segunda-feira, 26 de junho de 2017

Em oposição a Temer, PSB fará trocas na CCJ

Por Marcelo Ribeiro | Valor Econômico

BRASÍLIA - O PSB continua enfrentando dificuldades para alcançar a unidade partidária em votações na Câmara dos Deputados e no Senado, mesmo depois de desembarcar do governo do presidente Michel Temer. Diante das divergências internas, o partido mudará dois integrantes da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara com o objetivo de garantir que todos os seus parlamentares que fazem parte do colegiado votem pela admissibilidade de uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer.

Segundo apurou o Valor, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já deu o aval para que, assim que a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, for encaminhada à Câmara pelo Supremo Tribunal Federal, a legenda substitua os deputados Fabio Garcia (MT) e Danilo Forte (CE) na comissão. Mesmo pressionados, ambos já teriam sinalizado que votariam para barrar uma eventual denúncia contra o presidente na CCJ.


Caberia à líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), determinar as substituições. Antes de o partido oficializar o desembarque do governo, a parlamentar era contrária à saída da legenda da base aliada de Temer. Ainda assim, a líder já teria sinalizado que não será resistente à orientação de trocar os membros da CCJ.

Poucos dias depois de o partido ter anunciado o desembarque da base governista, em maio, Siqueira teria, de acordo com interlocutores da cúpula da legenda, colocado os dissidentes contra a parede. O presidente do partido teria pedido que eles se alinhassem à nova posição do partido ou apresentassem outra solução para permanecer no partido. Em resposta ao pedido, os parlamentares reforçaram que permaneceriam votando a favor do governo Temer. Em nenhum momento, porém, eles indicaram que estariam inclinados a deixar o partido.

Além dos parlamentares, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho (PE), não seguiu a orientação da legenda e permaneceu à frente da pasta. A desobediência está sendo analisada em um processo na comissão de ética da legenda por indisciplina partidária que pode desembocar na expulsão do ministro e dos deputados do partido.

Na semana passada, em nova ofensiva contra o governo, o PSB pediu, em programa partidário, a renúncia de Temer e defendeu a realização de eleições diretas em caso de vacância da Presidência da República. A legenda também reforçou a sua posição contrária às reformas trabalhista e previdenciária. Na avaliação do PSB, Temer deve renunciar por ter perdido "as condições éticas de liderar o país".

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