quinta-feira, 24 de maio de 2018

Alckmin e Meirelles divergem sobre teto de gastos

Ex-ministro defende medida aprovada pelo governo Temer e tucano diz que regra inibe investimentos federais

Renan Truffi, F.F e Vera Rosa | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, criticou ontem a regra do teto de gastos aprovada na gestão Michel Temer. A emenda constitucional que impede, por um período de 20 anos, o governo federal de efetuar despesas acima da inflação do ano anterior, foi apoiada pelo partido do presidenciável tucano.

“Você está limitado em custeio, investimento e pessoal. O teto de gastos vai acabar com o investimento, que é o mais importante. Não foi concebido corretamente”, disse. Alckmin, no entanto, recuou quando questionado por jornalistas se pretende derrubar a norma no Congresso, se eleito.

“Não tem razão para mexer, o objetivo do teto de gastos está correto. A solução vai ser o Brasil voltar a crescer”, disse o tucano, ao participar da Marcha em Defesa dos Municípios, realizada ontem em Brasília. Também participaram do evento os précandidatos à Presidência Henrique Meirelles (MDB), Rodrigo Maia (DEM) e Guilherme Afif Domingos (PSD).

Em sua participação, o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a crítica de Alckmin era “um equívoco”, e que os eleitores brasileiros estão “descrentes de panaceias e soluções mágicas”. “O risco existe, os populistas estão presentes”, afirmou.

O ex-ministro minimizou resistências a seu nome no MDB, como manifestado pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), em entrevista ao Estado. “É normal que haja diferenças de opinião. Já temos o apoio de um grande número de diretórios do MDB, o suficiente para dar uma base de trabalho para a convenção.”

O presidente da Câmara e pré-candidato do DEM, Rodrigo Maia (RJ), defendeu no evento a revisão da Lei de Improbidade Administrativa para ser votada ainda em 2018. Maia instituiu no início do ano um grupo de trabalho na Câmara para propor mudanças legais, liderado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell.

“Quando a proposta estiver pronta, nós vamos votar. Nossa intenção não é flexibilizar, é garantir mais segurança jurídica. Nenhum de nós quer tirar nada da lei de improbidade, queremos é uma lei mais clara, com tipos menos abertos, onde cada juiz não tem o direito de dar a decisão da forma que quer.”

PT. Condenado e preso na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT, foi representado pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Ela leu uma carta com propostas e compromissos de Lula, parcialmente redigida pelo ex-presidente. A leitura da carta provocou reações na plateia. Parte do auditório aplaudiu enquanto uma parcela significativa dos presentes virou as costas e abandonou o ambiente. Mesmo sem Lula, o PT planeja iniciar uma mobilização nacional no próximo domingo e lançar a pré-candidatura em 9 de julho, em Belo Horizonte (MG).

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