segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

Temos de ter palavras diretas para falar ao povo o que acreditamos. Temos história, fizemos muita coisa neste País. Muitas vezes, lutei com o Congresso para dizer que a Previdência seria insustentável. Temos de votar a reforma da Previdência.

Não podemos fechar os olhos. Temos de explicar o porquê votamos sem medo das eleições.

Eu já ganhei do Lula duas vezes, e temos energia para combatê-lo cara a cara. Prefiro combatê-lo na urna a vê-lo na cadeia.

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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República, na Convenção do PSDB, sábado, 9/12/2017.

*Lourdes Sola: Busca-se um ‘centro’ para uma República

- O Estado de S.Paulo

O centro não é um ponto fixo nem redutível à agenda reformista, mas uma construção política

Ao sair da Convenção de Filadélfia, redigida a Constituição norte-americana, Franklin foi interpelado por uma mulher: “O que vocês fizeram? O que nos entregam?”. Franklin respondeu: “Uma República, se vocês puderem mantê-la”. Sim, a lição óbvia é que teremos uma democracia representativa se eu, se você, se nós pudermos sustentá-la. Mas não é disso que se trata aqui. Há outros aspectos desse diálogo que ajudam a introduzir um pouco de sobriedade na busca por um candidato “de centro”.

Chama a atenção a franqueza com que a segunda figura mais proeminente da independência norte-americana, cientista famoso e abolicionista, invoca a responsabilidade do cidadão. Sem traço de paternalismo ou de demofobia, convoca-o a sustentar a República. Nota-se também o substrato valorativo compartilhado pelos dois interlocutores, por aquela que cobra o que é feito e por aquele que relativiza a bondade do que entrega: a convicção de que seu envolvimento mútuo na esfera pública é uma virtude necessária. O diálogo revela, enfim, quanto do ethos igualitário que está na raiz da sociedade americana, teorizado por Tocqueville, se manifestava na vida política. (E ainda se manifesta, embora de forma regressiva.)

Denis Lerrer Rosenfield: Moral e política

- O Globo

Moral e política têm sido tão entrelaçadas em nosso país, que, por vezes, perde-se uma distinção essencial entre essas duas áreas do conhecimento e da ação. Se, por um lado, é um ganho político e institucional da maior importância moralizar a política, por outro lado, não se pode tornar essa mesma política uma atividade de cunho moral.

Uma coisa é a sociedade assumir a moralidade pública enquanto bandeira, exigindo que os políticos ajam de acordo com os critérios de honestidade no tratamento da coisa pública, que, enquanto pública, não pode ser apropriada privadamente. Trata-se da acepção mesma de República. Outra muito diferente consiste em aplicar à política os mesmos critérios que são empregados nos julgamentos de outras ações humanas, visto que a política é o terreno da violência, da intriga e do engano do outro. Trata-se de uma dimensão irrecusável da realidade tal como ela é, devendo ser tratada conforme seus instrumentos específicos.

Nada impede, por exemplo, que um governo envolvido em questões de imoralidade pública faça reformas necessárias em proveito da coisa pública, do bem-estar de todos. Pretender que a moral e a política coincidam pode produzir a satisfação da alma que se representa como virtuosa, sem que o dado básico da política enquanto atividade caracterizada por relações de força, pela falta de moralidade, sofra qualquer alteração.

*Marcus André Melo: O mito da corrupção

- Folha de S. Paulo

O "New York Times" saudou a promulgação da constituição de 1988 como um grande avanço para o país. E também enunciou a questão central com que os brasileiros haveriam que se defrontar: "como pôr a constituição em operação em um país com corrupção desenfreada, inflação sem controle e vastas desigualdades sociais". Em retrospecto, a conjetura mostrou-se verdadeira.

Quase 30 anos depois, o saldo é favorável: a inflação está sob controle, a pobreza diminuiu, a desigualdade reduziu-se (embora menos do que se esperava) e a corrupção vem sendo combatida de forma inédita. A corrupção era o elo que faltava na tríade que o jornal apontou como nosso dilema institucional.

É verdade que o descontrole fiscal tornou-se o problema econômico central que parecia sob controle. Retrocesso importante, haja visto a Lei de Responsabilidade Fiscal aprovada em 2000 e a redução progressiva na relação dívida/PIB.

Mas a corrupção ocupa hoje o espaço anteriormente ocupado pela inflação e hiperinflação na agenda pública. Tal como a inflação, os diagnósticos sobre as causas da corrupção são disparatados. Incluem, em diagnósticos superficiais, fatores como a herança lusa ou o jeitinho brasileiro.

Como a inflação, a corrupção também tem amigos nas altas esferas do poder.

Fernando Limongi: A solidão tucana

- Valor Econômico

Urgência para a Previdência é resposta ao PSDB

Com a retirada da candidatura de Luciano Huck e a definição do PSDB, o quadro sucessório ganhou uma simplicidade inesperada. Geraldo Alckmin, entretanto, não conquista os corações e as mentes dos que veem em Lula o mal maior. Não se sabe se a desconfiança decorre da crença de que Alckmin seria incapaz de derrotar o petista ou se porque não se acredita na sua adesão ao ideário das reformas liberais. Seja como for, manteve-se a movimentação para encontrar (ou inventar) uma candidatura alternativa.

O Ministro Henrique Meirelles, como seria de se esperar, foi o primeiro a atacar o candidato Alckmin. Em entrevista publicada na última segunda-feira, fez profissão de fé liberal e elegeu a aprovação da Reforma da Previdência como sua plataforma. Sem medir as palavras, criticou o PSDB, colocando na conta do partido as resistências mais fortes à aprovação das 'reformas modernizantes' defendidas pelo governo Temer, do qual o Ministro se proclamou o principal expoente.

Meirelles, neste ponto, ensaiou coro com economistas de renome historicamente associados aos tucanos que, nos últimos meses, vem criticando as atuais lideranças do partido pela falta de compromisso com a responsabilidade fiscal. Não faltaram desfiliações anunciadas com pompa, seguidas de apoios a candidatos novos com lastro entre o empresariado comprometido com a renovação da política.

Raimundo Santos: Desenvolvimento e democracia no discurso de FHC

Nesta hora às vésperas da eleição de 2018, é útil lembrar não só o pleito de 1989 pela grande dispersão das correntes políticas que levou à vitória de um presidente messiânico, mas também as eleições de 1994 que consolidaram um momento democrático-construtivo que vinha se desenvolvendo a partir do impeachment de Collor. Este pleito, como dizia o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, no seu discurso de despedida do Senado proferido em 14 de dezembro de 1994, abria o caminho para se evitar o pior dos cenários que era o marasmo de uma democracia representativa formal, esvaziada de conteúdo econômico e social pelas pragas do elitismo, do fisiologismo e do corporativismo. Então ele seguia dizendo que o Brasil vivia não apenas um somatório de crises conjunturais, mas o fim de um ciclo de desenvolvimento, pois a manutenção dos padrões de protecionismo e intervencionismo sufocava a concorrência necessária à eficiência econômica e distanciava cada vez mais o Brasil do fluxo das inovações tecnológicas e gerenciais que revolucionava a economia mundial. Fernando Henrique divisava na circunstância da globalização da época a oportunidade para um novo ciclo de desenvolvimento desde que aqui se levassem adiante reformas reestruturantes da economia num amplo contexto de desestatização da vida nacional, mobilizando a política e a sociedade civil pluralista que se dinamizara com a conquista das liberdades democráticas.

As diretrizes de governo apresentadas naquele discurso se opunham às experiências autoritárias do passado, particularmente ao modelo de modernização econômica e de organização da sociedade que se consolidara na Era Vargas em moldes de uma revolução nacional-popular por meio da expansão das funções administrativas para estruturar de cima para baixo várias esferas da vida nacional, como ocorreu na economia, nos sindicatos, nos meios de comunicação e na cultura.

Em primeiro lugar, Fernando Henrique se propunha aprofundar o processo de estabilização macroeconômica iniciado no governo pluripartidário de Itamar Franco, do qual fora ministro da Fazenda, não como um fim em si mesmo, mas como condição para o crescimento sustentado da economia e para o resgate da dívida social. Defendia medidas que rompiam com o desenvolvimentismo à moda antiga baseado na pesada intervenção estatal, seja através da despesa, seja através dos regulamentos cartoriais. O objetivo do seu governo era aumentar as taxas de investimento, cujos pilares justamente radicavam na confiança na estabilidade econômica do país e na construção de um marco institucional que permitisse à iniciativa privada exercer “na plenitude o seu talento criador”. Instaurar “uma verdadeira democracia econômica e social”, como ele chamava, requeria que a ação do Estado se voltasse para as maiorias menos organizadas ou inorganizáveis: os consumidores, os contribuintes, os pobres e os excluídos. Para isso, continuava o presidente eleito o seu discurso, seria preciso resgatar o Estado da pilhagem dos “interesses estratégicos”, das “conquistas sociais” exclusivistas, do corporativismo, em suma, dos privilégios que distorciam a distribuição de renda.

Marcus Pestana: A retomada, seus limites e potencial

- O Tempo (MG)

Faltam pouco mais de sete meses para as convenções partidárias que escolherão os candidatos às eleições de 2018. Elas ocorrerão daqui a dez meses. É hora de pensar no futuro do país.

As eleições, dada a profundidade da crise atual, serão um divisor de águas na história brasileira. A herança da maior recessão de todos os tempos e da operação Lava Jato, que está passando o Brasil a limpo, colocará o jogo político, as instituições republicanas e a democracia brasileira em outro patamar.

A ética e a honestidade são obrigação, nível inicial de qualquer candidatura, e não elemento de diferenciação na escolha. Partidos e projetos de poder são meios, e não fins. A política é só um instrumento para o avanço coletivo da sociedade. O objetivo essencial é o desenvolvimento social e econômico, que deve buscar a conquista de cidadania plena para todos os brasileiros. Qual é o candidato à Presidência que tem as condições de garantir um novo horizonte para a população?

Vinicius Mota: Quando muitos dizem não

- Folha de S. Paulo

A vigilância mútua entre atores "independentes e harmônicos entre si", preconizada pelos modernos regimes democráticos, associa-se com a estabilidade e o bem-estar no longo prazo.

Mas pense numa hipótese apenas teórica em que cada cidadão detém o poder de embaraçar ou vetar uma decisão do Executivo. Dificilmente, numa sociedade diversa e complexa como a nossa, as ações do governo, das mais comezinhas às mais estruturantes, seriam implementadas.

Entre não haver nenhum poder de dizer não ao Executivo, de um lado, e a disseminação ao infinito da capacidade de vetar, do outro, deve ocorrer um ponto intermediário que compatibiliza dois objetivos do Estado democrático: a responsabilização dos agentes que tomam as decisões e a eficiência administrativa.

Esse raciocínio simples e plausível foi o eixo da proposta do célebre cientista político americano Francis Fukuyama em seminário sobre o Estado de Direito realizado na semana passada pelo centro de estudos latino-americanos da Universidade Stanford, na costa oeste dos EUA.

Cida Damasco: Hora do ‘se’ na Previdência

- O Estado de S. Paulo

Saem os cálculos técnicos, entram os políticos. Governo Temer “paga” para ver

Não há mais novas contas a fazer sobre o estado atual e futuro da Previdência. Tudo já foi esmiuçado e projetado, centavo por centavo: qual teria sido o efeito de uma reforma parruda, qual será o de uma reforma enxuta ou sem qualquer reforma. Agora é com a política. Os cálculos não são mais técnicos, mas políticos: do lado do governo, qual será o total de gastos para garantir os 308 votos necessários à aprovação da emenda constitucional e, do lado dos parlamentares, qual será o custo/benefício eleitoral de dar aval ou rejeitar a reforma. É assim que pode ser traduzido o momento atual em Brasília, em que cada lado divulga, minuto a minuto, o “suposto” placar da votação da Previdência – o que determinará se a emenda vai ou não desembarcar no plenário. O último prazo, acertado entre o governo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi o dia 18 de dezembro, quase esgotado o tempo regulamentar.

Leandro Colon: Tão perto, tão longe

- Folha de S. Paulo

Há uma sensação estranha em Brasília: a de que o governo nunca esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe de aprovar a reforma da Previdência na Câmara.

A apenas duas semanas do início do recesso parlamentar, o presidente Michel Temer mexe as últimas peças para votá-la entre os dias 18 e 20.

O novo lance do Planalto foi anunciado sábado (9) à noite, após encontro entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia é antecipar para a próxima quinta-feira (14) o começo da discussão da proposta no plenário.

A estratégia não tem muito segredo. Servirá para que os líderes dos partidos da base governista, sob pressão para convencer seus deputados a votar pela reforma, usem o microfone para intensificar o apelo.

Tucanos resistem a plano de Alckmin para Previdência

Tucanos resistem a fechar questão sobre Previdência

Novo presidente do PSDB, governador paulista Geraldo Alckmin vai enfrentar dificuldades para convencer bancada da Câmara a votar em bloco pela reforma de Temer

Pedro Venceslau / O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente do PSDB, governador Geraldo Alckmin, já enfrenta resistências para cumprir seu primeiro desafio político à frente do partido e, assim, obrigar toda a bancada da Câmara a apoiar a reforma da Previdência, com discussão marcada para esta semana e votação prevista na próxima semana. Parte dos deputados rejeita uma eventual imposição da Executiva nacional da legenda e qualquer possibilidade de punição caso votem contra as mudanças nas regras da aposentadoria. A direção tucana ainda não decidiu sobre o tema.

O governador de São Paulo, pré-candidato à Presidência da República em 2018, surpreendeu até mesmo aliados ao defender essa proposta publicamente após a convenção na qual foi eleito, anteontem, em Brasília. Seu gesto, associado aos elogios à agenda de reformas e à política econômica do governo Michel Temer, foi bem recebido pelo Palácio do Planalto e pode abrir uma janela de negociação com o PMDB para a próxima eleição.

Aposentados e pensionistas já são 14,2% da população

Parcela dos beneficiários da Previdência disparou. Em 1992, eram 8,2%

Aposentadoria precoce agrava quadro fiscal e beneficia os mais ricos, mostra estudo do Ipea

O envelhecimento acelerado da população e as regras generosas da Previdência no país fizeram com que o número de brasileiros que recebem benefícios previdenciários disparasse. Eram 8,2% da população em 1992 e chegaram a 14,2% em 2015, segundo estudo do Ipea. No Estado do Rio, a parcela é ainda maior: 16,1%. E a aposentadoria precoce acentua a desigualdade de renda no país. Segundo a pesquisa, 79% da renda desses benefícios vão para os 30% mais ricos da população, informa Geralda Doca. Em Buenos Aires, o presidente Temer mostrou confiança na aprovação da reforma.

O peso dos benefícios

Previdência já sustenta 14,2% da população. Parcela de pensionistas e aposentados disparou

Geralda Doca / O Globo

BRASÍLIA - O impacto do envelhecimento da população brasileira na Previdência — um dos principais motivos para a reforma em discussão — já chegou. E apareceu bem antes de 2060, horizonte mirado pelo governo ao defender mudanças nas regras da aposentadoria, quando um terço dos brasileiros serão idosos. Estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a participação de aposentados e pensionistas na população total cresceu 72,1% em 23 anos. Em 1992, havia um beneficiário para cada 12 brasileiros. Já em 2015, a proporção era de um aposentado ou pensionista para cada sete brasileiros. Nesse período, a fatia dos inativos que recebem algum tipo de benefício passou de 8,2% para 14,2%, de acordo com dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

Eleito no PSDB, Alckmin encara três desafios

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Eleito presidente do PSDB, Geraldo Alckmin corre contra o tempo para firmar sua candidatura ao Planalto. Até março, precisa recompor o PSDB, vencer desconfianças de potenciais aliados como DEM e PMDB, para ganhar tempo na TV, e evitar uma debandada de tucanos na janela de março para o troca-troca partidário.

O governador de São Paulo terá tempo mais curto do que esperava. Ele queria sair com a candidatura definida da convenção de sábado, mas esbarrou na obstinação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, de disputar uma prévia para a indicação. A proposta teve o endosso de FHC e Tasso Jereissati.

Alckmin assume presidência do PSDB, mas divisões no partido persistem
Eleito presidente do PSDB, o governador paulista Geraldo Alckmin agora corre contra o tempo para firmar sua candidatura ao Palácio do Planalto. Até março de 2018, Alckmin precisa não apenas recompor o PSDB, como vencer a desconfiança de potenciais aliados como o DEM e o PMDB, partidos com grande tempo de rádio e televisão, e evitar uma debandada de tucanos na janela prevista para março para o troca-troca partidária. Nesse período, Alckmin sobretudo deve crescer nas pesquisas, onde frequenta a faixa dos 8%, e mostrar que pode ser um candidato efetivamente competitivo.

Crise no PSDB e crescimento de Bolsonaro são desafios de Alckmin

Governador aposta em alianças para chegar ao Planalto em 2018

Eduardo Bresciani / O Globo

BRASÍLIA - Eleito de forma quase unânime para presidir o PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem ainda uma longa corrida de obstáculos até o seu objetivo final: chegar ao Palácio do Planalto. Há desafios internos, como a posição do partido frente à reforma da Previdência do governo Michel Temer, e externos, como recuperar o espaço perdido para Jair Bolsonaro como contraponto à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E a lista é extensa.

As tarefas dentro da própria casa tucana estão entre as mais urgentes. Alckmin vai liderar essa semana o debate interno sobre a posição da legenda em relação à reforma da Previdência. Apesar de o tema ser uma bandeira programática do partido, metade da bancada ainda resiste a aprovar o projeto — o desejo é entregar cerca de 35 dos 46 votos na Câmara. A divisão sobre o tema ainda é uma sequela da disputa interna que praticamente obrigou o governador a assumir o comando da sigla, quando já eram fortes as trocas de acusações entre os que defendiam o apoio à gestão Temer e os que clamavam pelo desembarque imediato.

— Essa eleição do Alckmin foi um primeiro passo de uma caminhada. Não há porque esconder, nós vivemos uma crise profunda no PSDB. Vamos para 30 anos de existência e nunca houve nada perto disso. É uma crise que não é cosmética ou superficial e que exigirá ainda muito trabalho — afirma o deputado Marcus Pestana, secretário-geral da legenda.

Coluna do Estaão/O Estado de S. Paulo: Ciro e Lula combinam aliança para o 2° turno

O prazo a que Ciro Gomes (PDT) se impôs para viabilizar seu nome como candidato da esquerda na eleição de 2018 se esgotou há duas semanas. Depois de conversas com petistas, Ciro concluiu que não terá apoio do ex-presidente Lula. Interlocutores dos dois presidenciáveis dizem que estabeleceu-se um acordo: quem passar para o 2° turno apoia o outro. Na última Datafolha, o pedetista aparece em quinto lugar, com 6% das intenções de votos, contra 34% de Lula. No seu melhor cenário sem o petista, perde apenas para Jair Bolsonaro.

» Estrategista. Ciro começou a acelerar a montagem dos palanques regionais filiando novos nomes ao PDT. O mais recente foi o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que saiu do PV. Ciro está em busca de um nome no DF. Quer fortalecer sua campanha nos Estados.

» Ficou de fora. O ex-prefeito Fernando Haddad não tem dúvidas de que o PT já definiu o palanque Presidência-governo de SP. Quando perguntado sobre seu destino, responde: “É Lula e Luiz Marinho e ponto final.”

» Pela tangente. Ciente de que iria perder, o senador Cristovam Buarque pediu ao diretório do PPS, no sábado, para não deliberar sobre sua candidatura ao Planalto. Adiou a decisão para a convenção de março.

Painel/Folha de S. Paulo: DEM usará convenção para se firmar nacionalmente; Maia quer ‘falar para o Brasil’

Hora de semear Se ainda resta dúvida de que o DEM busca ocupar o espaço outrora designado ao PSDB, caciques do partido farão questão de deixar isso claro em sua convenção, dia 14. O ato terá forte caráter nacional. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) pretende falar sobre o que pensa para o Brasil e fazer enfática defesa da reforma da Previdência. A cúpula da sigla vai incluir o deputado na lista de presidenciáveis. Será um recado aos tucanos. Desta vez, o apoio a eles não virá por piloto automático.

Lição de casa Maia trabalha exaustivamente para ampliar o placar a favor das mudanças nas regras de aposentadoria dentro da própria sigla. Quer chegar a 24 votos de um total de 29 deputados.

Chá de camomila Integrantes do DEM avisaram a Geraldo Alckmin (PSDB-SP) que a decisão do partido sobre eventual apoio à candidatura do governador à Presidência não se dará tão cedo.

Dentro para fora Alckmin sabe que o jogo para 2018 será catimbado. Segundo aliados, ele aposta na capacidade de costurar alianças a partir de São Paulo.

Jogada casada José Serra (PSDB-SP) tem uma cartada valiosa para se consolidar como candidato ao governo do Estado. Se ficar com a vaga, leva o PSD de Gilberto Kassab para a órbita do tucanato.

Com quem andas Aliados de Alckmin dizem que a convenção do PSDB recebeu o apoio de diversos partidos e negam qualquer sinal de isolamento. Além de dirigentes do PPS, PSB, PR e PTB, afirmam que nomes do DEM e do PSD prestigiaram o ato.

Lula caçoa do País: Editorial/O Estado de S. Paulo

Que Lula tem escasso apego à realidade e à verdade, nem mesmo os petistas mais ingênuos são capazes de negar. Aliás, pode-se dizer que, para essa gente, uma de suas grandes “qualidades” é justamente a de sustentar suas patranhas palanqueiras mesmo diante de dados e informações que as desmentem categoricamente – afinal, se os fatos contrariam o falatório de Lula, pior para os fatos. Mas nos últimos dias, durante visita do chefão petista ao Rio de Janeiro, essa capacidade de caçoar do País atingiu o estado da arte.

Para começar, o ex-presidente atribuiu as agruras do Rio à Operação Lava Jato. “A Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio”, discursou Lula, em referência aos efeitos da ação anticorrupção na Petrobrás. “Se um empresário errou, prende o empresário. Mas não quebra a empresa, porque quem paga é o trabalhador. Porque dizem que meia dúzia roubou, não pode causar o prejuízo que estão causando à Petrobrás”, disse Lula.

O discurso é uma inacreditável coleção de afrontas. Ao contrário do que diz Lula, a Lava Jato ajudou a salvar a Petrobrás, livrando-a dos diretores corruptos que ali estavam para pilhá-la e para distribuir o fruto do roubo entre os partidos que sustentavam os governos petistas. O saneamento da maior estatal brasileira deve muito à depuração proporcionada pela Lava Jato, que ajudou a recuperar quase R$ 1,5 bilhão em recursos desviados.

Casuísmo 'do bem': Editorial/Folha de S. Paulo

Com exceção dos próprios envolvidos, além de seus familiares e advogados, não houve decerto quem tenha comemorado a decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro revertendo a prisão de seu presidente, Jorge Picciani (PMDB), e dos deputados estaduais Edson Albertassi e Paulo Melo, do mesmo partido.

Em razão de uma formalidade jurídica, os três parlamentares foram reconduzidos ao presídio de Benfica, cumprindo a determinação da Justiça Federal.

Enquanto não se examina a culpabilidade concreta de Picciani e seus aliados, o episódio de sua frustrada liberação pela assembleia se torna objeto de complexa discussão jurídica no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

É possível impor-se a prisão de um parlamentar? A Constituição só a admite em caso de crimes inafiançáveis cometidos em flagrante –e ainda assim desde que haja autorização por parte da Casa legislativa a que pertence o acusado.

Com a ajuda da crise: Editorial/O Globo

Sob o termo ‘direitos’ há dispositivos anacrônicos que, na prática, prejudicam o trabalhador

Não é por acaso que na atual crise há um acúmulo de problemas que têm relação com o peso excessivo do Estado na vida da sociedade. Seja como tutor dos supostamente mais fracos ou como provedor de aposentados e pensionistas, muitos dos quais, devido à visão paternalista com que normas previdenciárias de cunho assistencialista foram redigidas, ainda em condições de trabalhar.

O Estado que emergiu da Constituição de 1988, descendente direto do assistencialismo e parente de uma visão de mundo com tinturas dirigistas — soterrada no ano seguinte ao da promulgação da Carta, simbolicamente, pela demolição do Muro de Berlim, marco da derrocada do “socialismo real” — tornou-se caro demais para o contribuinte brasileiro.

Lula só confunde e nada explica nas caravanas: Editorial/Valor Econômico

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu, no último fim de semana, a etapa mais difícil de suas viagens pelo país, neste ano. Depois de percorrer o Nordeste e Minas Gerais, o ex-presidente, desta vez, se aventurou nas terras do Espírito Santo, onde o PT é praticamente inexistente, e do Rio de Janeiro, onde ganhou com folga as eleições para seus dois mandatos e ajudou a eleger Dilma Rousseff e o ex-governador Sérgio Cabral, mas agora apenas disputa a primazia das pesquisas com o ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro, deputado que está de saída do PSC para o Patriotas (PEN).

As Caravanas da Cidadania realizadas nas presidenciais em que o PT estava na oposição, antes de 2002, tinham um certo romantismo e serviram para que Lula mostrasse o que a esquerda tinha a oferecer ao país, caso chegasse ao Palácio do Planalto. Atualmente, não são uma sombra do que já foram e servem mais para confundir do que para explicar as razões pelas quais Lula quer um terceiro mandato - o quinto do PT - de presidente. À frente da trupe, Lula não hesita em distorcer fatos e posar de vítima, papel que desempenha como ninguém.

A recuperação se espalha: Editorial/O Estado de S. Paulo

A maré da recuperação já se espalhou pela maior parte da indústria, como confirmam os dados de outubro, quando a produção foi 0,2% maior que em setembro. O volume produzido cresceu em 15 dos 24 ramos cobertos pela pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento foi contabilizado em 61,9% das linhas de mercadorias, incluídos produtos tão variados quanto artigos farmacêuticos, tecidos, móveis e equipamentos mecânicos. Essa foi a mais ampla difusão de números positivos desde abril de 2013, quando o indicador chegou a 66,7%. Esse balanço reforça a imagem de uma economia em firme recuperação. Essa imagem foi claramente mostrada no balanço geral do período de julho a setembro, quando o Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu 0,1%, acumulando três trimestres consecutivos de crescimento. O desempenho da indústria no começo do trimestre final consolida a expectativa de um fim de ano bem melhor que o de 2016 e – mais importante – de um ambiente de negócios bem mais animado em 2018.

Tucanos atacam PT e apelam por reforma em convenção

Alckmin é eleito presidente do PSDB em evento que se transformou em ato de apoio à mudanças na Previdência

Anne Warth, Daiene Cardoso, Felipe Frazão, Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo, 10/12/2017


BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez ontem duras críticas ao ex-presidente Lula e ao PT, defendeu a reforma da Previdência e acenou ao presidente Michel Temer. Eleito presidente do PSDB, Alckmin aproveitou a convenção tucana para apresentar um discurso de candidato ao Palácio do Planalto. “O governo Temer herdou uma situação calamitosa e está trabalhando para sair desse quadro”, afirmou. Além de Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu mudanças na Previdência. FHC afirmou que o atual sistema ficou “insustentável” e deve ser mudado “sem medo”.

Alckmin culpa Lula por ‘maior recessão’ do País

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, eleito presidente do PSDB ontem, em Brasília, fez críticas enfáticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT, defendeu a reforma da Previdência e acenou ao governo Michel Temer. Alçado para conduzir a sigla após uma crise em torno da sucessão de Aécio Neves (MG) e da permanência na base aliada do peemedebista, Alckmin aproveitou a convenção nacional tucana para apresentar um discurso de candidato ao Palácio do Planalto na eleição de 2018.

FHC cobra votação em favor da Previdência

Ex-presidente afirmou que o atual sistema ficou ‘insustentável’ e disse que o PSDB não pode ter ‘medo das eleições’ para analisar a questão

Daiene Cardoso, Felipe Frazão e Anne Warth / O Estado de S.Paulo (10 Dezembro 2017)

BRASÍLIA - A reforma da Previdência foi defendida ontem por tucanos durante a convenção nacional da sigla, em Brasília. Além do governador paulista Geraldo Alckmin, eleito presidente do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma defesa enfática das mudanças. FHC afirmou que o atual sistema ficou ‘insustentável’ e deve ser mudado sem “medo”. Mas nem mesmo a cobrança levou o partido a fechar questão sobre o tema.

“Temos de ter palavras diretas para falar ao povo o que acreditamos. Temos história, fizemos muita coisa neste País. Muitas vezes, lutei com o Congresso para dizer que a Previdência seria insustentável. Temos de votar a reforma da Previdência”, disse o ex-presidente.

FHC afirmou ainda que a discussão sobre o tema não deve estar vinculada ao medo de impacto na disputa eleitoral. “Não podemos fechar os olhos. Temos de explicar o porquê votamos sem medo das eleições. Ganhei do Lula duas vezes”, afirmou, cobrando “energia” do partido sobre a questão.

Alckmin defende que PSDB feche questão na reforma da Previdência

Tucano afirma que vai convocar reunião esta semana para debater apoio

Eduardo Bresciani e Maria Lima / O Globo, 10/12/2017

BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que assumiu ontem a presidência do PSDB, anunciou em entrevista a convocação de uma reunião da legenda para debater a reforma da Previdência. Ele disse ser pessoalmente favorável a que o partido feche questão sobre o tema, o que significaria aplicar punição a quem votar contra.

— Eu pessoalmente sou favorável, já fiz a reforma em 2011 em São Paulo. Minha posição pessoal é pelo fechamento de questão — disse Alckmin.

Ele ressaltou que o estatuto do partido exige maioria absoluta tanto na Executiva quanto na bancada da Câmara. Afirmou que vai ouvir a bancada e fazer uma reunião sobre o tema nesta semana. O partido tem 46 deputados.

O candidato já tinha abordado o tema no seu discurso na convenção. Afirmou que o partido tem “compromisso com as reformas que vão dar condições para o Brasil voltar a crescer”. E afirmou que a mudança na Previdência “é necessária para não termos brasileiros de duas classes”.

Anti-Lula, Alckmin assume PSDB com aceno a Temer

Eleito presidente do PSDB quase por unanimidade, o governador Geraldo Alckmin fez discurso de pré-candidato ao Planalto. Em tom claro de ataque ao ex-presidente Lula, ele defendeu a reforma da Previdência e a política econômica do governo Temer.

Aceno a Temer e ataque a Lula

No discurso como presidente do PSDB, Alckmin fala como pré-candidato e defende governo

Eduardo Bresciani, Maria Lima, Sílvia Amorim* e Vinicius Sassine / O Globo

BRASÍLIA - Após ser eleito presidente nacional do PSDB quase por unanimidade — foram apenas três votos contra e uma abstenção —, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, informalmente lançado ontem como pré-candidato do partido à Presidência da República, em 2018, fez um discurso no qual pregou a unidade da legenda, fez ataques ao PT e acenos ao governo do presidente Michel Temer e a partidos do centrão. A corrupção e a Lava-Jato ficaram fora da fala do tucano.

Em um discurso de cerca de 20 minutos, o tucano pregou a unidade do PSDB, defendeu as reformas e a modernização do estado brasileiro, e se apresentou como oposição a Lula e ao PT, hoje polarizado com o deputado Jair Bolsonaro na corrida presidencial.

— Registrem-se os esforços do atual governo que, pouco a pouco, começa a reversão da tragédia econômica em que o país foi colocado. O PSDB reitera sua disposição no âmbito do Congresso na aprovação de reformas necessárias ao nosso país — disse Alckmin.

Quase todas as lideranças tucanas presentes no palanque discursaram defendendo o engajamento em sua candidatura ao Planalto a partir de já. A exceção foi o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que reafirmou sua pré-candidatura e foi o obstáculo na convenção à aclamação do governador paulista. Se Virgílio se mantiver irredutível, ele deve disputar prévias com o governador paulista entre fevereiro e março.

Alckmin: ‘Lula diz que quer voltar ao poder, quer voltar à cena do crime’

A Íntegra do discurso - O Globo, 10/12/2017

Companheiras e companheiros, quero saudar o Alberto Goldman nosso presidente, Fernando Henrique, nosso Arthur Virgílio. Quero dizer da legitimidade, Arthur, da sua pré-candidatura, que honra o nosso partido, da sua história de vida, um dos melhores senadores e prefeitos do nosso país. Quero saudar o Marconi, o Serra, João Doria, Silvinho, governador Beto Richa, saudando nossos governadores. Queridíssimo Tasso Jereissati. Montoro dizia: “o futuro começa hoje e ele se chama juventude". Quero saudar a juventude do partido, o PSDB diversidade e as mulheres. Quero agradecer aos outros partidos que nos honram com suas presenças. O PPS, PSD, PSC, PR, PSB, PTB, mas em especial saudar a nossa militância. Estou honrado pela confiança para presidir a nossa social-democracia brasileira. Quero fazer uma saudação especial a um estadista que é o presidente Fernando Henrique. O presidente mudou para sempre as bases da economia brasileira e será sobre ela que nosso partido vai trabalhar. Quero agradecer a generosidade de dois grandes líderes, o senador Tasso Jereissati e o meu colega Marconi Perillo. São esteios do nosso partido. Agradeço ao governador Goldman por esse período de transição. Agradeço ao José Aníbal que comandou com maestria nosso ITV (Instituto Teotônio Vilela).

O trabalho iniciado pelo PSDB é uma obra inacabada. Temos compromisso com as reformas e princípios que vão dar condições para que o Brasil volte a crescer. Nós sabemos como chegar lá porque acreditamos em políticas públicas perenes e não em bravatas, marketing. O PSDB é um instrumento da modernização do Brasil que nós queremos, inserido na economia internacional, o Brasil desburocratizado, de uma agenda competitiva. Estamos posicionados para uma agenda moderna, do século 21, vamos perseguir a inovação, de forma obsessiva. O conhecimento e a imaginação guiando o futuro a passos largos.

Alckmin assume PSDB e elogia agenda de Temer

Talita Fernandes, Bruno Boghossian, Daniel Carvalho e Thais Bilenky/Folha de S. Paulo, 10/12/2017

BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu neste sábado (9) o comando do PSDB com um aceno ao governo Michel Temer (PMDB) em um esforço para manter canais abertos para uma aliança em torno de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2018.

Com ataques ao PT, o paulista foi eleito presidente da sigla em um evento que abafou as cobranças de grupos tucanos que defendiam um rompimento contundente da sigla com Temer.

Os principais críticos do governo, em especial a ala de deputados mais jovens, ficaram apagados durante a convenção.

Em seu discurso, Alckmin poupou Temer de críticas e chegou a enaltecer o trabalho do presidente pela aprovação de reformas econômicas.

"Registre-se os esforços do atual governo, que pouco a pouco começa a reversão da tragédia econômica em que o país foi colocado", disse o governador paulista.

O gesto de Alckmin, embora tímido, contém uma mudança de tom e de estratégia em relação a sua candidatura presidencial. O tucano planejava se manter afastado do PMDB de Temer e de parte das siglas de sua base, por considerar que a impopularidade do presidente prejudicaria sua campanha.

Alckmin defende que tucanos votem a favor da reforma da Previdência

Daniel Carvalho, Bruno Boghossian, Talita Fernandes,Thais Bilenky / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA- Após assumir a presidência do PSDB, o governador Geraldo Alckmin (SP) adotou discurso mais enfático em apoio à agenda econômica do governo Michel Temer e defendeu que deputados tucanos sejam obrigados a apoiar a reforma da Previdência.

"Minha posição pessoal é pelo fechamento de questão [determinação do partido para que todos os deputados votem de uma mesma forma sob pena de punição]", disse em entrevista após a convenção.

"Mas essa não é uma decisão só da Executiva, é também da bancada, pelo estatuto. O caminho agora é o do convencimento", afirmou o governador. Ele prometeu marcar reunião com parlamentares tucanos sobre a questão na semana que vem.

Em seu discurso, instantes antes, Alckmin havia endossado a pauta das reformas do Estado, em uma tentativa de vincular o PSDB a essa agenda, e responsabilizou o PT pela recessão dos últimos anos.

"Temos compromisso com as reformas que vão dar condições para o Brasil voltar a crescer. Sabemos como chegar lá, acreditamos em políticas públicas perenes, e não em bravatas de marketing."

Eliane Cantanhêde: Semana de horrores

- O Estado de S.Paulo, 10/12/2017

Convenção do PSDB fechou uma semana de escárnio e irritação na política

A convenção nacional do PSDB encerrou ontem uma semana de horrores na política, com personagens relevantes produzindo cenas inacreditáveis de escárnio. Lula choca pela cara de pau, a oposição mergulha no mais irresponsável populismo, a base governista dá shows de fisiologismo e os tucanos afundam em descrédito, enquanto o governo vai perdendo a guerra que realmente interessa ao País: a reforma da Previdência.

O troféu cara de pau vai para Lula, sempre ele, que aproveitou um comício em Maricá, único município do Rio governado pelo PT, para pronunciar duas barbaridades. Segundo ele, “a Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio”. E mais: “Porque dizem que meia dúzia roubou, não podem causar o prejuízo que estão causando à Petrobrás”. É de amargar.

Quem quebrou o Rio foi a Lava Jato?! E quem quase quebrou a Petrobrás, liderando aquela “meia dúzia”?! Você responde, porque o juiz Sérgio Moro, ocupadíssimo tentando dar um jeito no que fizeram não só no Rio, mas no País, avisa que não bate boca com condenado.

Merval Pereira: Argumento Eleitoral

- O Globo, 10/12/2017

A reforma da Previdência já é o tema da campanha de 2018. Providencialmente para o governo Temer, a reforma da Previdência se transformou no tema central da campanha presidencial que já começou, mesmo que indiretamente. Depois de tempos patinando sem encontrar argumentos políticos convincentes de mobilização de sua base para a aprovação do projeto, o governo ganhou inesperadamente o argumento que faltava: PT e PSDB, cada qual à sua maneira, se colocam contra a reforma, aquele escancaradamente; este subrepticiamente, porque receiam que a reforma alavanque a economia, levando água para o moinho governista.

Essas atitudes partidárias de potenciais adversários estão convencendo a base governista na Câmara de que talvez o risco imediato de desagradar a eleitores se transforme em trunfo de médio prazo, fazendo com que governistas disputem a eleição em condições econômicas favoráveis, com desemprego em baixa e investimentos em alta.

*Pedro S. Malan: Previdência e segurança – o peso do passado

- O Estado de S.Paulo, 10/12/2017

Da resistência às reformas indispensáveis para que o País cresça de forma sustentada

“Os homens fazem sua própria história. Não como bem a entendem, não em circunstâncias por eles escolhidas, mas sob condições dadas e transmitidas pelo passado” Marx, 1852

Nosso passado mostra que nunca se deve subestimar a tendência do público de reivindicar, ao mesmo tempo, impostos baixos e governo grande. E tampouco a capacidade de políticos de atender a essas reivindicações dissimulando a conta e/ou endividando as gerações futuras. É a “tributação dos ausentes”, na feliz expressão de Gustavo Franco.

Este artigo comenta dois casos exemplares, ainda que não raros, de resistência às reformas indispensáveis para que o País possa crescer de forma sustentada, sem o risco de recaídas nas recorrentes armadilhas que armamos, por ações e omissões do governo e/ou da sociedade.

O primeiro são as longas idas e vindas sobre a votação da reforma da Previdência. Trata-se de uma dentre várias reformas que teremos que fazer um dia. Os custos da procrastinação – em termos de crescimento, renda, emprego e percepção de investidores sobre finanças públicas – serão crescentes, para um País que almeja tornar-se rico antes de tornar-se velho. O sistema atual é insustentável – é o que não podem ignorar as pessoas de boa-fé, dotadas de honestidade intelectual, espírito público e algum interesse pela evidência empírica disponível. A população brasileira cresce a uma taxa, declinante, de 0,7% ao ano. A população de aposentados, por sua vez, aumenta a uma taxa, crescente, cinco vezes maior. A reforma é urgente.

José de Souza Martins: Atraso e poder

- Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

O Brasil retrógrado custa caro. Para amaciar a consciência dos deputados que poderiam assegurar o mandato presidencial no embate recente, o governo comprometeu mais de R$ 20 bilhões. Foi para saciar a fome de benefícios tópicos do localismo brasileiro. Mais uma derrota do nosso republicanismo de mera colagem artificial de instituições modernas na armadura de um arcaico municipalismo, cujas funções sofreram poucas mudanças desde a criação do primeiro município brasileiro, São Vicente, em 1532. Funções alimentadas por recíprocas dependências dos que podem muito em relação aos que nada podem.

Somos dominados pela suposição completamente falsa de que o Brasil só pode ser moderno e desenvolvido se dominado pelo absolutismo do lucro. Os números astronômicos das propinas amaciantes semeiam a generalizada desconfiança de que medidas duras em relação aos ganhos e direitos já modestos dos que vivem de trabalho e salário são obra de quem não sabe o que é desenvolvimento econômico com desenvolvimento social.

Fernando Pessoa: Basta pensar em sentir

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.