sábado, 29 de abril de 2017

Ônibus são incendiados e seis ficam feridos no Rio

Grupo promove atos de violência. Confronto com a polícia impede comício na Cinelândia

- O Globo

Os protestos contra a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência no Rio, ontem, terminaram em confrontos violentos entre manifestantes e policiais. Até o início da noite, pelo menos oito ônibus foram queimados por manifestantes, que foram perseguidos pelos policiais nas ruas do Centro do Rio, deixando um rastro de barricadas de fogo em várias vias na região da Cinelândia. Os PMs usaram bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral para dispersar os manifestantes, o que acabou inviabilizando o comício que ocorreria como ato final do protesto. À noite, o governo estadual informou que havia seis feridos no Hospital Souza Aguiar, três homens e três mulheres.

Os protestos causaram problemas no trânsito logo cedo, com o fechamento da Ponte Rio-Niterói e de outras vias, e interrupção do fluxo de veículos para o aeroporto Santos Dumont, mas poucos registros de confusão.

O confronto entre policiais e manifestantes teve início pouco depois das 16h em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Um grupo pequeno promoveu atos de vandalismo, queimando tapumes e outros objetos. A Polícia Militar reagiu e começou a dispersar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, atingindo também quem protestava pacificamente.

ESTAÇÕES DO METRÔ FECHADAS
A ação policial seguiu pelas ruas do Centro em direção à Cinelândia, onde os manifestantes se reuniriam para um comício, que teria apresentações artísticas e reunia já mais de mil pessoas por volta das 17 horas. Até este momento, ainda não havia registro de ônibus incendiados nas proximidades. No caminho da Alerj para o comício, alguns manifestantes revidavam atirando pedras contra os policiais e chegaram a depredar lojas. As pessoas que não participavam dos protestos corriam pelas ruas com medo de serem atingidas por bombas ou pedras.

Ao chegar à Cinelândia, a PM manteve a tática de dispersar o protesto e lançou bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio contra as pessoas que aguardavam o início do comício. Com os olhos ardendo, centenas de pessoas se escondiam em garagens, nas poucas lojas que estavam abertas e entraram no metrô para ir embora, relatando que o gás lacrimogênio invadiu a plataforma da estação Cinelândia. Em reação, alguns manifestantes atiraram pedras nos policiais, e, logo depois, ônibus começaram as ser incendiados, e foram acesas fogueiras com grades, tapumes e latas de lixo.

Cerca de uma hora após esse confronto, aos poucos, manifestantes foram retornando à Cinelândia para fazer o comício, que ocorreu durante uns 40 minutos pacificamente até ser novamente interrompido por bombas lançadas pela PM, que perseguia um outro grupo que havia promovido vandalismo em outra parte do centro da cidade.

Dezenas de bombas foram lançadas. A estação Carioca do metrô fechou as portas, impedindo que muitos escapassem por ali. Pneus e outros objetos foram queimados por alguns manifestantes em avenidas como a Rio Branco e a Almirante Barroso, na fuga da polícia. O ato na Cinelândia não foi mais retomado pela falta de segurança.

OAB CONTRA AÇÃO DA PM
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, repudiou a violência da PM e a ação dos vândalos: “Nada justifica a investida, com bombas e cassetetes, contra uma multidão que protestava de modo pacífico. Se houve excessos por parte de alguns ativistas, a Polícia deveria tratar de contê-los na forma da lei. Mas o ataque com métodos de tocaia e a posterior perseguição por vários bairros a pessoas que tão só exerciam seu direito à manifestação representam grave atentado à Constituição”, disse por meio de nota.

A PM também se posicionou por nota e disse que “a corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade. Até o momento, há notícias de saques e depredação de lojas, estações do Metrô e do VLT, ônibus e carros apedrejados e incendiados”.

Com os protestos e os ônibus queimados, integrantes da Orquestra Petrobras Sinfônica ficaram ilhados dentro da Sala Cecília Meirelles, na Lapa. Os músicos tinham apresentação marcada para ontem.

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