terça-feira, 31 de outubro de 2017

Ala sugere Alckmin na presidência do PSDB para resolver disputa interna

Igor Gielow / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Sob risco de entrar na disputa presidencial de 2018 rachado, o que pode ser fatal para suas pretensões, o PSDB estuda alternativas para unificar a sigla.

A mais recente, levantada por um grupo de membros da cúpula, é tentar convencer Geraldo Alckmin a ser o novo presidente do partido.

O governador de São Paulo é pré-candidato a presidente da República, e no momento está em posição de vantagem sobre o prefeito João Doria pela indicação.

Como o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), indicou que poderá disputar o comando com o governador Marconi Perillo (GO), alguns líderes buscam um terceiro nome.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sempre é lembrado, ainda que ele rejeite a hipótese, mas o nome de Alckmin surgiu por uma leitura algo óbvia: nem Tasso, nem Marconi poderiam negar apoio a seu nome.

O óbice é que Alckmin não quer a missão, preferindo dedicar-se à sua provável campanha —o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, deverá disputar prévias também sem chances, mas buscando incentivar o debate interno.

Marconi teoricamente é o nome mais alinhado a Alckmin, mas há o fator Tasso. Para os defensores da saída com o paulista, bastaria montar a Executiva de forma a agradar a todas as facções.

A crise no comando do PSDB vem desde maio, quando o senador Aécio Neves (MG) teve de se licenciar do cargo após ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista.

Tasso ocupou interinamente o cargo e aliou-se à ala jovem do partido, os chamados cabeças pretas.

Assumiu uma série de bandeiras que aumentaram a rixa entre alas do partido, como defender a saída do governo Temer e pedir a renúncia de Aécio da função da qual está licenciado.

Alguns grão-tucanos acompanham sua movimentação com desconfiança. Lembram de 2002, quando Tasso foi preterido na disputa interna pelo hoje senador José Serra. O cearense não ajudou a campanha do tucano, preferindo apoiar o antigo aliado Ciro Gomes, que quer disputar em 2018.

A reportagem não conseguiu falar com Tasso nesta segunda-feira (30).

O fantasma do racha tucano assombra a cúpula do partido. Em 2002, 2006 e 2010, quando perdeu para o PT, desavenças entre caciques travaram as campanhas.

Em 2014, uniu-se novamente sob Aécio, que por sinal usou o expediente de eleger-se presidente do partido um ano antes da campanha.

Isso conta contra a hipótese Alckmin na chefia tucana: ele ficaria poucos meses no cargo antes da campanha.

Com a máquina na mão, Aécio quase ganhou de Dilma Rousseff.

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