terça-feira, 6 de março de 2018

Presidenciáveis aproveitam janela para reforçar palanques

Bolsonaro deve levar até 15 deputados para o PSL; Maia infla DEM

Maria Lima, Débora Bergamasco, Silvia Amorim e Sérgio Roxo | O Globo


-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Além de alterar o tamanho das bancadas na Câmara, a abertura da janela para troca de partidos, na próxima quinta-feira, também servirá para os presidenciáveis acertarem os ponteiros para as campanhas ao Palácio do Planalto. Dois grandes atos acontecerão em Brasília. Amanhã, Jair Bolsonaro (PSC-RJ) deve assinar sua ficha de filiação ao PSL e a previsão dos aliados é que carregará junto de 10 a 15 deputados de vários partidos, principalmente da chamada “bancada da bala”. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), usará a convenção nacional do partido, na quinta-feira, para lançar sua pré-candidatura e oficializar a adesão de mais uma leva de parlamentares, principalmente do PSB.

O ato de filiação de Bolsonaro estava previsto para acontecer em um auditório de comissão da Câmara, mas, com a expectativa de um grande número de apoiadores, um local maior está sendo procurado. O deputado Delegado Waldir (GO), que deixará o PR para seguir junto com o presidenciável, diz que “vai ser um barulho bom”. A lista das adesões está sendo articulada pelo deputado Fernando Francischini (PR), que deixará o SD para ser um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro.

— São uns 15 deputados de vários partidos, mas o que mais vai perder é o PR. Se eu ficasse, teria de R$ 2 milhões a R$2,5 milhões para minha campanha. Mas estou saindo para acompanhar o Bolsonaro mais pelo meu perfil. Sou de direita, tenho as mesmas convicções do Bolsonaro sobre armamento, imposto único, Estado mínimo, somos defensores dos valores da família e da pátria — diz o delegado Waldir, que minimizou a perda de recursos para a campanha, ressaltando que na última eleição contou com voto de opinião.

Com essa provável bancada turbinada, Bolsonaro garante sua participação nos debates das rádios e emissoras de TV, já que a regra prevê que o presidenciável deverá ter o apoio de uma bancada de no mínimo cinco parlamentares, somando deputados e senadores.

PODER DE ATRAÇÃO
O DEM de Rodrigo Maia pretende dar uma manifestação de força no lançamento de sua pré-candidatura. Já recebeu quatro deputados do PSB e deve filiar mais quatro da mesma legenda, além de Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), provável candidato ao governo de Minas.

— O Democratas está dando uma demonstração de força. Mas não dá para avaliar ainda a dimensão dessa força. Tem que esperar a convenção e a janela — diz o deputado Heráclito Fortes (PI), que sai do PSB para o DEM junto com outros deputados do Piauí, Mato Grosso, Minas e Rio de Janeiro.

A grande força atrativa do DEM é o poder que Maia emana ocupando a Presidência da Câmara. Alguns parlamentares tentados a migrar para o DEM admitem reservadamente que pesa a perspectiva de ganharem um “carinho” especial, como relatorias, prioridades em projetos de lei de interesse do parlamentar e ajuda na pressão ao Planalto para liberação de emendas ao Orçamento.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN) evita vincular o lançamento da pré-candidatura às novas filiações:

— O Rodrigo e eu já vínhamos conversando com esses parlamentares há pelo menos seis meses. É a maturação de um trabalho que vem de bastante tempo.

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