quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Rodrigo de la Cuadra Melo: A encruzilhada das redes sociais

As redes sociais são estruturas que relacionam e agrupam pessoas ou organizações de acordo com alguns critérios compartilhados. Os frutos das mídias sociais emergiram, definidos pelos professores da escola de marketing da ESCP Europe, Andreas M.Kaplan e Michael Haenlein, como "um grupo de aplicações baseadas na Internet que se desenvolvem nas bases ideológicas e tecnológicas da Web e que permitem a criação e troca de conteúdo gerado pelo usuário ". Em alguns anos, eles se tornaram um fenômeno global, sempre em constante expansão, permitindo amizades através de um vínculo social ou familiar que atravessa o mundo. Esta nova forma de interação social é uma revolução na forma como as pessoas se relacionam entre si.

Hoje vivemos em um mundo tomado por redes sociais. O relatório We Are Social 2017 indica que existem aproximadamente 2.789 milhões de usuários ativos de redes sociais, cerca de 37% da população global. A empresa Statista estima que, até 2020, 70% da população mundial terá acesso a uma rede social. Talvez esse fenômeno possa ser explicado pelo estilo de vida moderno, onde tudo é tão rápido e fugaz e as pessoas não usam muito tempo para se socializar fora do espaço da casa. As redes e as mídias sociais permitem a interação sem que seja necessário qualquer compromisso.

Em 2014, a estatística Statista fez uma investigação com 2.023 pessoas dos Estados Unidos, com a questão da pesquisa de quantos amigos eles têm nas redes sociais Facebook. Usando esses dados, obteve-se que uma pessoa tem, em média, 350 amigos na rede, sendo o grupo mais conectado jovens entre 18 e 24 anos, com uma média de 649 amigos.

Os dados apresentados indicam a formação de links sem muito compromisso e uma constante renovação dos contatos, principalmente entre esses jovens. No nosso diário, o diálogo real tornou-se inexistente e a formação de laços com pessoas que pensam o contrário é muito raro, é fácil evitar um choque de ideias, tendo em mente que você pode controlar as pessoas com quem você se relaciona com facilidade. Ou seja, todos em uma rede social pensam de forma semelhante, provêm do mesmo contorno social e não se relacionam com outros grupos que não as redes que criaram, produzindo uma sociedade ainda mais fragmentada e dividida em categorias. Essa pode ser a razão para muitos problemas hoje,

Como o filósofo e sociólogo recentemente desaparecido Zygmunt Bauman apontou, hoje em dia é muito mais fácil se relacionar com uma rede do que com uma comunidade, uma vez que se pode criar sua própria rede e controlá-la como quiser, adicionando ou excluindo as pessoas dela. O mesmo princípio não se aplica a uma comunidade, uma vez que não se pode criar, é necessário participar nela. Outra maneira de expressar essa ideia é: você pertence a uma comunidade e a rede pertence a você.

Podemos concluir que, apesar de uma maior dimensão dos links, que ultrapassam as fronteiras geográficas, as redes sociais não geram fortes amizades entre pessoas. Eles não usam suas mídias sociais para expandir seus círculos de amizade ou estabelecer relações mais específicas, mas para se fechar em zonas de conforto. Essas redes criadas são muito mais confortáveis e fáceis de viver, mas em comparação com os outros meios de interação, eles têm pouco valor. Eles ignoram uma das coisas que mais caracterizam o ser humano, as relações sociais, a interação face a face e a amizade.
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Rodrigo de la Cuadra Melo (21/12/2001) é estudante (chileno/brasileiro 

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