domingo, 22 de outubro de 2017

Jungmann: bandidos influenciam eleições

Ministro cita chefe de facção criminosa ao defender combate ao tráfico no Rio

Rafael Soares | O Globo

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou ontem que o combate ao tráfico no Rio é fundamental porque bandidos influenciam as eleições. Para defender seu argumento, ele citou uma declaração de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do Comando Vermelho (CV) preso na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em entrevista ao site Uol, VP afirmou que “o narcotráfico não acaba porque financia campanhas políticas”.

— É fundamental a criação de uma força-tarefa que envolva o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) para combater o tráfico no Rio. O Marcinho VP diz que o tráfico financia campanhas políticas. Isso corrobora tudo que a gente vem defendendo. É fundamental combatermos isso — afirmou o ministro, que participou, no Aterro do Flamengo, de um evento das Forças Armadas para entrega de diplomas aos militares que fizeram parte da missão de paz no Haiti.

O lançamento do livro “O direito penal do inimigo: Verdades e posições”, de Marcinho VP, na Mangueira, estava marcado para ontem. Na obra, o traficante critica as UPPs, chama o ex-governador do Rio Sérgio Cabral de traidor e afirma que a Operação Lava-Jato é “um sopro de esperança que varreu o país”. O livro foi construído com base na leitura de 200 cartas escritas pelo bandido dentro da cadeia — todas lidas pelo serviço de inteligência do presídio antes de serem encaminhadas ao jornalista Renato Homem, que também assina o livro. Ele fez cinco entrevistas com Marcinho VP, cada uma com três horas de duração, no parlatório da penitenciária de Mossoró.

SARGENTO DO EXÉRCITO PRESO
Durante o evento no Aterro, Jungmann afirmou ser um caso isolado a prisão do sargento do Exército Carlos Alberto de Almeida, de 46 anos, considerado o maior armeiro do tráfico de drogas do Rio. Almeida foi preso em flagrante na sextafeira, no momento em que fabricava peças de armas de fogo e fazia a montagem de fuzis que seriam entregues a chefes do tráfico de drogas de uma das principais facções criminosas do Rio (TCP), que atua em favelas como Vila Aliança, Coreia, Vila dos Pinheiros, Parada de Lucas, Serrinha, Dendê e em localidades da Baixada Fluminense.

— Obviamente, ele será punido. As Forças Armadas não toleram violência e crime. Ele foi identificado com o auxílio do Exército — disse o ministro.

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