quarta-feira, 14 de junho de 2017

Temer e o relógio | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Michel Temer tem pressa. Após recuperar um pouco do fôlego com a absolvição na Justiça Eleitoral, o presidente se movimenta para que a Câmara arquive ainda antes do recesso de julho a denúncia que o Ministério Público Federal deverá apresentar contra ele.

Acontece que a prorrogação do inquérito pelo ministro Edson Fachin levará a um atraso na apresentação da peça pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Antes esperada para a semana passada ou para esta, a denúncia agora deverá ser endereçada à Câmara apenas no final da semana que vem ou na segunda-feira seguinte.

Restará, portanto, pouco tempo entre a acusação contra o presidente e o fim do semestre legislativo. Aliados do presidente têm dúvida se haverá segurança no apoio de uma base aliada cada vez mais gelatinosa para que Temer arrisque a sorte no plenário. Assim, a aposta mais ouvida na Câmara é que, assim como a reforma da Previdência, a análise do pedido para processar o presidente deve ficar para o segundo semestre.

Além do Planalto, também a equipe econômica tem calafrios diante deste cenário. Henrique Meirelles, que virou uma espécie de primeiro-ministro de um presidente decorativo para o mercado, tem procurado manter a confiança do setor produtivo e dos investidores com a promessa de que a turbulência política será menor na segunda metade do ano. Só isso explica a indiferença dos agentes econômicos com o destino do presidente.

Caso se cristalize a sensação de que a permanência ou não de Temer passará a ser um fator de risco para as reformas, essa indiferença pode se transmutar em retirada do apoio.

PARTE 2
PGR ainda analisa se pede novo inquérito contra Temer
O grampo ainda desconhecido que a defesa de Temer diz existir é aquele em que o presidente e Rodrigo Rocha Loures discutem o decreto dos portos, de interesse da empresa Rodrimar. A equipe de Janot analisa se há elementos para novo inquérito.

LOCAUTE
Bancada do PSDB pode se declarar independente
A bancada do PSDB da Câmara discute lançar um manifesto contra a decisão da Executiva do partido e se declarando independente do governo. Para isso, os cabeças pretas querem que Bruno Araújo, que é deputado, deixe o Ministério das Cidades.

ARRAIÁ
Decisão de Moro permite ida de Dirceu a festa
A presença de José Dirceu na festa junina da filha no último fim de semana suscitou debate nas redes sociais sobre possível descumprimento da decisão que o libertou. O juiz Sérgio Moro não decretou prisão domiciliar do petista - por considerar que a gravidade dos crimes não justificaria a substituição da pena. Portanto, ele só não pode deixar Brasília nem se encontrar com investigados nos mesmos processos nos quais foi condenado.

SUMÁRIO
Prisão da irmã dita rito acelerado de caso de Aécio
A defesa de Aécio Neves criticou a pressa da Procuradoria-Geral da República em apresentar a denúncia contra o senador, mas é o fato de haver denunciados presos - como Andréa, irmã do tucano - que dita o rito. Será uma das primeiras vezes em que o STF terá de tocar um processo com réus presos, caso Andrea e os demais não tenham a prisão preventiva revogada. Com isso, Aécio terá seu caso julgado mais rápido que outros parlamentares.

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