sábado, 20 de maio de 2017

Quem fica | Julianna Sofia

- Folha de S. Paulo

Atracado ao cargo, o presidente Michel Temer mostra-se mais aguerrido do que se poderia imaginar na defesa de seu mandato. Há motivos óbvios, vale mencionar a proteção do foro especial.

O peemedebista diz que fica, e a crise faz a economia sangrar. Aliados próximos dizem que essa gestão não tem mais como levar adiante a agenda de reformas no Congresso. O Palácio do Planalto vinha contando diariamente os votos para a nova Previdência sem a convicção de ter atingido o número necessário até então. Agora, não há o que contar: o relator da proposta diz que inexiste espaço para avanço legislativo.

A máquina pública, já em ritmo lento por causa dos solavancos provocados a cada delação envolvendo ministros e parlamentares, agora para. Dela dependem importantes iniciativas para viabilizar concessões e (parcos) investimentos públicos.

A volatilidade nos preços dos ativos financeiros (embora mais contida na sexta) encarece o custo das empresas, e a perspectiva de crédito para negócios e famílias tende a piorar com a estridência das incertezas. A chance de a atividade seguir para o terceiro ano de recessão é concreta.

Na quinta-feira apocalíptica, Henrique Meirelles (Fazenda) tentou serenar investidores. Houve a sinalização de permanecer na condução da política econômica caso o presidente seja obrigado a deixar o Jaburu. Políticos da confiança de Temer desenham cenários sucessórios diversos, com a figura de Meirelles sempre central na economia.

O ministro também é queridinho do mercado e dos donos do PIB para o Planalto no caso de eleição indireta. Há quem ache que ele teria estatura política suficiente para uma candidatura se o pleito se der com a escolha da população.

Temer é investigado por obstrução de Justiça, corrupção e organização criminosa. Sem uma solução rápida, a economia pode colapsar. Independentemente do desfecho, parece estar claro quem fica.

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