quarta-feira, 19 de julho de 2017

Opinião do dia – *Alberto Aggio

Vivemos um ambiente político angustiante, a despeito de parcos êxitos econômicos do governo. A expectativa de chegarmos a bom porto em 2018 esvai-se a cada dia, aproximando-nos de uma transição mitigada em suas principais tarefas, com Temer ou sem ele.

O pior que nos poderá acontecer é caminharmos para uma eleição falsa – provável, conforme muitos sinais –, que poderá mergulhar o País num poço de autoenganos. Reviver 1989 representará um retorno inconsequente e infeliz. É um momento em que o “pessimismo da razão” é essencial. Resta saber se haverá “otimismo da vontade” para enfrentar um desafio dessa monta.

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*Historiador, é professor titular da Unesp, “Caminhamos para uma eleição falsa?”, O Estado de S. Paulo, 18/7/2017

Os partidos se mexem | Merval Pereira

- O Globo

A disputa pela dissidência do PSB entre o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o Palácio do Planalto, com a interferência pessoal do presidente da República, Michel Temer, demonstra, por um lado, que o governo tem apoiadores até mesmo nos partidos de oposição, assim como tem opositores em partidos da base, como o PSDB.

Mostra também que a desconfiança entre Temer e seu presuntivo sucessor, o presidente da Câmara, está instalada, e nada garante que o jantar de ontem resolverá a questão. O PSB, presidido por Carlos Siqueira, estava em ação para retirar o poder político de seus dissidentes, que continuam dispostos a apoiar o presidente Temer.

Onde havia diretório provisório, houve intervenção da direção nacional, e negociações foram abertas com a Rede, de Marina Silva — que já foi a candidata do partido, na eleição de 2014, após a morte de Eduardo Campos, de quem era vice —, para a formação de um bloco de atuação na Câmara. Esse bloco permitiria ao PSB continuar atuando sem restrições, mesmo perdendo de 10 a 12 deputados, como se prevê.

O uso das reformas | Míriam Leitão

- O Globo

Nenhum presidente na situação de Michel Temer comanda um bom programa de reformas, por melhor que tenha sido o projeto original. Temer está refém do Congresso, que vai dizer se ele termina ou não o mandato, por isso cederá a qualquer grupo de interesse que fizer pressão. O que os defensores da reforma precisam decidir é se vale a pena lutar por qualquer projeto só para dizer que a agenda continua.

O Brasil precisa mudar seu sistema de aposentadorias pelos motivos já conhecidos, e que tratei aqui neste espaço inúmeras vezes. A grande questão é que tipo de frankenstein pode ser aprovado por um governo cujo presidente tem a fragilidade que hoje Temer tem.

Quando formulou a proposta, e estava ainda forte, o presidente Michel Temer cedeu logo no início ao retirar as Forças Armadas do projeto de revisão do sistema de aposentadorias e pensões. O grande argumento em favor da reforma era que ela seria universal e atingiria a todos. Depois dessa concessão, outras foram sendo feitas, desfigurando em parte o projeto original.

O roteiro de Alckmin para 2018 | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Focado em ser o candidato do PSDB à Presidência, governador age para ter comando do partido

Principal beneficiado, no PSDB, da queda em desgraça de Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se preocupa mais com a convenção que definirá o novo comando da sigla do que com o dilema hamletiano de ser ou não ser aliado ao governo Michel Temer.

Alckmin usa como trunfo o fato de ter sido o único grão-tucano a defender, desde a queda de Dilma Rousseff, que o partido apoiasse as reformas sem ocupar cargos na Esplanada. Portanto, não poderá ser cobrado por incoerência, tem dito a quem lhe pergunta.

Em recente encontro em São Paulo com representantes do empresariado e economistas, Alckmin se apresentou com a desenvoltura de quem acredita que voltou ao início da fila dos presidenciáveis tucanos. E fez a defesa da aprovação das reformas mesmo em caso de desembarque.

Panaceia parlamentarista | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Panaceia é uma deusa grega, filha de Asclépio e Epione, irmã de Higeia, neta de Apolo. Seu nome significa literalmente "remédio universal". É também a palavra pela qual os gregos designavam um suposto elixir que teria o dom de curar todos os males e prolongar a vida indefinidamente. Panaceia, como todos os deuses, não passa de um mito.

Sou parlamentarista, mas é preciso cuidado para não tratar o parlamentarismo como uma panaceia. A melhor evidência empírica sugere que as sociedades que conseguiram superar situações de corrupção política crônica e evoluir para arranjos institucionais mais transparentes e eficazes não o fizeram recorrendo a uma bala de prata, mas adotando várias medidas em diferentes campos mais ou menos ao mesmo tempo. É possível e até provável que o parlamentarismo faça parte de um blend de reformas que conviria ao Brasil, mas não dá para achar que basta trocar o regime para resolver tudo.

O golpe do parlamentarismo | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Os políticos que defendem a adoção do parlamentarismo querem dar um golpe para continuar no poder sem votos. É o que afirma o historiador Luiz Felipe de Alencastro, professor emérito da Universidade Paris-Sorbonne.

"É surpreendente que esta ideia volte sempre de modo oportunista, em momentos de crise e na véspera de eleições presidenciais", critica.

"Os brasileiros já rejeitaram o parlamentarismo em dois plebiscitos, em 1963 e 1993. Adotá-lo agora seria um golpe, uma forma de subtração da soberania popular", acrescenta Alencastro, que hoje leciona na Escola de Economia da FGV-SP.

Daiello fica | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Torquato tem projeto para ação forte em segurança

O ministro Torquato Jardim almoçou com Leandro Daiello, há uma semana, num encontro que durou duas horas e do qual saiu muito satisfeito. Não foi o primeiro nem o último dos últimos dias, mas foi certamente uma conversa em que ficaram definidas questões pendentes entre a Polícia Federal e o Ministério da Justiça desde que Torquato assumiu, em 30 de maio. Isso mesmo, o ministro tem menos de dois meses no cargo.

Um exemplo do resultado da conversa de que se pode ter notícia: Daiello não está mais de saída da direção geral da Polícia Federal.

Pelo menos por enquanto, nos próximos meses, ou até ano - e Torquato trabalha com a perspectiva de 18 meses de governo Temer -, Daiello fica, para conduzir a reforma da instituição que dirige, um dos mais atuantes órgãos do Executivo nos últimos três governos. Os primeiros passos têm sido dados em direção da reforma, ainda que timidamente para evitar inúteis sensações de perda, como foi a reestruturação da divisão que atua na Operação Lava-Jato.

O nacional populismo | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

A agenda do governo se esgota com as reformas da Previdência e tributária. E a sociedade brasileira não tem um projeto de futuro, caminha para o pleito de 2018 com os olhos no passado

A delação premiada dos acionistas e executivos do grupo JBS desnudou os males do nosso capitalismo de laços, prestigiado e ampliado durante os governos petistas por meio da estratégia dos “campeões nacionais” adotada pelo BNDES sob comando de Luciano Coutinho. Essa política lançou o país na maior recessão de nossa história, fracassou devido à redução de ritmo de crescimento da China e à crise mundial, que encerraram a grande onda de expansão da economia global. E também porque fracassou a tentativa de adensamento da cadeia produtiva nacional, em vez de sua transnacionalização, que serviu muito mais à formação de cartórios e à corrupção sistêmica do que à salvação da indústria nacional.

Essa é a base estrutural, digamos assim, do colapso do modelo de capitalismo de Estado adotado pelos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Apesar de ultrapassado pela chamada quarta revolução industrial, porém, o nacional desenvolvimentismo não morreu nos corações e mentes de uma parcela da população brasileira, que não associa esse fracasso ao impeachment de Dilma Rousseff. Vem daí o relativo sucesso da narrativa do golpe adotada por aqueles que não querem rever as ideias velhas.

A César o que é de César | Cristiano Romero

Valor Econômico

Crise mais grave da história tem autoria: Dilma Rousseff

No país de pouca memória, já tem gente dizendo que a recessão mais longa da história foi provocada pelo atual governo e sua agenda "neoliberal". Uma versão alternativa diz que, na verdade, a crise começou em 2015, quando Dilma Rousseff, ao iniciar o segundo mandato presidencial, foi "forçada" a nomear Joaquim Levy, um economista de corte liberal, para o comando do Ministério da Fazenda e, assim, dar uma guinada na política econômica.

As duas teses são pura mistificação e só grassam por aqui porque o debate no Brasil é paupérrimo e marcado pela desonestidade intelectual. É inacreditável que um cidadão que tenha vivido os últimos sete anos no país não conheça as verdadeiras causas da tragédia que vivemos. Nunca uma crise foi tão antecipada quanto esta.

Falsa reforma – Editorial | O Estado de S. Paulo

No momento em que o mundo político se encontra na berlinda, acossado por denúncias de corrupção, seria razoável esperar que os políticos se empenhassem mais do que nunca para demonstrar à opinião pública que ainda têm algum compromisso com o País, e não somente com seus próprios interesses. Contudo, quando se observa o que está sendo feito com a urgente e imprescindível reforma política, constata-se, infelizmente, que há parlamentares realmente indiferentes ao destino do País, preocupados que estão somente em legislar em proveito próprio ou de poderosos padrinhos.

Em um caso cuja desfaçatez dificilmente será superada, o deputado petista Vicente Cândido, relator da reforma política na Câmara, incluiu sorrateiramente em seu texto uma alteração no Código Eleitoral que, se aprovada, impedirá a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição. O dispositivo que o parlamentar pretende modificar é o parágrafo 1.º do artigo 236, segundo o qual nenhum candidato poderá ser preso desde 15 dias antes da eleição até 48 horas depois do pleito, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável. Trata-se de uma forma de evitar que candidatos sejam alijados da disputa às vésperas da votação em razão da decretação indevida de prisão provisória, baseada em falsa acusação.

Siga o dinheiro – Editorial | Folha de S. Paulo

A experiência da administração pública demonstra à farta os riscos de estabelecer, em lei, uma fonte de verbas reservada a determinada atividade. Em torno de ambas prosperam, no mais das vezes, corporações, grupos de interesse e forças políticas dedicadas à perpetuação do mecanismo.

Veja-se o exemplo dos benefícios tributários à Zona Franca de Manaus, instituídos em caráter provisório já faz meio século; ou dos repasses obrigatórios da receita da União aos Estados e municípios, cujos critérios de repartição, embora alvo de críticas há décadas, permanecem quase inalterados.

Resistências semelhantes se notam em um curioso híbrido de entidade pública e privada que se desenvolveu no país a partir dos anos 1940 —trata-se, mais precisamente, de 141 delas, pertencentes ao que ficou conhecido como Sistema S.

Instituições como Sesi e Senai (indústria), ou Sesc e Senac (comércio), dedicadas à qualificação profissional e à oferta de serviços sociais, sustentam-se graças a contribuições compulsórias incidentes sobre a folha de pagamento das empresas dos respectivos setores.

A inadequada liberação de gastos por Temer – Editorial | O Globo

Apesar de o momento aconselhar prudência, dada a dificuldade de ser atingida a meta fiscal, Palácio permite despesas para garantir votos a favor do presidente

Corria o ano de 2013 quando a presidente Dilma Rousseff admitiu que, em eleição, se faz “o diabo” para vencer. No ano seguinte, ela praticaria o que disse, e terminaria impedida de continuar no Planalto, por crime de responsabilidade no campo fiscal.

Essa mesma ausência de limites no jogo da política tem sido vista em ações do governo Michel Temer, a fim de evitar que a Câmara conceda licença para o presidente ser processado no Supremo, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República, por corrupção passiva.

Se Dilma e equipe fizeram “o diabo” nas contas públicas, com artifícios nunca vistos, Temer e equipe usam velhos instrumentos de cooptação, usados, reconheça-se, também por petistas e tucanos, os polos opostos da política de hoje em dia. Nem por isso deixa de ser um recurso deplorável.

Brasil está parado no jogo do comércio internacional – Editorial | Valor Econômico

A proteção comercial às empresas brasileiras é contraproducente, aponta o relatório de avaliação sobre o Brasil preparado pela Organização Mundial do Comércio. Apesar da parafernália burocrática e de tarifas de importação, que fazem muita diferença para alguns setores - como veículos, dominado por multinacionais, por mais estranho que pareça - os produtos fabricados no país não eram, não são e não serão competitivos, se tudo continuar como está. A OMC deixa implícita a conclusão de que a política nacional de evitar a abertura comercial, mas privilegiar a atração de investimentos estrangeiros, deixa o caminho aberto para a conquista do mercado interno pelas empresas multinacionais e não permite um milímetro sequer de avanço dos produtos brasileiros nos mercados internacionais. O Brasil está fora das cadeias globais de valor e é um participante marginal no comércio internacional, conclui a OMC.

O relatório sobre revisão da política comercial brasileira, feito a cada 4 anos, aponta que o objetivo principal do Brasil tem sido o de proteger "indústrias nascentes", algo que deixou de fazer qualquer sentido ainda mais quando as escolhidas estão entre as mais tradicionais do mundo, como têxteis, calçados e, mais uma vez, a indústria de automóveis, que fazem jus à maior tarifa de importação, de 35%. Por vários ângulos de visão, aponta a OMC, o Brasil é um país voltado para si próprio, fechado e que favorece a produção local em detrimento do mercado externo, o único capaz de proporcionar um estímulo e um atalho para o aumento de competitividade.

Moro compara Lula a Cunha no caso tríplex

‘Em lavagem (de dinheiro), o que importa é a realidade e não a mera aparência’, diz

O juiz Sergio Moro comparou a defesa de Lula no caso do tríplex no Guarujá à do deputado cassado Eduardo Cunha na ação em que foi condenado a 15 anos de prisão. Para Moro, assim como o ex-presidente afirma não ser o proprietário do imóvel, Cunha alega não ter contas no exterior, dizendo-se apenas “usufrutuário em vida” do dinheiro. O juiz rejeitou a contestação da defesa de Lula, que apontou “omissões, contradições e obscuridades” na sentença que condenou o petista por corrupção e lavagem de dinheiro.

Moro compara tríplex de Lula a contas de Cunha

Juiz respondeu à defesa, que contesta condenação

Cleide Carvalho, O Globo

-SÃO PAULO- Em resposta à defesa do ex-presidente Lula, que alegou “omissões, contradições e obscuridades” na sentença que condenou o petista por corrupção e lavagem de dinheiro, o juiz federal Sergio Moro comparou o caso do tríplex no Guarujá à ação na qual sentenciou o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) a 15 anos de prisão. Para Moro, da mesma forma que Lula ocultou a propriedade do imóvel, Cunha afirmava que não tinha contas no exterior, sendo apenas “usufrutuário em vida” dos recursos. O peemedebista foi condenado por corrupção, lavagem e evasão de divisas.

Dodge questiona Janot sobre 'redução' de recursos para a Lava Jato em 2018

Reynaldo Turollo Jr. | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, nomeada para comandar a PGR (Procuradoria-Geral da República) a partir de setembro, questionou o atual ocupante do cargo, Rodrigo Janot, sobre os motivos de o orçamento de 2018 prever menos recursos para a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

A pergunta está em ofício com 40 questões sobre a proposta orçamentária para o ano que vem, que prevê deficit.

Dodge é membro do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que votará no dia 25 a proposta orçamentária para 2018 elaborada pela gestão Janot. Depois de ser votada no conselho, a proposta vai para o Executivo e, finalmente, passa pelo Congresso para vigorar.

O pedido de esclarecimentos a Janot, feito na quinta-feira (13), dia em que Dodge foi nomeada pelo presidente Michel Temer, foi visto como umas das primeiras ações dela rumo à transição na cúpula do MPF (Ministério Público Federal). Em sua campanha à PGR, ela fez oposição ao atual procurador-geral.

'Pós em esquerdismo' anuncia Dilma, Stédile e Boulos como professores

Joelmir Tavares | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Quando foi às redes sociais para anunciar o curso "A Esquerda no Século 21", o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) fazia ideia que a pós-graduação, em Chapecó (SC), atrairia interessados, mas não tantos a ponto de ter que adiar sua data de início.

As 510 inscrições —para 50 vagas— recebidas em duas semanas levaram o parlamentar, idealizador da especialização lato sensu, e o instituto que irá oferecê-la a transferirem a primeira aula de 14 de julho para 4 de agosto.

Com professores como a ex-presidente Dilma Rousseff (que foi convidada e tem o nome divulgado nos anúncios, mas ainda não confirmou participação) e o líder nacional do MST, João Pedro Stédile, o curso ganhou logo a alcunha de "pós em esquerdismo", apelido que Uczai rechaça.

Dilma é anunciada, ao lado do ex-governador gaúcho e colega de partido, Olívio Dutra, como titular da matéria "Partidos Políticos e a Esquerda Brasileira". Outras disciplinas tratam, por exemplo, de luta de classes, teoria revolucionária e agenda ambiental.

"O objetivo é parar, sistematizar e compreender as experiências históricas no país e na América Latina", diz o idealizador, que também leciona na pós. "Principalmente agora, com a quebra do processo democrático no Brasil [impeachment]. Vamos refletir criticamente. Não é para puxar saco do PT ou de alguém do nosso governo."

"Tem que fazer autocrítica", diz a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), outra professora. "Política e história não podem ser dogmas. É preciso sempre discutir erros e acertos."

O teólogo Leonardo Boff, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, e o sociólogo Emir Sader também estão no corpo docente.

'Esse pessoal perdeu o discurso', diz Cristovam Buarque respondendo a manifestantes que o hostilizaram

Senador foi chamado de 'golpista' e 'traidor dos trabalhadores', em Minas Gerais; ex-ministro de Lula, parlamentar votou a favor do impeachment de Dilma e pela reforma trabalhista

Elisa Clavery, O Estado de S.Paulo

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) publicou um vídeo em seu Facebook respondendo a manifestantes que o chamaram de "golpista" e "traidor da educação" nesta terça-feira, 18, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O parlamentar, que chegou a ser vaiado enquanto participava de evento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que "esse pessoal perdeu o discurso" e que "eles não querem lutar por mais recurso, querem apenas pedir mais dinheiro".

"Esse pessoal perdeu o discurso. E não querem lutar por mais recurso. Eles querem apenas pedir mais dinheiro, mais para a escola, mais para estádio. Eles não querem lutar por mais para a escola e menos estádio", disse o parlamentar no vídeo. "Ficaram para trás. Por isso, eles agridem."

‘Janela partidária’ será antecipada, diz deputado

Segundo Danilo Forte (PSB-CE), proposta da reforma política muda período para parlamentar trocar de legenda sem perder o mandato

Igor Gadelha, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Líderes da base aliada e da oposição fecharam um acordo para incluir na reforma política, que será votada no Congresso a partir de agosto, a antecipação do período em que os parlamentares podem trocar de partido sem o risco de perder o mandato. Atualmente, essa “janela” será em março de 2018. Pelo acordo, se aprovado no Congresso, seria antecipada para setembro ou outubro deste ano.

A informação foi dada nesta terça-feira, 18, pelo deputado Danilo Forte (PSB-CE), logo após participar de reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. Além dele, estavam no encontro parlamentares do DEM, como Pauderney Avelino (AM), e do PSB, como a líder do partido na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS). Nesta terça-feira, uma tentativa de atrair dissidentes do PSB para o PMDB e para o DEM causou atrito entre o presidente Michel Temer e Maia.

Partidos articulam "comércio de mandatos" na reforma política

Por Raphael Di Cunto e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - Movidos pela disputa entre as siglas por recursos do fundo eleitoral que deve ser criado com a Reforma Política, parlamentares articulam nos bastidores a criação de uma nova "janela" de 30 dias para trocas de partido sem o risco de perda do mandato. Essa "janela" antecederia a divisão dos R$ 3,6 bilhões a serem destinados às campanhas.

A decisão de ratear o fundo por um modelo híbrido, que leva em conta tanto o tamanho atual das bancadas no Congresso quanto a votação que cada partido obteve em 2014, levou a movimentações para permitir o "troca-troca" e dar poder de fogo aos deputados para negociarem recursos para garantir suas reeleições. Para congressistas ouvidos pelo Valor, há o risco de instituir um verdadeiro "comércio de mandatos".

Temer e Maia disputam votos do PSB

Dez deputados dissidentes do PSB estão no centro de uma disputa entre o presidente Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O PMDB quer os votos deles em favor de Temer. Maia, que pode suceder a Temer caso ele seja afastado, tenta leválos para o DEM.

Disputa por dissidentes

Temer e Maia concorrem para atrair grupo de deputados do PSB e provocam mal-estar

Cristiane Jungblut, Eduardo Barretto, Júnia Gama e Leticia Fernandes, O Globo

-BRASÍLIA- A disputa por um grupo de cerca de dez dissidentes do PSB — que estão votando com o governo — provocou uma crise ontem entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em mais uma reunião fora da agenda oficial, Temer esteve com os dissidentes durante um café da manhã e disse que o PMDB está de “portas abertas”, tentando neutralizar a ação de Maia para filiar o grupo ao DEM. Diante do mal-estar, o ministro da Educação, Mendonça Filho, entrou em campo e marcou um jantar ontem à noite com Temer e Maia, na residência oficial da Câmara. Mas, nos bastidores, o clima foi de troca de farpas o dia inteiro. Os ministros Moreira Franco e Antonio Imbassahy também foram chamados para o jantar, pedido por Temer e organizado por Mendonça Filho.

Após receberem Temer para o café da manhã, dissidentes do PSB se reuniram com o próprio Rodrigo Maia, que há três meses vem negociando a filiação do grupo a seu partido. Temer acertou na véspera com o deputado Danilo Forte (PSB-CE) a ida a um café organizado pelo grupo na residência da líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS). No encontro, o presidente disse que o partido também está aberto a bons quadros.

Cesar Maia: Curioso impacto do noticiário da Lava-Jato sobre a opinião pública política! Curioso e grave!

1. Pesquisas têm sido feitas e todas elas mostram um enorme apoio à operação Lava-Jato e ao Juiz Sérgio Moro. Quase uma unanimidade. Exatamente e da mesma forma, isso ocorreu na Itália em relação à operação Mãos Limpas e ao Juiz Pietro.

2. No entanto, se avaliarmos o impacto das mesmas pesquisas nas perguntas que se referem aos políticos e candidatos presidenciais hipotéticos, esse quadro aponta a direções estranhas.

3. Observando as pesquisas realizadas em 2015, 2016 e 2017, verificamos que o impacto do amplo noticiário das mídias, impressas, radiofônicas e especialmente televisivas sobre a opinião pública -política/eleitoral- as tendências são preocupantes.

4. Nos primeiros períodos, desde 2015 a 2016, já com o noticiário da Lava-Jato ativo, mesclado com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o quadro eleitoral hipotético reproduzia a opinião política de 2014 com Lula liderando, seguido de Aécio e Marina - estes tecnicamente empatados e próximos a Lula.

5. A partir de 2017, da concentração do noticiário na Lava-Jato, incluindo as novas delações com os diretores da Odebrecht, além das anteriores com diretores da Petrobras e doleiros, o quadro anterior foi sendo alterado. Essa tendência foi acentuada com as delações dos dirigentes da JBS.

6. Lula -ainda liderando- perdeu fôlego. Aécio desapareceu. Os nomes do PSDB, Alckmin e Doria, passaram a se fixar na metade de Lula, se tanto. Ciro Gomes ficou na mesma, em 5% ou menos. Álvaro Dias idem, em 2% ou 3%.

7. E a grande surpresa foi a forte ascensão de Bolsonaro, que saiu de seu patamar, entre 5% e 7%, e foi crescendo de forma sistemática, até alcançar o patamar de Lula, no entorno dos 20%. Em geral, com Lula na frente, mas também junto com Bolsonaro.

8. O noticiário sobre as denúncias a Lula era amplo antes da condenação pelo Triplex. Assim mesmo produziu um impacto aquém do que se imaginava. Acompanhamos agora os desdobramentos da condenação de Lula na opinião pública.

9. Curiosamente, Marina que antes vinha em empate técnico com Aécio, teve forte oscilação negativa e perdeu quase a metade das intenções de voto que tinha.

10. Bolsonaro, com 20% ou mais, deve levar os analistas a entenderem que correlação é essa do noticiário sobre Lava-Jato e delações e a forte ascensão de Bolsonaro. É claro que a operação Lava-Jato não tem responsabilidade sobre isso.

11. É provável que as lideranças políticas se concentrando no ataque ou na defesa em relação ao noticiário, conforme o caso, sem qualquer conexão com o caminho aberto pela Lava-Jato, expliquem este vácuo ocupado por Bolsonaro neste momento. E, quem sabe, sobre a antipolítica em seguida.

12. Na operação Mãos Limpas aconteceu uma situação semelhante. Os dois principais partidos (DC e PS) naufragaram. 4 chefes de governo foram condenados. E o caminho aberto levou a liderança de um novo ciclo político -Berlusconi- por cerca de 15 anos, como chefe de governo, criando um novo partido, Força Itália, repicando a marca do Milan, time de futebol que presidia.

13. E depois ascendendo o MV5, do humorista na TV Beppe Grillo, passando a ter maioria -simples- na câmara de deputados e elegendo prefeitos de grandes cidades, como Roma. E a política italiana continua patinando com a derrota e o afastamento do primeiro ministro após o plebiscito e a expectativa de uma nova eleição.

14. Esse deve ser um alerta a nossos partidos políticos para, além dos ataques e defesas em função da Lava-Jato, oferecerem alternativas programáticas e políticas. De outra forma, termina-se construindo aqui, como na Itália, um forte ciclo de antipolítica.

15. E também a mídia e aos intelectuais.

A educação pela pedra | João Cabral de Melo Neto

Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.