sexta-feira, 12 de maio de 2017

Petista se contradiz sobre Vaccari e Duque

Lula deu versões diferentes para a relação entre os dois

A maior contradição do ex-presidente no depoimento de anteontem foi sobre seu encontro com Renato Duque. Lula disse ao juiz Moro que tinha pedido a Vaccari, ex-tesoureiro do PT, que levasse Duque para uma reunião. Momentos antes, porém, ele tinha negado saber que Vaccari e Duque tinham relação à época dos fatos investigados no processo. Lula foi interpelado por Moro sobre a contradição.

Lula se contradiz sobre relação entre Vaccari e Renato Duque

Tesoureiro intermediou reunião de petista com ex-diretor da Petrobras

Mariana Sanches, Cleide Carvalho | O Globo

-SÃO PAULO- Ao longo das cinco horas de depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Lula teve alguns momentos de contradição ou confusão. Uma dessas situações ocorreu quando o petista relatou um encontro que teve com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, em Congonhas. Segundo Lula, a reunião havia sido arranjada por meio do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O ex-presidente contou ter perguntado a Vaccari se ele poderia levar Duque para uma conversa. Pouco antes, Lula havia dito ao magistrado que desconhecia qualquer relação entre Vaccari e Duque à época.


— Eu sei que tinha porque, na denúncia, aparece que eles tinham — disse Lula.

Na sequência, porém, ele afirmou que Vaccari o ajudou a contatar Duque:

— Pedi para o Vaccari, porque eu não tinha amizade com o Duque, trazer o Duque para conversar.

Interpelado pelo magistrado se sabia ou não da relação entre o ex-tesoureiro e o ex-diretor da Petrobras, Lula afirmou:

— O Vaccari tinha mais relação de amizade com ele do que eu, que não tinha nenhuma. Moro, então, perguntou: — O senhor tinha conhecimento da relação de amizade entre os dois?

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, argumentou que o juiz estava se referindo a dois momentos diferentes, embora o ex-presidente não soubesse precisar quando encontrou com Duque. Lula, então, pediu a palavra:

— Não sei se era uma relação de amizade. Liguei pro Vaccari e falei “Vaccari, você tem como trazer o Renato Duque aqui?”. Ele falou “tenho”, e levou o Duque lá. Foi isso.

Moro também pediu para Lula esclarecer por que recorreu a Vaccari.

— Eu pedi pro Vaccari se ele tinha como trazer (o Duque), ele disse que tinha. Isso não implica se ele tinha relação, ele podia conhecer. Relação de amizade é uma coisa, e relação é outra. Eu posso sair daqui dizendo que conheci o doutor Moro, que tenho relação com ele. Na verdade, não tenho — afirmou Lula, que completou:

— Eu sabia que ele tinha relação, não sabia que tinha relação de amizade, e quando eu disse para ele chamar o Duque é porque ele podia ter o telefone do Duque, que eu não tinha. O juiz questionou: — Que tipo de relação o senhor tinha conhecimento que eles tinham?

O ex-presidente Lula perdeu a paciência:

— Ah, não sei, doutor. Não sei. O Vaccari está preso, pode perguntar para o Vaccari. O Duque está preso, pode perguntar para o Duque.

Moro procurou tranquilizá-lo, e Lula encerrou o assunto:

— Vaccari conhecia o Duque, que eu não conhecia. Que tipo de relação ele tinha, eu não sei.

DEFESA: NOVAS TESTEMUNHAS
A defesa de Lula pediu a Moro que sejam ouvidas mais testemunhas no processo em que o ex-presidente é acusado de ser o real proprietário de um tríplex no Guarujá e de ter recebido benefício da empreiteira OAS.

Os advogados pediram ainda que seja feita uma prova pericial contábil e financeira para que se possa verificar a quem o imóvel e suas benfeitorias são atribuídos patrimonialmente, assim como quem são os beneficiários das operações.

Os advogados querem provar que, de 2009 até hoje, o tríplex sempre esteve em nome da OAS, e que a empreiteira o tratou como garantia em seu plano de recuperação judicial.

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