terça-feira, 28 de março de 2017

Poder em jogo | Lydia Medeiros

- O Globo

O dia seguinte
Governo e oposição estão convencidos de que será em maio o julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer no TSE. E o cenário mais provável é o da cassação. A aposta é que o tribunal não dividirá a chapa em relação ao crime de abuso de poder econômico, mas dará uma pena proporcional à responsabilidade de cada um. Há o precedente do impeachment, quando Dilma perdeu o mandato mas manteve os direitos políticos. Agora, ela ficaria inelegível e Temer, embora cassado, poderia disputar eleições. Os dois lados buscam argumentos jurídicos para questionar o STF sobre o dia seguinte a uma eventual cassação do presidente. Para governistas, haveria eleição indireta, com Temer candidato. Para a oposição, a eleição deve ser direta. Nesse cenário, enquanto o STF não decidir, o Planalto seria ocupado por Rodrigo Maia, fiel aliado de Temer.

Pé no acelerador
Integrantes de um grupo do governo que estuda mudanças na Lei de Falências estão inquietos com o ritmo lento das reuniões diante da rapidez com que cresce o número de pedidos de recuperação judicial. Foram 1.480 nos últimos 12 meses. No mesmo período, em 2011, eram 351. O grupo teria até julho para entregar uma proposta, mas, para apressar o debate, setores do governo já pensam na edição de uma medida provisória ou no envio ao Congresso de um projeto de lei. Há forte preocupação com o setor de construção, abalado pela Lava-Jato, e com a situação de grandes empresas, como a Oi.

Pedras no caminho
O PP planejava transformar o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na estrela do programa do partido, em junho. O sonho do PP, massacrado pela Lava-Jato, é ver Blairo numa vaga de vice na eleição presidencial de 2018. A crise da carne pode levar a direção partidária a rever suas intenções.

Atendimento VIP
Num trecho dos depoimentos à Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht deixa clara sua preocupação em manter Dilma informada sobre os repasses a João Santana: “Olha, aquele seu amigo está sendo bem atendido.” Marcelo diz que, como a maior parte das “doações” da empresa ia para o publicitário, queria dar à presidente a dimensão de suas contribuições, além do valor oficial de R$ 10 milhões.

Governo poliglota
Depois de críticas de embaixadas de que só havia explicações sobre a crise da carne em português nos sites oficiais, a Presidência colocou no ar, também em redes sociais, vários vídeos defendendo a qualidade do produto nacional. Há versões em francês, espanhol e russo. Está em produção a versão em mandarim.

Proteção
A decisão do relator da reforma trabalhista, Rogério Marinho (PSDB-RN), de incluir o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical em sua proposta tem respaldo da cúpula tucana. O ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e o líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli, incentivam. “Sindicato não é governo para viver de imposto”, diz o líder.

Do Moreno
Eunício Oliveira, em razões que a própria razão desconhece, mas o governo sabe, está coletando assinaturas para seu “projeto Jim Jones”, que acaba com o foro privilegiado para integrantes dos Três Poderes. Aécio Neves subscreveu essa PEC e, em seguida, pediu carona a Temer numa viagem a São Paulo. Cobrado, respondeu: “É coisa do Eunício.” Em reunião para examinar a atitude do tucano, Temer ouviu: “É como diz o Sarney, o problema do Aécio é que ele acha que ainda é jovem.”

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