domingo, 18 de fevereiro de 2018

Antigo porto seguro tucano, Sul resiste a Alckmin

Pré-candidato tem apenas 7% das intenções de voto na região, patamar mais baixo desde as eleições de 2006

- Silvia Amorim/ O Globo

SÃO PAULO - Após 12 anos, a hegemonia de presidenciáveis do PSDB no Sul do país está ameaçada. O pré-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin encontrará este ano a situação mais adversa que seu partido já teve desde 2006 na região. O surgimento de concorrentes no campo político conservador — o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e o senador Álvaro Dias (Podemos) — e o desgaste do PSDB em nível local são os principais fatores para o afastamento do eleitorado dos tucanos.

No melhor dos cenários, Alckmin tem a preferência hoje de 7% dos eleitores no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conforme pesquisa Datafolha de janeiro. É o patamar mais baixo registrado por um presidenciável da sigla no início de um ano eleitoral desde 2006. Em 2014, o senador Aécio Neves oscilava entre 12% e 17% e, em 2010, o senador José Serra ostentava índices, hoje inimagináveis, de 45% a 48% — em 2006, o próprio Alckmin registrava cerca de 15% de intenções de voto.

O Sul sempre foi um porto seguro para o PSDB, partido mais votado na região nas últimas três eleições presidenciais. Ironicamente, Alckmin, que hoje patina nas pesquisas, é o campeão de votação entre os tucanos no Sul, com 8 milhões de votos em 2006.

Para o PSDB, abrir uma ampla vantagem de votos no Sul não é apenas questão de manter uma tradição. É algo historicamente estratégico para o partido porque ajuda a compensar os baixos índices de votação que a sigla obtém no Nordeste, tradicional reduto do PT.

NOVOS RIVAIS NO SUL
Mesmo com as indicações de que 2018 deve ser uma eleição diferente das três anteriores, aliados de Alckmin afirmam que não há como fugir dessa geografia dos votos. Ele precisará recuperar parte dos eleitores perdidos nessa região para ir ao segundo turno.

Entretanto, no Sul, o pré-candidato do PSDB enfrenta uma dificuldade inédita. Além de tentar recuperar o eleitor que está com Bolsonaro — com quem deve rivalizar no país inteiro —, Alckmin terá que se preocupar com o ex-tucano Álvaro Dias, eleito senador em 2014 com 77% dos votos no Paraná.

A perda da preferência do eleitorado sulista é apenas mais um dos dissabores de Alckmin. Na semana passada, o governador de São Paulo respirou aliviado com a desistência do apresentador Luciano Huck da disputa eleitoral. Mas outros desafios permanecem, entre eles consolidar-se como candidato único do campo político de centro, pacificar a própria base de partidos para sua sucessão em São Paulo, lidar com a concorrência do prefeito João Doria e construir um arco de alianças competitivo.

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