quarta-feira, 24 de maio de 2017

Duque exibe foto ao lado de Lula

Ex-diretor da Petrobras, Renato Duque entregou à Justiça foto em que aparece abraçado ao já ex-presidente Lula. Segundo a defesa do delator, a imagem é de 2012, numa das três reuniões dele com Lula para discutir contratos da Petrobras e dinheiro para o PT.

Para reforçar denúncia, Duque entrega à Justiça foto com Lula

Ex-diretor afirma que encontro, em 2012, tratou de contratos da Petrobras

Cleide Carvalho | O Globo

-SÃO PAULO- A defesa do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque entregou à Justiça Federal de Curitiba uma foto em que ele aparece abraçado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo os advogados, a fotografia registra um encontro de 2012, que seria um dos três encontros que teve com Lula para tratar de assuntos referentes a contratos da Petrobras e arrecadação de dinheiro para o PT.

Um outro encontro, ainda de acordo com os advogados, foi o que ocorreu no hangar da TAM em Congonhas, quando, segundo Duque, Lula teria perguntado se ele mantinha contas na Suíça. Para comprovar, Duque informou que a reunião ocorreu no dia 2 de junho de 2014 e que viajou do Rio de Janeiro para São Paulo no voo JJ3944 -CGH-SDU e retornou no voo SDU-CGH.

O texto da petição informa que os encontros com Lula foram registrados em fotografia, mas não informa sobre o terceiro, que teria ocorrido em 2013.

A petição informa ainda que Duque renuncia a direitos das contas Satiras e Drenos, no Banco Cramer, na Suíça, e Pamofre e Milzart, no Banco Julius Baer, em Mônaco. O dinheiro já foi bloqueado pela Lava-Jato. Moro já condenou Duque a 53 anos de prisão por crimes relacionados à Petrobras, por corrupção e lavagem de dinheiro, em duas ações penais.

Segundo o Ministério Público Federal, Duque movimentou 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) por contas na Suíça, Hong Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá e Portugal. A movimentação chamou atenção quando Duque passou a transferir 20 milhões de euros da Suíça para Mônaco.

Documentos enviados à força-tarefa mostram que, entre julho e agosto de 2014, o total de 1,3 milhão de euros — representado por 13 títulos de valores mobiliários — foi transferido para contas abertas em nomes das offshores Milzart Overseas Holdings e Pamore Assets Inc, no Banco Julius Baer.

Antes disso, em maio de 2014, já haviam sido feitas outras 13 transferências de títulos que totalizaram 4,1 milhões de euros. Além de Suíça e Hong Kong, Duque transferiu recursos das Bahamas, dos Estados Unidos, do Panamá e de Portugal para as contas de Mônaco entre 2009 e 2014.

PEDIDO FEITO POR EX-PRESIDENTE
Ao juiz Sergio Moro, Duque disse que Lula, durante a reunião no hangar, teria afirmado que a então presidente Dilma Rousseff teria recebido a informação de que um ex-diretor da Petrobras recebeu dinheiro numa conta na Suíça, a SBM, informação negada pela defesa de Dilma.

— Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele (Lula) virou para mim e fala assim: ‘olha, e das sondas tem alguma coisa?’ E tinha né, eu falei não, também não tem.”

Ao que Duque atribuiu ao ex-presidente a seguinte frase. ‘Olha, presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa,não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome entendeu?’

— Eu entendi, mas o que eu ia fazer? Não tinha mais o que fazer. Aí ele falou que ia conversar com a Dilma, que ela estava preocupada com esse assunto e queria tranquilizá-la.”

“Nessas três vezes ficou claro, muito claro pra mim, que ele tinha pleno conhecimento de tudo, tinha, detinha o comando.”

Na ocasião, o Instituto Lula disse que os delatores estavam fabricando depoimentos mentirosos.

“O depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque é mais uma tentativa de fabricar acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus condenados, em troca de redução de pena”, diz o instituto, continuando:

“Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos”.

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