sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

PSDB será protagonista na unificação do país, diz Alckmin

Gabriela Sá Pessoa / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse estar de acordo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso : o Brasil precisa, em 2018, de uma candidatura que unifique o país.

Em um ponto, porém, os dois pareceram discordar. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", FHC indicou que o PSDB poderá apoiar outra candidatura que não a tucana, caso outro nome demonstre mais capacidade de articular as forças de centro. Alckmin, por sua vez, defendeu o protagonismo do PSDB no processo eleitoral.

Nesta quinta (4), Alckmin disse a jornalistas que concorda com FHC ("precisamos unir o Brasil e vamos trabalhar para unir o país, é isso que o presidente Fernando Henrique defende e nós também") e completou: "O PSDB será protagonista no trabalho de unir o país e retomar o crescimento".

O tucano disse que defenderá uma agenda "reformista e de competitividade". Também afirmou que, nesta etapa da corrida eleitoral, é natural que diversos nomes surjam como potenciais competidores: "Ninguém vai dizer que não tem candidato agora".

Ao jornal, FHC afirmou que a eleição de 2018 exigirá candidatos que saibam se comunicar. Questionado se vê a si mesmo como um político desse perfil, Alckmin disse que "a humildade" não o permitia o "autoelogio".

"Não sou fruto nem de dinastia política —meu pai, meu avô, meu bisavô, ninguém—, nem de riqueza pessoal. Sou fruto do povo. Aos 25 anos de idade, eu estava na periferia da minha cidade, trabalhando junto com o povo", afirmou o governador.

REAJUSTE
O governador e presidente nacional do PSDB convocou a imprensa para anunciar o reajuste salarial de 3,5% a servidores do Estado. É a primeira correção salarial neste mandato a beneficiar todas as categorias, especialmente professores, que receberão 7%, e policiais, que terão reajuste de 4%.

O impacto do reajuste será de R$ 2,4 bilhões no orçamento de 2018, incluindo aposentados e pensionistas. O projeto de lei será encaminhado pelo governo à Assembleia Legislativa em 1º de fevereiro, quando a Casa retomará os trabalhos, e terá efeito retroativo quando aprovada.

Alckmin admitiu a defasagem salarial no Estado, que atribuiu à queda de arrecadação dos últimos três anos. Segundo ele, o aumento não compensa a inflação acumulada no período, mas é um esforço de recuperação. Desde 2015 a novembro de 2017, a inflação acumulada foi de 20,7%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), usado na correção salarial.

O tema foi um dos pontos de tensão entre o governo e sua base na Assembleia Legislativa em 2017. Praticamente não houve sessão em que o tema do funcionalismo não viesse à tona, puxado por deputados que representam categorias como Coronel Telhada (PSDB) e Coronel Camilo (PSD).

Os ânimos se exaltaram particularmente na discussão do projeto de lei do governo que estabeleceu um teto de gastos públicos no Estado de acordo com a inflação. Uma emenda, proposta pelo líder de Alckmin, Barros Munhoz (PSDB), excluiu do limite de gastos o reajuste salarial a servidores.

Aliado do governo, Camilo diz que "qualquer valor de reajuste é bem-vindo", mas que os 4% recompõem a diferença salarial apenas do último ano. Representante dos policiais, o deputado diz que a categoria não tem mudanças nos vencimentos há três anos e meio. A expectativa, segundo ele, era de uma correção entre 9% e 10%.

"Podia ser melhor [o reajuste] pela pujança do Estado, já que o governo declarou que economizou R$ 1 bilhão a um custo muito caro para o funcionalismo", diz o coronel. "Acho que tinha condição de chegar a 9% [para policiais]."

Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), diz que há duas defasagens: a do último reajuste, de 2014, e em relação ao piso nacional dos professores.

"Nossa defasagem já é de 24%, se considerar o nosso poder de compra em agosto de 2014. E a defasagem do piso pago aqui no Estado em relação ao nacional, até dezembro de 2017, é de 10,15%. Entramos na Justiça e ganhamos a ação judicial, nas duas instâncias. O governo recorreu e postergou para não pagar", comenta a sindicalista.

Segundo Noronha, a categoria continuará se manifestando por maior reajuste e uma paralisação de professores não está descartada. "Não só depende do reajuste, como do processo de atribuição de aulas e superlotação de salas. Temos um processo pesado de mobilização", ela diz.

TETO
Ainda sobre o funcionalismo, o governador se disse contrário à aprovação de uma proposta de emenda constitucional que eleva o teto estadual, equiparando os vencimentos de São Paulo aos do Judiciário.

O projeto também é motivo de tensão entre aliados do governador, que disseram só ter votado a emenda de Munhoz e a liberação de empréstimos para o Estado se, em troca, o presidente da Casa colocasse o aumento do teto em pauta. "A Alesp foi muito correta [ao não pautar o projeto]. Não é o momento adequado", disse o tucano.

O anúncio do reajuste salarial, segundo Alckmin, não se trata de uma benesse em ano eleitoral. "A verdade sempre prevalece. Não podíamos dar reajuste com a arrecadado em queda. O Estado, diferente do governo federal, não pode ter deficit", disse.

A notícia vem dias depois da decisão da Prefeitura de São Paulo e do Estado de aumentar a tarifa dos transportes públicos. De acordo com o governador, as passagens não eram reajustadas havia dois anos e foram recalculadas por um valor abaixo da inflação.

Os valores passam a valer em 7 de janeiro e já há protestos marcados para o dia 11. "Respeito [as manifestações]. As pessoas têm o direito de protestar, desde que não atrapalhe a vida das outras pessoas", disse o governador.

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