sábado, 29 de julho de 2017

Segurança do Rio é chave para todo o país – Editorial | O Globo

Nos últimos meses, a insegurança tomou conta das ruas e transformou a população fluminense em refém da criminalidade. Com uma média diária de 14 assassinatos, 461 roubos de rua (a transeunte, de celular e em coletivos somados), 153 roubos de veículos, 41 de carga e 22 a estabelecimentos comerciais, o Estado do Rio, que já vive grave crise financeira, tornou-se um desafio para as autoridades de segurança pública. A situação de descontrole traduzida pelos números fica evidente também nas histórias chocantes que se sucedem no dia a dia. O bebê atingido por uma bala perdida na barriga da mãe, a grávida que perdeu o filho ao ser atropelada por assaltantes, crianças alvejadas dentro de casa ou da escola são capítulos de um roteiro de horror que parece interminável. Estratégia anunciada pelo governo federal representa esperança de controlar a violência e devolver ao estado e à cidade a sensação dos primeiros anos das UPPs


Nesse contexto, o Plano de Segurança para o Rio, anunciado ontem pelo governo federal, representa a esperança de controlar a violência e devolver ao estado a sensação de segurança conquistada após a implantação das primeiras UPPs, quando o projeto de policiamento de proximidade não havia sido ainda desmantelado. Programa, aliás, que precisa ser urgentemente recuperado.

Pelo que informaram ontem os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, o governo federal vai disponibilizar cerca de 10 mil homens, sendo 8,5 mil das Forças Armadas, para apoiar as polícias do Rio. Os ministros enfatizaram que, desta vez, diferentemente do que ocorreu na Olimpíada e em outros grandes eventos, as tropas federais não farão patrulhamento ostensivo. Embora contingentes das Forças Armadas tenham sido usados ontem, de surpresa, durante operações em pontos-chave do Rio, os militares serão empregados essencialmente nos trabalhos de inteligência.

Ficou claro também que todas as ações serão integradas às forças estaduais, de forma a não desperdiçar recursos. E é assim que deve ser. Afinal, a experiência foi realizada com sucesso durante a Olimpíada de 2016, quando Forças Armadas, Polícia Federal e as polícias Militar e Civil integravam uma espécie de gabinete de crise. O plano prevê ainda ações nas fronteiras para coibir a entrada de drogas e armas.

Os ministros esclareceram que o prazo de 31 de dezembro de 2017 para o término da operação, como consta no decreto, é apenas uma questão burocrática, por motivos fiscais, e que o plano vigorará até 31 de dezembro de 2018. É bom que seja assim. Mas as ações terão de prosseguir em 2019, independentemente da mudança de governo, já que o combate ao crime organizado requer ações de longo prazo.

O importante é que, agora, estado e União farão ações integradas para combater o tráfico de drogas e seus efeitos nefastos. Estabilizar a segurança no Rio é fundamental não só para a região, mas para todo o país, pelo peso do estado, pela importância da cidade e porque servirá de modelo para enfrentar esse flagelo que é a criminalidade.

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