quarta-feira, 26 de julho de 2017

O pós-Temer | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

O encontro do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é simbólico não pela confirmação de uma aliança PSDB-DEM, mas pela demonstração de que os dois partidos já articulam o pós-Temer, que começa imediatamente, independentemente de o presidente permanecer ou não no posto. Como disse no domingo, o presidente consegue, dia a dia, se tornar invisível.

Maia e Alckmin discutiram, sem ninguém do governo, a necessidade de avançar com uma reforma da Previdência possível, e que tucanos e democratas empunhem esta bandeira. Para isso, dizem aliados de ambos, pouco importa se o presidente ficará no cargo. A negociação se dará sobretudo com Henrique Meirelles (Fazenda) como interlocutor.

Na impossibilidade de o PSDB tomar uma posição definitiva sobre seu dilema pueril de ficar com o governo ou romper, Alckmin vai se afastar dessa discussão.

Maia, por sua vez, empenhado em dissipar a imagem de conspirador, quer ser reconhecido pelo mercado como avalista de que a pauta econômica não ficará refém da política. Avalia, segundo seus aliados, que isso lhe dará legitimidade para assumir caso Temer não aguente o tranco de delações como a de Eduardo Cunha ou de Lúcio Funaro e caia mais adiante.

MAIS CARO
DEM evita selar apoio a Alckmin sem valorizar passe

Caciques do DEM reagiram à versão de que o jantar de segunda-feira selou um eventual apoio a Alckmin no ano que vem. Cientes de que ainda podem ter o presidente da República caso Temer seja afastado, querem deixar essa decisão para o ano que vem. Além disso, vão tentar inflar ao máximo a bola de suas estrelas mais vistosas, como o senador Ronaldo Caiado e o prefeito ACM Neto, para negociar apoio dos tucanos em praças importantes.

BRAÇO DE FERRO
Sucessão paulista também entra no pacote para 2018

Para costurar uma aliança forte caso seja o candidato a presidente do PSDB, Alckmin terá antes de apagar incêndios em sua própria base. O DEM resolveu medir forças com o projeto estadual do vice-governador Márcio França, e ameaça lançar candidato à sucessão do tucano. O único nome de consenso, dizem os democratas, seria João Doria Jr. Pessoas próximas ao prefeito, no entanto, garantem que ele só deixaria a Prefeitura para disputar a Presidência.

TEMER X JANOT
Governo vê procurador-geral fraco e quer ‘liquidar' denúncia

O governo vai tentar usar o máximo da força que ainda conseguir arregimentar na Câmara para liquidar a denúncia contra Temer na semana que vem mesmo. O empenho é para assegurar o quórum de 342 votos. O Planalto avalia que Rodrigo Janot tem demonstrado hesitação em relação às próximas denúncias, o que será usado no discurso de que o procurador-geral espera a delação de Eduardo Cunha para conseguir alguma prova contra o presidente, pois não teria elementos para denunciá-lo por obstrução da Justiça nem organização criminosa.

NÚMEROS
FGV vai atualizar estudo sobre eficiência do STF

Depois da polêmica suscitada pelo estudo que avaliou a eficiência do Supremo Tribunal Federal em números, alvo de crítica de vários ministros, a Fundação Getúlio Vargas vai refazer a avaliação. A instituição pediu a colaboração do CNJ para evitar novas reações polêmicas, mas obteve resposta negativa da presidente do órgão e do Supremo, Cármen Lúcia.

ELEIÇÕES 1
Reforma política pode rever voto impresso

Um dos principais críticos da lei que criou a obrigatoriedade de voto impresso a partir das eleições de 2018, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, articula para que a comissão que estuda a reforma política reveja ou adie a entrada da medida em vigor.

ELEIÇÕES 2
Ministros reconhecem culpa em desconfiança do eleitor

Ministros do TSE reconhecem parcela de culpa da Justiça Eleitoral na desconfiança com o processo eletrônico. Acham que a decisão de atrasar a divulgação do resultado da eleição de 2014 graças ao horário de verão foi o estopim para a perda de credibilidade do sistema.

ELEIÇÕES 3
TSE negocia parceria para divulgar sistema brasileiro

O TSE negocia parceria com o International Idea, instituto com sede na Suécia que dá suporte à democracia eleitoral no mundo, para que estude o sistema brasileiro e o recomende a outros países, como forma de combater a ideia de que ele é sujeito a fraudes.

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