quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Atos terão 2 mil militantes como seguranças

Por Sérgio Ruck Bueno* e Cristiane Agostine | Valor Econômico

PORTO ALEGRE E SÃO PAULO - Duas mil pessoas farão o esquema próprio de segurança das manifestações em Porto Alegre a favor da absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no dia 24. No total, a Frente Brasil Popular, formada por partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais, espera reunir 50 mil pessoas nas atividades programadas para a semana do julgamento da apelação do petista contra a condenação a nove anos e seis meses de prisão imposta a ele no ano passado pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba.

Em entrevista ontem, organizadores das manifestações reafirmaram a intenção de promover atos pacíficos em defesa da inocência e do direito de Lula ser candidato à Presidência neste ano. "Não nos interessa qualquer tipo de conflito; isso só interessa aos que não querem que a manifestação aconteça nem reconhecem a vontade popular", disse o vice-presidente do PT no Rio Grande do Sul, Carlos Pestana. "Não é o que queremos", disse a vice-presidente estadual do PCdoB, Abgail Pereira.

Segundo o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, a segurança será feita principalmente por dirigentes das centrais sindicais, do MST e da Via Campesina. Eles serão responsáveis por garantir a organização dos deslocamentos e dos eventos e evitar a ação de provocadores infiltrados.

"Se encontrarmos algum mascarado, será convidado a retirar a máscara. Se ele se recusar, será convidado a se retirar. E se resolver encrencar e atrapalhar a manifestação, vamos chamar a polícia", disse Nespolo. De acordo com ele, os apoiadores do ex-presidente farão um ato "com civilidade" e os adversários de Lula "têm que cuidar é do MBL, que não tem CNPJ nem endereço fixo como nós".

Questionado se a entrevista da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) ao site Poder 360, de que "para prender Lula vai ter que matar gente", não contradiz as declarações em defesa de manifestações pacíficas, Pestana negou. "Foi a fala de quem está muito indignada com a injustiça que está sendo cometida contra Lula."

Conforme Nespolo, as 50 mil pessoas esperadas para os três dias até a data do julgamento virão principalmente do interior do Rio Grande do Sul, de onde devem partir caravanas com pelo menos 300 ônibus, de Santa Catarina, do Paraná, de outros Estados, da Argentina e do Uruguai. A Frente Brasil Popular ainda está negociando com o Ministério Público Federal (MPF) um local para a instalação do "acampamento da resistência" o "mais próximo possível" do TRF-4 para servir de referência para os manifestantes, disse o dirigente.

A programação da semana do julgamento começa com um encontro internacional de representantes de partidos de esquerda e uma reunião de juristas que defendem a inocência de Lula, às 9h e às 18h do dia 22, respectivamente. No dia seguinte, às 9h haverá um encontro de mulheres com a participação da ex-presidente Dilma Rousseff e de Gleisi Hoffmann e às 16h, um painel local do Fórum Social Mundial na Assembleia Legislativa do Estado.

No fim da tarde de terça-feira haverá uma manifestação no centro de Porto Alegre e uma caminhada até o "acampamento da resistência". No dia do julgamento, marcado para iniciar às 8h30, os defensores de Lula farão uma "vigília" nas proximidades do TRF-4, que estará cercado por um forte esquema de policiamento.

Em São Paulo os grupos pró e contra Lula marcaram atos no dia do julgamento no mesmo local, a avenida Paulista. A Polícia Militar afirmou que, dessa forma, há "ameaça quanto à integridade física e segurança dos participantes", e pediu uma manifestação do Ministério Público Estadual.

Ontem houve uma reunião entre representantes do MBL e do Revoltados Online - contrários a Lula - e da CUT e CTB com a PM para tentar um entendimento em relação ao local das manifestações, mas não houve acordo. Grupos contrários ao ex-presidente divulgaram nas redes sociais o ato "CarnaLula - pela prisão do chefe do petrolão", em frente ao Masp, às 10h. Já a CUT e movimento sociais planejam um ato em defesa de Lula, com apoio à sua candidatura presidencial, a partir das 17h, na Fiesp, que fica a 250 metros do Masp.
*Para o Valor

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