quarta-feira, 7 de março de 2018

'Habemus candidato', diz Alckmin ao assumir pré-candidatura

Tucano disse que irá deixar o governo de São Paulo no dia 6 de abril

Estelita Hass Carazzai | Folha de S. Paulo

WASHINGTON - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu nesta terça (6) sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PSDB, depois de um processo de prévias internas em que foi o único inscrito.

“Publicamos edital, eu fui o único inscrito e, portanto, habemuscandidato”, afirmou, em entrevista à imprensa em Washington.

Alckmin confirmou que irá deixar o governo de São Paulo no dia 6 de abril, prazo máximo para a desincompatibilização a fim de disputar a eleição. Depois, afirmou que irá viajar o Brasil “de Norte a Sul, de Leste a Oeste” e trabalhar na campanha “full time” [em tempo integral].

Durante a entrevista, que durou 45 minutos, o tucano já apresentou uma plataforma de campanha: afirmou que, se eleito, irá propor ainda no primeiro semestre do governo uma reforma política, a fim de diminuir o excesso de partidos no país.

Também declarou que quer simplificar o modelo tributário, criando um único imposto para substituir cinco tributos, e investir na reforma da previdência.

Sua prioridade, segundo afirmou, será fazer o Brasil crescer. O economista Pérsio Arida será o coordenador da área econômica da campanha, e já começou a trabalhar numa plataforma para recuperar a economia brasileira e gerar empregos.

O tucano não quis comentar possíveis nomes para sua vice, e disse que mantém conversas com diversos partidos, sem revelar quais.

Sobre a disputa interna no PSDB, da qual o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, se retirou afirmando que as prévias seriam “uma fraude”, Alckmin afirmou que o oponente foi “injusto” com ele e com o partido, que abriu as inscrições para os interessados em se candidatar.

“A única coisa que eu concordo [com Virgílio] é que eu sou meio jeca”, declarou.

A inscrição para as prévias do PSDB, que seriam realizadas no dia 18, ficou aberta até esta segunda (5).

CENÁRIO
O tucano, que aparece entre o terceiro e o quinto lugar nas intenções de voto no último Datafolha, rejeitou o rótulo de político tradicional, e disse que é “o candidato da união nacional”.

“Não sou filho da dinastia política, nem da riqueza pessoal. Sou filho do povo”, afirmou.

Ao mesmo tempo, louvou sua experiência como governador por quatro mandatos, o primeiro após a morte de Mário Covas. “Não pode ter uma credencial melhor do que ter sido eleito por três vezes”, declarou. “Há um esgotamento da política tradicional. Mas o que é o novo? É a idade? É não ter experiência nenhuma? O novo, no Brasil, é ter coragem de enfrentar as corporações.”

Alckmin minimizou os resultados das pesquisas eleitorais, que dão a ele entre 6% e 11% das intenções de voto, e disse que “ninguém ainda sabe que é candidato”. Segundo ele, a definição do voto ocorre a partir de setembro.

O tucano também não quis comentar se receberia o ex-presidente do PSDB e senador Aécio Neves, acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça, em seu palanque.

“Eu reconheço o bom trabalho do Aécio em Minas Gerais, como governador. Cabe a ele decidir se vai ser candidato”, afirmou. Diante da insistência dos repórteres, afirmou: “Vamos tomar um cafezinho”, encerrando a entrevista.

O governador esteve em Washington para compromissos no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), onde obteve recursos para a obra do Rodoanel. Nesta quarta (7), dará uma palestra sobre o cenário político e econômico do Brasil no Brazil Institute, do Wilson Center, think tank sediado na capital americana.

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