quinta-feira, 22 de março de 2018

Roberto Freire: Um novo olhar para um novo tempo

- Diário do Poder

Com as eleições de outubro próximo já batendo à porta, é chegado o momento de os partidos políticos se mobilizarem para oferecer projetos ao país e alternativas concretas à cidadania brasileira. A partir desta sexta-feira (23) e até o próximo domingo (25), o PPS realizará em São Paulo o seu XIX Congresso Nacional, com a participação de militantes de todo o Brasil, dando prosseguimento às discussões que marcaram os encontros regionais, municipais e estaduais do partido desde o ano passado.

Para além de um projeto de resolução política, de reforma do estatuto e da eleição do Diretório Nacional, o congresso debaterá temas em pauta neste mundo em transformação que vivemos – como as alterações no mercado de trabalho, as reformas, a luta pelos direitos das minorias e as novas formas de relações pessoais, profissionais e até familiares em um cenário de profundas mudanças econômicas, políticas, sociais e nos costumes.

Nos últimos tempos, especialmente desde o ano passado, o PPS tem ocupado uma posição de vanguarda no sentido de se abrir efetivamente aos chamados movimentos cívicos. Temos a plena consciência de que é necessário interpretar as transformações vivenciadas pela sociedade nos mais diversos setores – o que inclui, fundamentalmente, uma aproximação com segmentos da cidadania brasileira que estavam distantes da vida partidária em função de um descrédito generalizado que atinge a classe política.

Tenho participado de uma série de reuniões e debates muito produtivos com algumas dezenas de jovens motivados, capacitados e dispostos a exercer a atividade política e atuar genuinamente para transformá-la por meio de suas ideias, propostas e diferentes visões de mundo. Recentemente, o PPS assinou cartas-compromisso com o movimentos Agora! e Acredito, nas quais definimos uma estratégia conjunta para receber alguns de seus integrantes e oferecer condições para que possam se candidatar e atuar com autonomia, participando de forma concreta do dia a dia partidário, das discussões programáticas e das decisões da legenda. Da mesma forma, muitos componentes de outro movimento, o Livres, também já se integraram ao PPS. Além disso, mantemos um diálogo franco e aberto com outras organizações da cidadania, como o Renova Brasil, a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), a Frente pela Renovação, o Vem pra Rua, a Roda Democrática, entre outros.

Sabemos que os partidos políticos são instituições datadas do período da Revolução Industrial, ainda no século XIX, e hoje enfrentam enormes dificuldades para se adaptar à nova realidade, pois perderam muito de sua interlocução junto à população em meio às sociedades plenamente interconectadas em rede. Neste momento, é inegável que vivemos um novo período histórico em que a revolução digital que o mundo experimenta certamente terá a capacidade de criar novas instituições também na política.

Esse processo envolve não apenas o desenvolvimento das novas tecnologias ou das ferramentas de comunicação, mas promove, de forma preponderante, uma transformação radical na maneira como nos relacionamos uns com os outros. O mundo digital nos afeta a todos, em todos os ramos de atividade, e dá origem a novas organizações que substituirão as velhas estruturas. Mais do que nunca, temos de estar preparados para abandonar vícios e valores ultrapassados de um mundo que não mais voltará.

Nesse sentido, tenho afirmado que o PPS sabe de sua responsabilidade e da necessidade de fazer um “aggiornamento” em sua visão programática justamente para se adequar aos novos desafios do Brasil e do mundo contemporâneo. Temos de consolidar novas concepções para continuarmos fazendo história. Alguns até propõem o termo “pós-comunismo”, em função das nossas origens, inclusive construindo um diálogo que já é cada vez mais intenso entre os que vêm de uma formação social-democrata e os liberais, a partir de uma visão comum a respeito da importância da democracia como valor universal.

O XIX Congresso Nacional do PPS é mais uma excelente oportunidade para que o partido reafirme o protagonismo adquirido nos últimos anos e reitere a sua convicção de interpretar as transformações políticas e sociais em curso no Brasil e no mundo. Temos a chance de buscar a superação daquilo que somos para aquilo que essa gama de movimentos da cidadania podem vir a ser em um futuro próximo. Não temos dúvidas de que está sendo gestado um novo tipo de representação política – e queremos estar na vanguarda desse processo histórico.

O PPS busca ser contemporâneo do futuro para que não fique preso ao passado. É hora de aglutinar forças, unir o campo democrático, assegurar os avanços obtidos pela transição após o impeachment – em especial, a recuperação da nossa economia e as reformas – e apresentar um projeto de desenvolvimento para os brasileiros nas eleições de outubro. Estamos abertos ao novo. Queremos somar forças, juntar, reunir. Temos otimismo e confiança no Brasil. Precisamos olhar para frente e construir um novo país.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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