quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sobrou para todos

Investigação sobre políticos e autoridades citados pela Odebrecht abre chance de passar a política a limpo

O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, autorizou inquéritos sobre quase cem políticos e autoridades delatados por executivos da Odebrecht, entre eles oito ministros do governo Temer, a cúpula do Congresso, 24 senadores, 37 deputados e três governadores. A maioria vai responder por corrupção e lavagem de dinheiro. Os casos sobre mais nove governadores, os ex-presidentes Lula, Dilma, Fernando Henrique e José Sarney e dezenas de outros citados foram encaminhados para o STJ ou instâncias inferiores da Justiça. Senador, Collor já responde no STF. Para analistas, investigação tão ampla de corrupção envolvendo políticos de tantos partidos pode ser chance de passar país a limpo.

A lista de Fachin 

Delações atingem quase todos os partidos

Relator da Lava-Jato autoriza abertura de inquérito contra oito ministros e toda a cúpula política do país

- O Globo

A maior delação da História do país levou o Supremo Tribunal Federal a autorizar a abertura de investigações contra oito ministros do governo de Michel Temer, 24 senadores, 37 deputados e três governadores e seus aliados. Os casos de outros nove titulares de estados, quatro ex-presidentes da República (um quinto, Fernando Collor, está no STF) e mais cerca de 200 políticos foram remetidos para outras instâncias da Justiça, que vão decidir sobre a continuidade das apurações de crimes relatados por 78 executivos da Odebrecht.

Embora tenha sido citado em dois casos, Temer não será alvo de inquérito, uma vez que a lei proíbe que o presidente seja investigado por fatos anteriores ao seu mandato. A decisão de autorizar as investigações, que tinham sido pedidas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi tomada pelo relator da Lava-Ja- to, Edson Fachin, no dia 4, mas veio a público ontem. A divulgação dos nomes da Lista de Fachin provocou pânico em Brasília e jogou incerteza sobre o futuro das reformas.

A decisão de Fachin atinge os principais políticos do governo, da sua base no Congresso e também da oposição. Haverá investigações contra o ministrochefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), contra os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), e contra o presidente do PSDB , senador Aécio Neves — o partido mais atingido é o PT, com 21 políticos. O caso do ex-presidente Lula, que já é réu em cinco ações, foi remetido à primeira instância.

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) também será investigado. Ele foi acusado de receber R$ 16 milhões, dos quais R$ 5 milhões no exterior, de propina nas obras da Olimpíada de 2016. A maioria dos políticos é acusada de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Apesar da turbulência — que deve aumentar com a divulgação dos vídeos dos delatores — a situação jurídica dos envolvidos não muda significativamente agora. As denúncias não devem ser feitas neste ano. A reação dos políticos citados seguiu o mesmo caminho: todos negam irregularidades.

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