que ele deixe o anúncio para o fim de janeiro.

Principal patrocinador da reeleição de Maia, o Planalto entende que a iniciativa não pesaria na atração de apoios partidários e o colocaria em evidência de forma desnecessária, aumentando a munição dos rivais contra ele.

Oficialmente, Temer tem afirmado que não se envolverá no processo de escolha, mas, nos bastidores, o governo federal tem articulado a desistência de candidatos adversários e o apoio de siglas à reeleição. Até agora, por exemplo, conseguiu convencer o PSDB e o PMDB a apoiarem Maia e iniciou ofensiva sobre o PP e o PTB.

Nas palavras de um aliado presidencial, a candidatura de Maia já tem sido divulgada à exaustão pelos veículos de comunicação, não havendo necessidade, portanto, de um lançamento oficial. No final desta semana, Maia vai ao Recife e a Natal conversar com possíveis apoios.

Para um auxiliar do presidente, ao "rasgar a fantasia antes da hora", Maia corre o risco de judicializar ainda mais a disputa parlamentar e aumentar a indisposição com o chamado centrão, formado por partidos como PSD, PTB, PP e PR.

Há um temor de que, se Maia admitir que é candidato, seja criado um fato concreto para que seus rivais cobrem do Supremo Tribunal Federal um posicionamento sobre o caso antes de fevereiro.

A Constituição Federal e o regimento da Câmara dos Deputados vedam que o presidente dispute a reeleição em uma mesma legislatura. Maia entende que, como foi eleito para um mandato tampão após a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a regra não se aplica a ele.

CALENDÁRIO
A ideia defendida por peemedebistas e governistas é que Maia faça um anúncio formal mais próximo da eleição, marcada para 2 de fevereiro, de preferência nas duas últimas semanas de janeiro. Eles querem que a oficialização ocorra com a presença de líderes de siglas que apoiam a sua reeleição, numa demonstração pública de força.

Até lá, eles sugerem que o presidente da Câmara dos Deputados intensifique a agenda de viagens pelo país e seja evasivo em declarações públicas sobre sua candidatura.

Maia passou a quarta-feira (4) em reuniões em Brasília. Conversou com o presidente Michel Temer, com lideranças do PSDB e recebeu aliados em um jantar.

"Minha candidatura precisa amadurecer. Ela está começando a ficar madura", afirmou Maia, segundo quem o anúncio acontecerá quando ele e aliados entenderem que há "harmonia" na Casa. Em outras palavras, Maia só se lançará candidato quando tiver certeza de que alcançará a maioria dos votos.

Na Câmara, entretanto, a pressão para que ele oficialize sua intenção de se reeleger não está mais restrita aos adversários.

Tucanos que almoçaram com Maia nesta quarta-feira disseram que a tendência é que os 46 deputados do PSDB apoiem a candidatura dele.

"Disse a ele que seria importante [oficializar a candidatura]. Com certeza ele registrou minha sugestão e fará isso o mais breve possível", disse Ricardo Tripoli (SP), líder eleito do PSDB na Câmara.

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