terça-feira, 24 de abril de 2018

Lula deixa petistas ‘à vontade’ na eleição

Em carta lida ontem pela senadora Gleisi Hoffmann, o ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba e inelegível, liberou o PT “para tomar qualquer decisão” sobre a candidatura à Presidência. Apesar da sinalização de Lula, o partido anunciou que mantém a decisão de lançá-lo ao Planalto.

Lula: PT deve ‘ficar à vontade’ sobre candidatura à Presidência

Em carta, ex-presidente diz que decisão será importante para a esquerda

Sérgio Roxo | O Globo

-SÃO PAULO- No mesmo dia em que viu a Justiça negar autorização para que pudesse receber visitas na prisão de dirigentes partidários e aliados, o ex-presidente Lula disse, em carta enviada ao diretório nacional do PT, que a legenda deve ficar à vontade para “tomar qualquer decisão” sobre a candidatura à Presidência da República.

— (Queria que vocês) ficassem totalmente à vontade para tomar qualquer decisão, porque 2018 é muito importante para o PT, para a esquerda, para a democracia. E para mim, eu quero a minha liberdade — disse Lula, em carta lida pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann.

O documento foi tornado público em reunião do diretório nacional do PT, ontem, em Curitiba. Um vídeo da leitura de parte do conteúdo da carta foi postado no Facebook pelo ex-ministro Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do PT. Segundo participantes da reunião, Lula se referia à eleição presidencial de 2018 quando pediu que os companheiros de legenda “ficassem à vontade”.

A fala, porém, foi entendida como um gesto corriqueiro de desprendimento. Dirigentes destacam que, mesmo antes da prisão, sempre ao tratar de sua candidatura, Lula vinha dizendo que a sigla deveria tomar a decisão que achar adequada.

Há duas semanas, o ex-ministro Jaques Wagner defendeu que, se o ex-presidente Lula fosse impedido de concorrer, o PT deveria se juntar a uma frente de partidos “progressistas” para escolher um candidato único, que não seria necessariamente um petista. Antes da prisão de Lula, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), havia afirmado que o partido deveria debater a possibilidade de apoiar um candidato de outra legenda. 

ESCOLHA FINAL EM JULHO 
O diretório nacional, em resolução aprovada ontem, reafirmou a candidatura de Lula e marcou para 28 de julho o encontro que o indicará formalmente como cabeça de chapa do PT. Condenado em segunda instância, porém, Lula está inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Na carta, Lula também demonstrou satisfação com os resultados da pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, na qual lidera a disputa ao Planalto nos três cenários em que seu nome foi testado, com 30% ou 31% das intenções de voto.

O ex-presidente ainda avaliou que a sua prisão não pode ter relação com a sua candidatura.

— Tem insinuações de que se eu não for candidato, não tiver holofote, se eu não falar contra a condenação, será mais fácil a votação a meu favor. A Suprema Corte não tem que me absolver porque eu sou candidato, porque vou ficar bonzinho. Ela tem que votar porque sou inocente e para recuperar o seu papel constitucional — disse na carta.

Ontem, a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara de Execução Penal de Curitiba, negou pedidos de visitas a Lula de Gleisi, da ex-presidente Dilma Rousseff e do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, entre outros. Para a magistrada, embora a lei afirme que o preso tem direito a “visita do cônjuge, de parentes e amigos em dias determinados”, há um parágrafo que estabelece que esse não é um “direito absoluto”. Também disse que Lula já recebeu pedidos de visitas superior a dez pessoas em duas semanas.

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