quarta-feira, 15 de março de 2017

Paralelos - J. R. Guedes de Oliveira

A aranha tece,
com artimanha,
a sua teia.

E eu, teço,
em deslizes e perplexo,
- sem nexo –
meus comentários a respeito.

- Que dizer ante engenho e arte?

E, teso,
ainda,
vejo o seu projeto tornar-se realidade:
o seu campo de ação é largo,
como tentáculos,
numa rede nitidamente perfeita.

Não é obra do acaso!

A visão dos paralelos pode se transmutar,
chegar-se ao âmago de um sonhador-edificador
e provocar-lhe o êxtase – talvez um fluído embriagador.

Assim deve ser o nosso coração:
ante rumores e murmúrios,
deve tecer,
como a magistral aranha,
um campo aberto (a sua teia)
para abrigar,
inadiavelmente,
um outro coração.

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