sábado, 21 de outubro de 2017

A união indispensável | Marco Aurélio Nogueira

- O Estado de S. Paulo

Democratas de todos os partidos e quadrantes, uni-vos! Vocês nada têm a perder a não ser os grilhões que os aprisionam ao atraso, à inoperância, à demagogia. Têm um mundo a conquistar: um país mais justo, mais dinâmico, menos atropelado pelas estripulias obscenas de corruptos e aproveitadores, assim como de exploradores da ingenuidade política das multidões.

A paráfrase da frase célebre do Manifesto de Marx e Engels serve para indicar o caminho das pedras que os brasileiros devem seguir. Não há meio termo, atalhos alternativos. A estrada pode não levar de imediato a um novo mundo, mas se quisermos ter chances reais de futuro é por ela que teremos de trafegar.

Reúnam-se todos, liberais, socialistas, comunistas, ex-comunistas, liberais-socialistas, conservadores liberais, católicos, umbandistas e evangélicos. Façam com que importe menos o que os divide e deixem tremular mais alto a bandeira da democracia, que generosamente os abrigará a todos.

Unam-se, porque se não o fizerem a desesperança cívica corroerá os laços já débeis que ligam a sociedade à política. Os cidadãos fugirão da democracia representativa, como vêm demonstrando a pouco e pouco querer fazer. Os autoritários avançarão, as soluções mágicas cairão como perdigotos de ouro da boca dos salvadores de plantão, que não se pejam de chorar lágrimas de crocodilo em público e de posar de vítimas impolutas. Sem a união ativa dos democratas, crescerão os chamamentos à caserna, as vozes favoráveis a intervenções militares saneadoras, que limpariam a sujeira acumulada, como se fosse possível fazer isso contra cidadãos, políticos e democratas. Ganharão corpo, também, as iniciativas para trancar a política com as cordas da Justiça, vistas como antídoto infalível contra os “maus” políticos.

Ouro de tolo | Demétrio Magnoli

- Folha de S. Paulo

Uma falha filosófica profunda arrasta os liberais para as águas sujas do conservadorismo autoritário

"O nióbio vale mais do que o ouro", anunciou Jair Bolsonaro, meses atrás, acusando os "interesses estrangeiros" de se beneficiarem da demarcação de terras indígenas na Amazônia.

Bolsonaro não desistiu de sua obsessão nacionalista pelo minério, mas instalou-a na retaguarda de um discurso econômico de tons liberais, que procura conectar à defesa de valores conservadores.

A salada ideológica incongruente responde a uma estratégia eleitoral definida, cuja eficácia mantém relação inversa com a estabilidade de nossas instituições políticas. Nela, o dado mais curioso é o flerte de grupelhos ultraliberais ativos nas redes sociais com um candidato que não oculta sua nostalgia do regime militar.

Minérios e combustíveis fósseis são objetos de fetiche dos nacionalistas. Incapazes de compreender que a riqueza é uma relação social dependente da produtividade geral da economia, eles se apegam ao "concreto". Infantilmente, imaginam a riqueza como um tesouro que precisa ser protegido da sanha do inimigo externo: a salvação pelo nióbio inscreve-se na tradição do "petróleo é nosso" e da "defesa do Pré-Sal".

Imune não é impune | Dora Kramer

- Veja

Imunidade obedece à regra legal. Impunidade atropela o que diz a lei

Dias atrás uma amiga muito atenta ao atual andar da carruagem nacional me fez uma pergunta bastante relevante. Tão pertinente ao interesse geral quanto objeto de indiferença por parte daqueles que, como eu, vivem enredados nas entranhas da política: “Dorinha (assim me conhecem os íntimos mais antigos), qual a diferença entre imunidade e impunidade?”.

Ela — chama-se Lavínia — estava intrigada com o caso do senador Aécio Neves, impedido de exercer o mandato por ordem do Supremo Tribunal Federal e liberado da restrição por decisão do Senado. Levei um susto. Até ouvir a coisa posta assim, confesso, não tinha pensado na existência de discrepância entre os conceitos. Muito menos havia cogitado da necessidade de esmiuçar um e outro a fim de ampliar o acesso aos meios e modos da atividade político-parlamentar.

Erro grosseiro | João Domingos

- O Estado de S.Paulo

Iniciativas para se pôr um pouco de ordem na fiscalização ficaram comprometidas

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fará na semana que vem sugestões ao governo para que altere o conteúdo da portaria sobre o trabalho escravo, portaria que ela mesma classificou de retrocesso. A portaria determina, entre outras coisas, que a inclusão de empresas na lista suja do trabalho escravo dependerá de ato do ministro, o que tira autonomia da área técnica. Também muda procedimentos de fiscalização, tornando mais difícil a comprovação do ilícito, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A intervenção da procuradora será a única que o governo acatará, dizem líderes da base aliada do presidente Michel Temer. Portanto, a portaria será modificada, mas mantida. É provável que Raquel Dodge, uma militante dos direitos humanos, deixe a portaria impecável do ponto de vista legal.

O problema para o governo é que depois de mais um erro tão gritante, não tem Raquel Dodge que dê jeito. A OIT anunciou ao planeta que o Brasil não é mais referência no combate ao trabalho escravo, a oposição encontrou mais uma justificativa para acusar o governo Temer de revogar a Lei Áurea, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que limitar a definição de trabalho escravo é inaceitável. Para piorar, representantes da União Europeia sinalizaram que a portaria pode prejudicar a compra de produtos brasileiros, pois o bloco rejeita mercadoria que pode ter sido produzida por escravos.

Enfim, o governo de Michel Temer, que quer ser reconhecido pela História como reformista, corre o risco de lá entrar com outra denominação, a de obscurantista.

A vida não é um tribunal | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Num tom muito cordial, pelo qual agradeço, Reinaldo Azevedo criticou minha coluna do dia 18, em que apontava semelhanças entre as sinas de alguns políticos. "Temer é vítima de um complô, Aécio, de armação, e Lula, de perseguição", escrevi. Azevedo, se resumo bem seu argumento, diz que eu fui irônico e que isso é inadmissível diante das ilegalidades e abusos processuais a que os três dirigentes estão sendo submetidos.

Admito que eu tenha sido irônico, mas não creio que isso seja pecado. O que me surpreendeu é que Azevedo, que sabe ler e interpretar textos com maestria (ele daria um excelente talmudista), tenha deixado escapar o ponto central de meu artigo. Como Azevedo, sou um garantista. O Estado de Direito é um dos alicerces da civilização contemporânea. E deixei bem claro na coluna que nenhum dos três políticos pode sofrer sanções penais sem que sua culpa tenha sido demonstrada. Na esfera criminal, as garantias dadas a acusados precisam ser maiúsculas. "Reus sacra res est" (o réu é coisa sagrada). Só que a vida não é um tribunal. Ela encerra outras dimensões em que o nível de proteção ofertado à defesa não precisa e nem deve ser tão elevado.

Horizonte curto | Míriam Leitão

- O Globo

Na próxima semana o Brasil voltará a ter juros na casa dos 7% depois de mais de quatro anos. Na última vez que chegou a esse patamar, foi uma queda forçada e que não se sustentou. Apesar da boa notícia, os indicadores divulgados nos últimos dias mostraram que o mês de agosto teve uma sucessão de quedas. A conjuntura dessa saída da recessão continua assim, com melhoras a conta-gotas e alguns sustos.

Na quarta-feira o Banco Central vai anunciar o novo corte de juros e isso levará a Selic, que está em 8,25%, para outro patamar. O Bradesco acredita que a redução será de 0,75%, segundo relatório divulgado ontem. Isso significa uma diminuição do ritmo, em relação aos cortes de um ponto que vinham acontecendo.

A inflação subiu um pouco pelo IPCA-15 de outubro e ficou em 0,34%. Parece que agora tudo se encaminha para que a taxa em 12 meses, que está em 2,71%, fique em 3%. O BC não terá que se explicar por ter furado o piso da meta. Só esse “problema” a menos mostra o que mudou radicalmente na economia brasileira em pouco mais de um ano e meio. De qualquer maneira, se o Banco Central reduzir o ritmo dos cortes, estará fazendo isso com a inflação abaixo do piso. Uma contradição.

BNDES faz a dieta Temer | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

O BNDES encolhe. A dieta de emagrecimento do bancão estatal é um programa dos economistas de Michel Temer, como bem se sabe. As dúvidas maiores são: 1) O motivo do ritmo do regime; 2) Se vai sobrar músculo para o banco financiar infraestrutura. Caso não sobre, quem financia? Ainda não sabemos.

O BNDES foi responsável por 59,5% da redução do total de dinheiro emprestado por bancos, nos últimos 12 meses (isto é, por esse tanto da diminuição do estoque de crédito). O estoque de empréstimos do banco cai ainda a um ritmo de 14% ao ano. Nos bancos privados, a baixa é de 2,4%. Nos demais bancos públicos, de 2,3%.

Mas o banco ainda é enorme, com 18,4% do total de crédito. O crédito no país ainda é mais estatizado que no final de Dilma 1. Os bancos públicos têm 55,6% do total do dinheiro emprestado; em 2014, tinham 53,8%. No final de Lula 2, 41,7%.

Nos últimos dez anos, o crédito do BNDES acompanhava a variação do investimento (da despesa em novas construções, equipamentos e máquinas). Exceção notável ocorreu no colapso violento mas rápido da economia de 2008-09, quando as empresas ficaram por um momento paralisadas de medo da crise mundial. Agora, o banco está fora da curva ou, melhor, com uma curva diferente por motivos mais particulares.

O chip da Caixa | Adriana Fernandes

- O Estado de S.Paulo

Muitos ainda acham que a Caixa deve continuar na ‘velocidade Mantega’

Todo cuidado é pouco nas negociações de socorro à Caixa Econômica Federal que estão sendo conduzidas pela equipe econômica. Um dos cinco maiores bancos brasileiros e com uma extensa rede de agências, a Caixa é gestora de vários programas sociais, e qualquer ruído em torno do banco pode causar grande estrago para a instituição financeira mais popular do País.

O governo optou até agora em se abster de dar explicações oficiais diante das informações antecipadas pelo Estadão/Broadcast em torno das operações que podem ser feitas com o FGTS e o BNDES para garantir capital ao banco.

O Banco Central está acompanhando o problema e promete não dar sossego enquanto uma solução não estiver bem encaminhada. A estratégia, porém, pode não ser a mais acertada. Em casos delicados como o da Caixa, é melhor deixar tudo bem explicadinho para a população.

Em defesa da democracia – Editorial | O Estado de S. Paulo

O título deste editorial não é anacrônico como poderia parecer, passadas mais de três décadas desde a redemocratização do País. Há razões de sobra para que se faça, tantas vezes quanto for necessário, uma intransigente defesa da democracia e do regime republicano.

Justamente no momento em que as instituições que definem o Estado Democrático de Direito são postas à prova – seja por mandatários movidos tão somente pela fome de locupletação, seja por aqueles que julgam estar acima das leis e sobrepõem suas agendas particulares ao interesse público – é que se deve reforçar a sua importância como único meio de que a sociedade dispõe para manter a paz social e alcançar o bem comum.

O resultado mais nocivo que pode advir da longa crise que instalou no País este clima de desalento e insatisfação generalizada é a disseminação da ideia de que a democracia não é um regime bom o bastante para dar conta dos desafios que ora se impõem à Nação.

Este receio não é infundado. Embora ainda incipiente, cresce a parcela da população que canaliza as suas angústias e os seus anseios na direção de alternativas de representação política com vieses claramente autoritários. A indignação popular ante os desmandos na vida pública tem levado a uma difusa antipatia pelos “políticos”, no plural, repelindo, para esta parcela, as candidaturas e práticas identificadas com a “política tradicional”, como se o problema fosse a tradição, e não os crimes cometidos por agentes determinados.

É preciso repensar o financiamento à Ciência – Editorial | O Globo

No Brasil, o Estado passou os últimos 15 anos sustentando, em média, 53% dos recursos consumidos em pesquisa, desenvolvimento e inovação

A elevada dependência dos recursos públicos é uma das principais razões para a estagnação da pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica no Brasil. Os projetos privados e estatais ficam subordinados às imprevisibilidades de financiamento decorrentes das disponibilidades do caixa governamental.

Nas crises econômicas — vale lembrar, a atual não tem precedentes — a burocracia costuma escalar as verbas para pesquisa no topo da lista de cortes orçamentários. Exemplo está na redução de 44% nas disponibilidades deste ano do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sobre esse corte preveem-se mais 15% no próximo orçamento do governo Michel Temer.

Não é novidade. Em 2011, o governo Dilma Rousseff cortou 22,3% do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. No ano seguinte reduziu novamente em 26% o volume de recursos destinados ao setor.

Farinha pouca – Editorial | Folha de S. Paulo

A controvérsia em torno da farinata promovida pelo prefeito João Doria (PSDB) reúne, em realidade, escassa substância. Trata-se de uma ideia defensável, mas apresentada como solução para uma carência inexistente —ou, no mínimo, mal definida.

Ninguém há de negar que diminuir o desperdício de comida constitui um propósito racional e elogiável. Segundo a prefeitura paulistana, só nas feiras livres da capital se jogam fora diariamente 160 toneladas de alimentos in natura.

Supermercados e indústrias também podem precisar descartar produtos em vias de perder a validade.

Tal é o alvo do processo de desidratação proposto pela Plataforma Sinergia, organização sem fins lucrativos ligada a grupos católicos da qual pouco se ouvira falar até que Doria gravasse vídeo elogiando um biscoito farináceo feito com o granulado.

O produto logo seria depreciado como "ração" por adversários do prefeito, assim como por nutricionistas e celebridades "gourmet" que se precipitaram nas críticas sem saber ao certo o que deploravam. A maior parcela de culpa por esse debate desinformado, contudo, cabe ao próprio prefeito.

Presidente afirma que vai alterar portaria

Temer disse que nova instrução deverá incluir sugestões feitas pela procuradora-geral Raquel Dodge

Renata Mariz | O Globo

BRASÍLIA . Diante da repercussão negativa, o presidente Michel Temer admitiu ontem que fará alterações na portaria, editada na última segunda-feira, que dificultou a fiscalização do trabalho escravo no país. Em entrevista ao site Poder360, ele afirmou que foi convencido pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, da necessidade editar a portaria depois de ter visto autos de infração apontando situações em que poderia haver abuso por parte dos fiscais.

Temer mostrou papéis nos quais um empregador foi autuado por colocar seus funcionários em condições degradantes de trabalho pela falta de uma saboneteira e suporte para toalha numa área de chuveiros, mas eram apenas duas entre 44 infrações. Segundo o presidente, o governo vai editar nova portaria incorporando sugestões feitas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com quem o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, esteve duas vezes desde que a portaria foi editada.

— Ele esteve duas vezes com ela e recebeu sugestões que ela fez. Ele está examinando as sugestões. É muito provável que incorpore várias — explicou Temer.

O presidente, porém, demonstrou desconhecer o conteúdo da própria portaria. Temer disse, por exemplo, que o texto do governo não impõe cerceamento de liberdade para configurar trabalho escravo, quando fiscais flagram condição degradante e de jornada exaustiva. “Não é isso que está na portaria”, afirmou Temer. “Não é só o direito de ir e vir, não. Direito de ir e vir está assegurado amplamente. Acho que nem tem sentido usar esse argumento. Não estou nem defendendo a portaria e nem condenando a portaria. Estou dizendo que ela está sofrendo objeções que es tão sendo analisadas”.

‘É erro generalizar um ataque à classe política’, diz vice-procurador-geral da República

Para Luciano Mariz Maia, a interpretação de que ‘ninguém presta’, que ‘todos são bandidos’, gera ‘espécie de vale-tudo’

Beatriz Bulla | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Segundo na hierarquia da Procuradoria-Geral da República, o vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia, avalia ser um “erro monumental” generalizar “um ataque à classe política como um todo” por causa das investigações criminais. “Quando você atribui que ninguém presta, todos cometem crimes, são todos bandidos, você está dando a si próprio o direito de cometer irregularidades, o direito de destruir vidas, de desrespeitar a lei. Isso é uma espécie de vale-tudo”, afirmou em entrevista ao Estado.

Maia afirma que é preciso resgatar a confiança nas instituições democráticas, o que exige o diálogo entre os Poderes. Escolhido pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para ser o vice no comando do Ministério Público Federal, ele assumiu, por exemplo, os casos que tramitam na Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – como investigações que atingem governadores – e o Conselho Nacional de Justiça.

A classe política diz que as investigações criminalizaram práticas da política. O senhor concorda com essa avaliação?

Não existe homogeneidade na conduta humana. É possível que pessoas boas pratiquem atos ilícitos e é possível que pessoas perversas tenham direitos. O que diferencia um estado de civilidade de direito é que não faz um julgamento de pessoas enquanto tais, mas aprecia condutas concretas praticadas. Portanto, é um erro monumental, um erro que destrói o estado de direito, generalizar um ataque à classe política como um todo e às instituições políticas como um todo.

Mas as atividades políticas estão sob investigação...

O Judiciário e o MP são baseados em um dever ético de isenção e imparcialidade. Ao passo que a classe política é baseada na chamada solidariedade partidária. Só se consegue ganhar um mandato por meio do partido. (...) Muitas vezes solidariedades partidárias terminam excedendo o dever da integridade na apreciação de erros, desvios, por filiados àquele partido. Mas esse processo de depuração natural se faz ou pelas instâncias partidárias ou pelo voto. É próprio da democracia que isso aconteça. O importante é que as instituições consigam dialogar entre si. O STF precisa dialogar com o Congresso; precisa dialogar com a Presidência da República e seus ministérios.

'Não admitimos um brasileiro contra o outro', diz Temer

Presidente exaltou estabilidade econômica e foi aplaudido em cerimônia de inauguração de um abatedouro de peixes, no Paraná; na próxima semana, Câmara votará denúncia

Caio Rinaldi, Marcelo Osakabe e Francisco Carlos de Assis, O Estado de S.Paulo

PALOTINA - O presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta sexta-feira, 20, que o País passa por um momento em que os brasileiros devem trabalhar juntos. "Este conceito de cooperativa serve muito a nós, é muito forte para o nosso País. É o que precisamos, brasileiro cooperar com brasileiro. Não admitimos um brasileiro contra o outro. A sensação é que o Brasil quer isto, quer cooperar", disse o presidente em cerimônia para inauguração de um abatedouro de peixes em Palotina, no Paraná.

Temer falou sobre a queda da inflação e dos juros a "patamares suportáveis", além da retomada do emprego nos últimos seis meses. "Hoje, examinando esta multidão de entusiastas da C.Vale, entusiasmados pela atividade que desenvolvem, entusiasmados com o Brasil, volto para Brasília dizendo que o Brasil definitivamente voltou", disse o presidente.

Veja quem quer ser presidente em 2018

Nomes se despontam dentro dos partidos para a próxima disputa eleitoral

Igor Moraes e Rubens Anater | O Estado de S.Paulo

A um ano da eleição de 2018, a movimentação dentro dos partidos já é intensa para definir quais serão os nomes dessa disputa. Veja abaixo quais já se despontaram e os que tentam emplacar na preferência dos eleitores.

PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele pode ser esse nome se a sentença de sua condenação, pelo juiz Sérgio Moro, não for confirmada pela 2.ª instância. Caso isso ocorra, ele ficará inelegível por causa da Lei da Ficha Limpa. Ainda assim, segue como a grande aposta do PT. A ideia cada vez mais propalada de que "não existe plano B" fez com que eventuais candidatos alternativos, como Jacques Wagner, ex-governador da Bahia, e Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, passassem a articular seus nomes ao Senado. O fato é que com Lula ou sem Lula na jogada, mudam-se as estratégias dos demais concorrentes por causa da liderança do petista nas pesquisas de intenção de votos.

DEMOCRATAS (DEM)
João Doria? Pode ser se o prefeito de São Paulo, hoje no PSDB, não sofrer desgaste político até lá. Caso isso ocorra, o partido não descarta investir no nome do empresário Luciano Huck. Os demistas ainda podem apoiar o PSDB se o candidato for o governador Geraldo Alckmin. Isso poderia ser viabilizado se o líder tucano indicasse Rodrigo Garcia, atual secretário estadual de Habitação, para a candidatura ao governo do Estado. O partido já deixou vários recados à classe política de que vai lançar um candidato próprio em 2018. Nessa toada, o senador Ronaldo Caiado (GO) tenta a todo custo emplacar seu nome.

PODEMOS
Alvaro Dias. O político do Paraná, que já foi do PSDB e recentemente estava filiado ao Partido Verde (PV), é o único nome dentro da legenda cogitado para a corrida ao Planalto. O Partido Trabalhista Nacional (PTN) se transformou em Podemos em julho deste ano. A nova sigla já nasceu com uma base de 14 deputados federais e dois senadores. Foi também o primeiro partido da base aliada a anunciar o rompimento com o governo Michel Temer. A ideia da sigla não é ser um partido de oposição, mas “independente”. Segundo Dias, o partido lutará por causas específicas, sem ter uma bandeira definida.

PSOL
Guilherme Boulos? Pode ser. O deputado federal Chico Alencar era o principal nome do partido para 2018. No entanto, o parlamentar anunciou que vai disputar uma vaga no Senado. Sem Alencar, o partido cogita o nome de Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) que pode ganhar força no campo da esquerda no caso de impugnação de Lula. Boulos ainda não se posicionou se vai aceitar concorrer ao cargo. O professor universitário Nildo Ouriques também aparece como possível candidato.

Aécio deixa comando do PSDB se Tasso também sair

Conflito entre senadores amplia divisão do partido, próximo a nova eleição

Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- A guerra interna no PSDB assume proporções imprevisíveis com o acirramento do racha entre aecistas e tassistas, ou governistas e independentes. Indignado com a pressão do presidente interino Tasso Jeiressatti (CE) para que renuncie à presidência do PSDB, Aécio Neves (MG) só aceita sair se o senador cearense sair junto. Nesse caso, antes de renunciar à presidência, Aécio indicaria outro vice-presidente para comandar o partido, assim como indicou Tasso, para preparar sua sucessão na convenção de dezembro. Aecistas enxergam um movimento de Tasso e de seu grupo para afastar Aécio e usar a estrutura da presidência do PSDB para pavimentar sua reeleição ao cargo de forma definitiva, por dois anos.

Além de Tasso, são vice-presidentes o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman e os deputados Carlos Sampaio (SP) e Giuseppe Vecci (GO), este último aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo, que se lançou ontem à sucessão de Aécio. Procurado, Tasso não comentou a declaração de Aécio.

O presidente do diretório do PSDB mineiro, Domingos Sávio, disse ser incompreensível a tentativa de Tasso de afastar Aécio.

Goldman diz que Doria 'queimou o filme' e que PSDB vive crise

Ex-governador que criticou prefeito diz que partido só não está pior porque não surgiu alternativa melhor no espectro

Marcelo Osakabe | O Estado de S.Paulo

O PSDB vive uma situação delicada em relação à eleição de 2018 e só não está pior porque não surgiu alternativa melhor no espectro político-partidário, avaliou o vice-presidente nacional da sigla, Alberto Goldman. Para o ex-governador, a situação fica evidente na dificuldade dos tucanos de apresentar uma candidatura de destaque ao Planalto.

"A dificuldade é real, mas quem está melhor do que o PSDB?", questionou Goldman, que participou nesta quinta de um evento na capital paulista. Ele citou o governador Geraldo Alckmin como o nome mais expressivo no momento dentro do partido, mas ponderou que ele "não é nenhuma figura de grande expressão, uma grande liderança nacional". "Não é um Lula, que foi um grande líder, a verdade é essa", disse.

O ex-governador lembrou que existem ainda outros nomes, como o senador José Serra, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, mas voltou ao ponto. "Dizer que tem alguém (no PSDB) que salta como o candidato que poderá empolgar o povo brasileiro? Nada me parece, não é visível isso".

Direita sobe na Áustria | Gilles Lapouge

- O Estado de S.Paulo

Viena é hoje a mais implacável capital europeia em relação aos imigrantes

A ciência política é uma arte complicada. Vejamos a Áustria, país pequeno, culto e opulento, próximo à Alemanha, no centro do continente europeu. É uma das regiões mais prósperas da Europa. Um país de cultura de elite, rico em sua esplêndida história e sem desemprego nem convulsões sociais, algo que não mais ocorre habitualmente. Portanto, poderíamos esperar que, aos partidos extremistas, faltassem energia e combustível. Mas ocorre o contrário.

Nas eleições parlamentares do dia 15, o vencedor foi o partido conservador da ÖVP, liderado por Sebastian Kurz, que recebeu 31,7% dos votos. Em segundo, veio o Partido Socialista (SPÖ) com 27%. Muito perto, em terceiro, aparece outro partido conservador, ainda mais extremista do que o primeiro, o FPÖ, com 25,9% dos votos. O líder do FPÖ, Heinz Christian Strache, não esconde suas simpatias fascistas, até mesmo nazistas. Na juventude, ele foi muito próximo dos nazistas e hoje, na meia idade, está ligado à francesa Marine Le Pen.

Paes esteve na 'farra dos guardanapos', símbolo dos escândalos na gestão Cabra

'Farra dos guardanapos' teve cantores de Monte Carlo, trenzinho e 'operação Paes'

Italo Nogueira | Folha de S. Paulo

RIO - Aquela segunda semana de setembro de 2009 era especial para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Em alguns dias ele receberia a condecoração máxima do governo francês, a comenda Légion D`Honneur. Contudo, algo o incomodava.

Mesmo com uma comitiva de empresários brasileiros e franceses, secretários e assessores –alguns amigos de infância–, ele se ressentia, segundo a Folha apurou, da falta do então prefeito Eduardo Paes (PMDB), eleito um ano antes graças ao seu apoio.

Queixoso, mobilizou aliados políticos e assessores comuns para demonstrar sua insatisfação. Paes recebeu ligações e mensagens do Hotel Le Bristol, um dos 5 estrelas mais luxuosos de Paris, onde estava a comitiva, para convencê-lo a ir à capital francesa.

O ex-prefeito cedeu. Comprou às pressas uma passagem para Paris e dividiu a mesa principal com o governador no jantar onde ocorreu a hoje conhecida "farra dos guardanapos".

Paes, apurou a Folha, saiu à francesa, quando os convidados, ainda sentados, já estavam bastante animados, acompanhado do deputado Pedro Paulo (PMDB) e as respectivas mulheres.

Pouco depois, quando o prefeito não estava mais lá, os convidados colocaram os guardanapos na cabeça. Registrada, a cena entrou para a história da política do Rio.

Imagem obtida pela Folha mostra Paes no jantar. Procurado, o ex-prefeito disse apenas nunca ter negado que comparecera no evento.

"Aliás, fui nesse e em outros vários jantares e encontros oficiais com o então governador do Estado Sérgio Cabral", disse o hoje ex-prefeito.

A minha vida é um barco abandonado | Fernando Pessoa

A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?

Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.

Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.

Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.