terça-feira, 13 de junho de 2017

PSDB decide ficar no governo e dá fôlego a Temer

PSDB decide permanecer no governo de Michel Temer

Talita Fernandes, Bruno Boghossian, Angela Boldrini, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Dividido, o PSDB decidiu em reunião realizada nesta segunda-feira (12), em Brasília, manter o apoio ao presidente Michel Temer, mas deixou aberta uma porta para sair do governo em caso de deterioração da crise política.

Foi predominante a visão daqueles que querem preservar uma aliança com o PMDB diante da proximidade das eleições presidenciais de 2018, caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital paulista, João Doria.

Ao fim do encontro, o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu ter ficado vencido.

"Esse não é o meu governo, não é o governo dos meus sonhos. Estou aí por causa das circunstâncias do país", disse.

"Minha posição foi vencida, foi uma opinião que não teve consenso da maioria, não teve maturidade do partido para tomar essa decisão", afirmou Tasso, que defendeu o desembarque.

Na semana passada ele havia defendido que o partido não precisava ter cargos no governo para defender a agenda de reformas, principal bandeira política dos tucanos para a disputa no ano que vem.

O PSDB decidiu manter os quatro ministérios que possui hoje na Esplanada: Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy), Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Cidades (Bruno Araújo).

Nos bastidores, tucanos reconhecem que novos fatos negativos contra Temer surgirão e que será necessário rever a posição de apoio ao governo. O partido decidiu não se movimentar agora para evitar uma ação isolada, que enfraqueceria a sigla para as eleições de 2018.

Além disso, ainda poderia ficar prejudicada a defesa política de Aécio Neves (MG), alvo de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Pesa nesse cenário o fato de outros quadros importantes da legenda serem alvos da Operação Lava Jato, caso do senador José Serra, de Alckmin e de Nunes.

De agora em diante, embora aliados, a relação do PSDB com o PMDB deve ser de "desconfiança". O partido estuda, por exemplo, recorrer da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que absolveu a chapa Dilma/Temer da acusação de abuso de poder econômico e político para se eleger em 2014.

Em sua fala, Tasso reconheceu que os candidatos se elegeram por meio de "corrupção". Questionado sobre apoiar um governo que ele mesmo reconhece ter sido eleito com dinheiro ilícito, o tucano concorda: "com certeza existe uma incoerência que a história nos colocou", disse.

DENÚNCIA
Uma eventual denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer é vista como um novo marco para os tucanos sobre o apoio ao PMDB.

O líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), indicou que deve orientar a bancada para aceitar eventual denúncia contra o presidente. "O PSDB vai colaborar para que esses fatos sejam elucidados para toda a população brasileira, essa é uma obrigação nossa", disse.

Doria, um dos principais interessados em manter aliança com o PMDB para disputar as eleições, admite que a decisão tomada nesta segunda (12) deve ser reavaliada ao longo do governo.

Alckmin e Aécio lideraram as articulações pela manutenção do apoio ao governo e os principais líderes e dirigentes da sigla defenderam a manutenção do apoio a Temer em nome da aprovação da agenda de reformas.

Governadores, parlamentares e ministros tucanos atuaram para aplacar a cobrança de integrantes da sigla que pressionavam pelo rompimento e pela entrega dos cargos ocupados pelo PSDB.

Durante o encontro, Alckmin afirmou que a legenda deveria permanecer no governo até a conclusão da pauta de reformas de Temer –trabalhista, previdenciária e política.

Para o paulista, a manutenção do apoio deveria estar associada à urgência dessa agenda.

NOVAS ELEIÇÕES
No encontro desta segunda, o partido decidiu convocar reuniões para eleger um novo presidente. Após ser alvo de operação em maio, Aécio se licenciou temporariamente do cargo de dirigente. As datas ainda serão definidas em um novo encontro, previsto para a próxima semana.

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