sábado, 11 de novembro de 2017

Alckmin unificaria o PSDB, diz FH

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o nome para unir o PSDB é o do governador Geraldo Alckmin (SP). Caso a convergência em torno de Alckmin não ocorra, FH declarou voto no senador Tasso Jereissati, destituído por Aécio Neves, para a presidência do PSDB.

FH pede Alckmin na presidência do PSDB para tentar unir o partido

Sem essa possibilidade, ex-presidente diz que seu candidato é Tasso

Silvia Amorim / O Globo

-SÃO PAULO- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assuma a presidência nacional do PSDB. Em nota divulgada numa rede social, FH considerou Alckmin a alternativa mais viável para unir a legenda rumo à eleição presidencial de 2018. Nesse contexto, ele pede ao novo presidente interino do partido, Alberto Goldman, que permita que Alckmin ocupe “posição central” na legenda. A convenção nacional está marcada para 9 de dezembro.

“Acredito que o restabelecimento da coesão, com tolerância à variabilidade das opiniões internas, mas também com firmeza de propósitos, requer que o presidente designado do PSDB, Alberto Goldman, crie condições para que líderes experientes e respeitados, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumam posição central no partido”, escreveu FH.

O ex-presidente recebeu anteontem Alckmin no seu apartamento para avaliar os impactos da decisão do senador Aécio Neves de destituir o senador Tasso Jereissati da presidência interina. Há alguns dias aliados do governador têm defendido o nome dele como alternativa à disputa interna entre Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo, pela vaga de presidente nacional.

No texto, FH anunciou que, se a convergência em torno de Alckmin não acontecer, o candidato dele será Tasso. Nesta carta, o líder tucano consolida o distanciamento em relação a Aécio. Alckmin ainda resiste a acumular a tarefa de governar São Paulo, articular sua candidatura ao Planalto e dirigir o partido. Ontem à noite, no Rio, perguntado se é candidato à presidência do PSDB, Alckmin foi evasivo:


— Não há necessidade. O partido tem ótimos quadros. O que a gente precisa é fazer um processo de aproximações sucessivas, buscar a unidade.

Para tentar acalmar os ânimos, Fernando Henrique fez um apelo aos tucanos. “Diante do ocorrido ontem (anteontem), e do acirramento que causou nas tensões do PSDB, apelo ao bom senso e às responsabilidades nacionais dos líderes do partido para que busquem restabelecer a unidade”, diz a nota. Para ele, a pacificação é “requisito para enfrentar a próxima campanha eleitoral propondo as transformações pelas quais o país clama”.

Mais uma vez o ex-presidente fez um gesto ao eleitorado tucano, pedindo às lideranças partidárias que deixem de lado “querelas internas” e “apego a posições no partido ou no governo” e ouçam o “clamor das ruas”.

Destituído da presidência interina do PSDB, Tasso fez ontem afirmações duras na convenção do partido no Ceará, acusando Aécio de fisiologismo.

— Existe o PSDB nosso, que fez a grande revolução aqui no Ceará. Existe o PSDB do Mário Covas, do Fernando Henrique, que acabaram com a inflação e mudaram o Brasil. E existe o PSDB do momento, que ao longo dos anos perdeu o rumo. Agora vai separar o joio do trigo” — afirmou Tasso em entrevista.

O senador cearense acrescentou que Aécio faz o possível para impedir sua candidatura, apoiando seu adversário para não alterar a atual política.

— Evidentemente, ele (Aécio) não nos quer conduzindo esse processo. Ele está em outra linha, muito diferente da nossa, e está fazendo o possível para colocar aqueles que defendem a linha dele para deixar tudo como está — disse Tasso sem citar nominalmente o governador de Goiás, Marconi Perillo, que já se lançou à presidência do PSDB.

Colocado por Aécio na presidência interina do PSDB, Alberto Goldman criou uma comissão eleitoral para tentar pacificar a disputa pela presidência do partido em dezembro. A comissão é composta por ele; o secretário-geral, deputado Silvio Torres (SP); o diretor de gestão, João Almeida, e dois representantes dos candidatos.

Os aliados de Perillo reclamam que Tasso está fazendo um movimento para expurgar do partido o grupo adversário. Goldman criticou a postura de Tasso e pediu que ele contribua para a pacificação.

— O senador Tasso precisa se acalmar e espero que ele contribua para uma pacificação. O que existe de diferenças irreconciliáveis em relação à visão de país? Isso não é um programa de país, de visão política de país. Ele não está levando em conta os interesses do país, mas interesses internos e pessoais — disse Goldman.

O presidente interino marcou para segunda-feira a primeira reunião da comissão eleitoral, que irá procurar as convergências entre os grupos de Tasso e Perillo.

— Tasso tem um problema pessoal com Aécio e precisa resolver isso. O que estamos falando é de partido, de construir uma unidade para preservar a legenda. Foi o Aécio que colocou Tasso na presidência. Era tão amigo que Aécio considerou essa intimidade e confiança para indicálo para presidente interino. Até então, Aécio não era fisiológico, tanto é que aceitou a indicação. E de uma hora para outra Aécio virou o do outro PSDB, fisiológico? — questionou Goldman. (Colaboraram Maria Lima e Adriana Mendes)

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