terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Alckmin confirma Persio Arida como coordenador de programa econômico

Economista foi um dos formuladores do Plano Real

Géssica Brandino, Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou nesta segunda-feira (19) que terá o economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, como o coordenador do programa econômico de sua provável campanha à Presidência.

A informação foi antecipada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A Folhanoticiou em janeiro que havia conversas avançadas entre Arida e o presidenciável tucano.

Com a escolha, Alckmin sinaliza a linha liberal de sua candidatura.

Favorável a privatizações, Arida endossa o discurso em defesa de reformas econômicas e o enxugamento do tamanho do Estado.

Ao "Estado", o economista defendeu, entre outras medidas, "aumentar a segurança jurídica, privatizar, fazer uma boa reforma tributária, abrir a economia, assegurar a concorrência, evitar artificialismos e controles de preços".

Procurado pela Folha, ele não quis se pronunciar.

Em agenda oficial nesta segunda, Alckmin declarou que Arida trabalhará sob o lema do "crescimento e inclusão".

O governador listou como parte do programa de governo a abertura da economia, agenda de competitividade e de reformas para "tirar as amarras do desenvolvimento" e "desburocratizar".

Sobre inclusão, o tucano afirmou que trabalhará o crescimento econômico "sem deixar ninguém para trás" e falou da necessidade de "ter olhos e ações para aqueles que mais precisam".

HISTÓRICO
Filiado ao PSDB de 1993 a 2012, Arida integrou a equipe econômica do governo Itamar Franco como presidente do BNDES, período em que ajudou a formular o Plano Real.

Quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) assumiu a Presidência, em 1995, Arida foi escolhido para comandar o Banco Central. Mas a gestão foi turbulenta.

Nos seis meses em que ficou à frente do BC, o economista foi criticado por empresários e parlamentares pela política de juros. Sofreu desgaste ao mudar a política cambial, provocando tumulto no mercado financeiro.

Teve atritos com o então governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), a quem Alckmin sucederia. À época, o BC assumiu a administração do Banespa com disposição de privatizá-lo, e Covas resistia.

Ao voltar para a iniciativa privada, Arida se associou a Daniel Dantas no Opportunity em 1996, e em 2008 ao BTG, fundado por André Esteves.

Quando Esteves foi preso, em 2015, na esteira da Operação Lava Jato, Arida assumiu a presidência do BTG Pactual. Em maio do ano passado, ele se desligou do banco para tocar projetos de "interesse intelectual", segundo anunciou oficialmente.

HUCK
O anúncio de Alckmin ocorre dias depois de o apresentador Luciano Huck reiterar que não será candidato a presidente em 2018.

O apresentador tinha a simpatia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de economistas ligados ao PSDB como Armínio Fraga, que disse, ao jornal Valor Econômico, esperar que os potenciais votos de Huck migrem para o tucano.

Sem Huck, tende a aumentar a possibilidade de Alckmin assumir o espaço de "candidato de centro", disputado por nomes como o presidente da Câmara, rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para a campanha do tucano, a área econômica é sensível. Uma das teclas em que o governador bate é a comparação da saúde econômica de São Paulo com a do país. Um de seus motes é: "Enquanto o Brasil ficou no vermelho na sua maior recessão, São Paulo ficou no azul".

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