quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Poder em jogo/O Globo

Bola fora
Não estava combinado, mas Romero Jucá decidiu ser o protagonista do dia ao anunciar, em entrevista coletiva, o adiamento da reforma da Previdência para fevereiro, após o recesso parlamentar. À noite, com Michel Temer operado em São Paulo, acabou desautorizado. E o roteiro traçado na véspera por Rodrigo Maia será seguido. O relatório da reforma deverá ser lido hoje pelo deputado Artur Maia, abrindo a discussão em plenário, que será retomada ano que vem. O governo tem procurado passar a ideia de que há um vento a favor da reforma na sociedade, o que animaria deputados reticentes com a reação dos eleitores. Partidos aliados decidiram pelo voto nas mudanças, inclusive o PSDB. Ainda assim, a constatação é que faltam votos para aprovar a reforma eleita por Temer como a razão de seu governo.

Longe do ajuste
As medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso estão empacadas. Estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, mostra que essas medidas somam R$ 23, 3 bilhões e foram incluídas no Orçamento de 2018. Ainda aguardam a instalação de comissões especiais as medidas provisórias que tratam de tributação de fundos de investimento fechados, aumentam a contribuição previdenciária de servidores e adiam aumentos do funcionalismo. Dois projetos sobre impostos na folha de pagamento de diversos setores esperam parecer dos relatores. Apenas uma delas, a reforma da Previdência, está pronta para votação em plenário. Só faltam os votos.

Mutirão
A reforma da Previdência ficou para 2018, mas o governo corre para empenhar (compromisso de gastos) mais de mil emendas parlamentares até o dia 27 deste mês e garantir votos. Para cumprir as promessas, os ministérios da Cidade, da Saúde e da Integração pediram reforço de servidores de outras pastas para conseguir dar entrada dos processos no sistema a tempo.

Aposta na militância
José Dirceu faz campanha para atrair um grande público a Porto Alegre, em 24 de janeiro, quando Lula será julgado em segunda instância. Distribuiu mensagens cobrando ação dos petistas. “A hora é de ação, não de palavras, transformar a fúria e a revolta, a indignação e mesmo o ódio em energia para a luta e o combate”, diz. Dirceu prega que o PT mobilize os comitês e as ruas em defesa do ex-presidente para “ir às urnas e derrotar os inimigos da democracia, da soberania do povo trabalhador e do Brasil”.

Nova turma
O senador Tasso Jereissati vai presidir o Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, substituindo o ex-senador José Aníbal. Está montando um conselho com 23 pessoas, como a antropóloga Gilda Portugal Gouvea e o cientista político Sérgio Fausto, ambos muito ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Última cartada
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado acelerou a pauta, na manhã de ontem, para tentar aprovar o projeto que legaliza os jogos de azar. Com a sessão do Congresso já iniciada, porém, Eunício Oliveira determinou o encerramento imediato de todos os trabalhos em comissões da Câmara e do Senado. Mas a CCJ não o atendeu. Avisado, Eunício anunciou que anularia todos os atos praticados. A sessão foi encerrada, mas os interessados na legalização dos jogos vão tentar aprovar a medida no último encontro antes do recesso, quarta-feira.

Sem apagão
Estão cadastrados 53.424 MW para o leilão de geração de energia que a Aneel realizará na próxima quarta-feira. O número equivalente a um terço de toda a capacidade de geração do país. Do total, 21.560 MW (40,4%) serão oriundos de 23 usinas termelétricas a gás natural de grande porte. O setor elétrico teme que haja uma concentração de projetos nas mãos de poucas empresas, especialmente no momento em que a economia começa a melhorar, e que não haja capacidade para atender a nova demanda.

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