terça-feira, 25 de abril de 2017

Ministros vão reforçar votação

Os 15 ministros do governo Temer que têm mandato de deputado federal voltarão à Câmara para votar a favor da reforma da Previdência na próxima semana. Ontem, o PSB fechou questão contra as mudanças na aposentadoria e também contra a reforma trabalhista.

Ministros deixarão cargos para votar pela reforma da Previdência

Objetivo é facilitar aprovação na Câmara. PSB fecha questão contra

Letícia Fernandes, Eduardo Barretto, Maria Lima e Geralda Doca | O Globo

-BRASÍLIA- Preocupado com a ameaça de partidos da base aliada de fecharem questão contra a proposta de reforma da Previdência, o presidente Michel Temer determinou, ontem, a seus 15 ministros que têm mandato de deputado federal que retornem à Câmara na semana que vem para reforçar a votação da matéria na Casa. A ordem de Temer foi dada praticamente no mesmo momento em que o PSB, o sexto maior partido da base, fechou questão contra as reformas previdenciária e trabalhista.

— É um ato com simbolismo muito grande. É um reforço, como se fosse reforçar um time. A gente não vai ser prisioneiro de data — disse o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que será um dos ministros que deixarão o cargo para atuar na Câmara.

A votação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara ficou para o dia 2 de maio. Depois disso, a matéria será apreciada em plenário no dia 15 do mesmo mês.

PSB É OPOSIÇÃO, DIZ DIRIGENTE
No caso do PSB, não se sabe se a atitude do partido pode causar a demissão de um de seus filiados, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e outros dirigentes da legenda deixaram claro que, sem a chancela de cargos no ministério e votando contra as principais matérias do governo, o PSB não pertence à base de Michel Temer, e, com essas posições oficiais, é oposição.

— O partido nunca esteve no governo, esse governo não nos representa. Fica inviabilizada nossa permanência na base. Quem está lá sem a indicação do PSB é quem tem que se resolver. É prudente que o Palácio do Planalto comece a contabilizar votos a menos — disse o vice-presidente de relações governamentais do PSB, Beto Albuquerque.

— Se estamos contra as principais reformas consideradas essenciais, tire suas próprias conclusões — afirmou o presidente nacional do PSB.

Durante a reunião ministerial, Fernando Coelho disse ao presidente Michel Temer estar “constrangido” com a rebeldia da bancada do PSB. O ministro sinalizou, inclusive, com a possibilidade de mudar de partido e pediu ajuda aos demais ministros presentes para iniciar o movimento de troca de sigla. Ele admitiu ao presidente, segundo relatos, que ocupa um dos ministérios mais importantes da Esplanada e que precisava, por conta disso, “demonstrar fidelidade”.

TEMOR DE NOVAS DEBANDADAS
Além do PSB, que tem 35 parlamentares, outros dois partidos preocupam o governo: o PSD e o PRB. Eles têm, respectivamente, 37 e 24 deputados. Juntos, os três são considerados o fiel da balança nas votações da reforma trabalhista e da Previdência.

A ordem do Planalto aos ministros é atuar diretamente sobre essas bancadas para fazer um trabalho de convencimento, inclusive alterando horários de agenda com parlamentares para evitar que as audiências coincidam com as votações. Caso as resistências persistam, virá a punição e a retomada de cargos, disse um interlocutor do governo.

Na reunião de ontem, Temer também pediu que nenhum ministro viaje nesta semana, para reforçar as conversas com parlamentares. O próprio presidente, que viajaria na quinta-feira para Recife para visitar o porto de Suape, decidiu ficar em Brasília.

O ministério de Temer tem 15 deputados federais. São eles: Osmar Serraglio (Justiça), Raul Jungmann (Defesa), Mauricio Quintella (Transportes), Mendonça Filho (Educação), Roberto Freire (Cultura), Osmar Terra (Desenvolvimento Social), Ricardo Barros (Saúde), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Sarney Filho (Meio Ambiente), Leonardo Picciani (Esportes), Marx Beltrão (Turismo), Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Ronaldo Nogueira (Trabalho). Há ainda dois senadores: Blairo Maggi (Agricultura) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores).

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