quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Delações terão novo recall | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Os colaboradores serão chamados quando a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, assumir

Além de uma delação premiada da Lava Jato que deverá ser anulada, como antecipou Rodrigo Janot em entrevista nesta semana, outras colaborações, principalmente as que citam políticos, passarão por recall quando a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, assumir.

Não será como o recall de empreiteiras, que tiveram a chance de falar de fatos que haviam omitido. Os colaboradores serão chamados para esclarecer inconsistências, apresentar provas de pontos específicos e responder a contradições entre seus relatos e os de outros delatores. Farão parte desse rol Sérgio Machado, Delcídio Amaral e alguns delatores ligados à Odebrecht.

Não é, portanto, a delação do ex-líder do governo Dilma Rousseff aquela que Janot decidiu anular. Trata-se de um delator menos “visado”, segundo investigadores, e que mentiu deliberadamente em depoimentos. O nome é mantido em segredo porque a anulação ensejará outras medidas, como buscas e prisões.

As delações de Machado e Delcídio têm o mesmo tipo de problemas: não oferecem provas de conversas, fatos pretéritos e de como políticos do PT e do PMDB teriam obstruído a Justiça. A do ex-senador petista, porém, foi corroborada por assessores e colaboradores da Odebrecht, reconhecem investigadores, o que deve lhe dar uma condição melhor de manter benefícios em relação ao ex-presidente da Transpetro.

Simples contradições não devem anular acordos. Procuradores e ministros do STF dizem que, muitas vezes, um delator tem apenas a visão parcial de um crime. Cancelamento virá apenas quando ficar comprovado que houve mentira ou omissão de fatos para proteger ou incriminar pessoas.

VAI OU RACHA?
Palocci apresenta novos anexos; Cunha empaca
No rol das delações “encruadas”, a de Antonio Palocci deve andar: o ex-ministro apresentou novos anexos, depois que os anteriores foram objeto de contestações pela força-tarefa de Curitiba. Na “corrida” entre Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, o doleiro tem mais chance de selar acordo que o ex-presidente da Câmara.

OUTRO ALVO
Antes de Temer, Janot vai soltar ‘flecha’ no PP
Rodrigo Janot deixará de lado, por ora, a “obsessão” por Michel Temer apontada por sua defesa na petição em que pede sua suspeição: o procurador-geral apresentará a denúncia contra os investigados no “quadrilhão” do PP antes de lançar a próxima flecha contra o presidente.

ARQUIVO
Fachin deve indeferir suspeição do procurador
A suspeição de Janot, aliás, deve ser indeferida pelo relator da Lava Jato, Edson Fachin. O mesmo destino deverá ter o pedido de impedimento que Janot apresentou contra Gilmar Mendes no caso Eike Batista, que está com a presidente do Supremo, Cármen Lúcia.

RUMO A 2018
Políticos especulam sobre chapa Meirelles-Maia
A aproximação entre Rodrigo Maia e Henrique Meirelles leva políticos do DEM e do PSD a cogitarem uma chapa com o ministro da Fazenda para a Presidência e o presidente da Câmara na vice. A falta de coesão no PSDB abriu caminho para as conversas.

RUMO A 2018
Aécio retoma articulação na sucessão mineira
Além de manter as rédeas do PSDB nacional mesmo afastado, Aécio Neves articula com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, a sucessão em Minas. Os dois devem lançar candidato conjunto: Fuad Noman, secretário da Fazenda da capital.

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