segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Governo intensifica negociação com base

Sem a garantia dos 308 votos para aprovar a reforma da Previdência, o governo intensificou as negociações com a base. Ontem, Temer participou de dois encontros, e haverá outra reunião esta semana. Para convencer os 320 deputados governistas, poderão ser negociados cargos de segundo escalão ocupados pelo PSDB. O Planalto quer votar o texto nos dias 13 e 20.

Previdência: Temer busca apoio da base

Para convencer 320 deputados governistas, poderão ser negociados cargos de 2º escalão ocupados pelo PSDB

Leticia Fernandes, Geralda Doca e Renata Mariz / O Globo

-BRASÍLIA- Sem ter em mãos o mínimo de 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara ainda este ano, o presidente Michel Temer decidiu intensificar as negociações para conseguir o apoio dos 320 parlamentares que formam a sua base aliada na Câmara. Temer fez um apelo aos líderes e presidentes dos partidos governistas, ontem, em dois eventos: um almoço no Palácio da Alvorada e um jantar na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Ficou acertado que as legendas farão um trabalho de convencimento em suas bancadas durante a semana e que voltem a se reunir, entre quarta e quinta-feira, para marcar a data do primeiro turno da votação na Câmara. A expectativa do governo é que a matéria possa ser votada no dia 13 de dezembro (quarta-feira da semana que vem). O segundo turno de votação seria no dia 20. No esforço pra aprovar a Previdência, também serão negociados com aliados os cargos de segundo escalão ocupados hoje pelo PSDB.

Adotando um discurso otimista em relação à possibilidade de se votar a reforma da Previdência ainda este ano, o presidente da Câmara disse que o governo organizou a base e, agora, tem a expectativa de conseguir boa parte dos votos de partidos aliados.

— A gente sai da reunião com a expectativa muito grande de conseguir reunir votos desses partidos, que somam mais de 320 votos. Conseguimos organizar a base para construir a votação ao longo dessa semana — afirmou Rodrigo Maia, anfitrião do jantar do qual Temer participou.

— Há um compromisso de todos os partidos em trabalhar suas bancadas, alguns fechando questão, mas com a certeza de que todos vão trabalhar até quarta, quinta-feira para ter uma análise melhor de quantos votos a gente tem — disse Maia.

O presidente da Câmara disse que agora há uma "consciência" dos dirigentes de partidos da base aliada da "importância e urgência" de se votar a reforma da Previdência. Maia evitou falar em número de votos, mas disse que decidirá, após nova reunião da base, se vai pautar a votação.

— Não estou tratando de voto, estou tratando de expectativa. Espero que a gente tenha condições de votar a reforma esse ano — disse, acrescentando que a decisão sobre marcar uma data acontecerá no meio da semana.

O jantar na casa de Maia teve a presença de dez ministros, entre os quais Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e o tucano Antonio Imbassay. Também estiveram no evento seis presidentes de partidos (PP, DEM, PRB, PSC, PTB e PSDB), além do secretário da Previdência Social, Marcelo Caetano, e 14 parlamentares da base.

Segundo um interlocutor que participou do almoço e do jantar, um dado positivo é que o argumento que o governo vem usando de que é preciso acabar com os privilégios nas aposentadorias dos servidores públicos está dando certo. Essa impressão já começa a ser assimilada pela sociedade, disse essa fonte.

— O clima é de muita confiança em relação à Previdência. O governo está fazendo um esforço grande para aprovar (a reforma), e a avaliação é que a mudança na comunicação está trazendo resultados positivos, porque a rejeição está caindo — disse um dos participantes do almoço.

Um grupo de manifestantes contrários à reforma da Previdência se reuniu na entrada da Península dos Ministros, em Brasília, onde fica a residência oficial do presidente da Câmara, na qual era realizado o jantar. Os manifestantes entoavam gritos de “Fora, Temer” e seguravam cartazes com recados aos deputados que vão concorrer à reeleição em 2018, dizendo que, “se votar a reforma da Previdência não volta”. 

PROPAGANDA LIBERADA 
No início da noite, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região derrubou liminar da Justiça do Distrito Federal, que proibia o governo de ir adiante com a propaganda pela reforma da Previdência, que agora está liberada. Os autores do pedido foram entidades que representam servidores públicos.

Durante o almoço, Temer também discutiu com seus convidados o processo eleitoral de 2018. Segundo um interlocutor, foi feita uma avaliação política e a constatação de que os partidos aliados, especialmente os do centrão, devem continuar unidos, para que o presidente consiga consolidar a recuperação da economia e a estabilidade fiscal. Segundo fontes, não se falou no PSDB.

— É importante que essas forças continuem juntas. Isso é bom para aumentar o número de deputados no Congresso, fortalecer a base do governo no Parlamento e, mais do que isso, ganhar as eleições — disse Moreira Franco, ministro da Secretaria Geral da Previdência.

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