terça-feira, 15 de maio de 2018

DEM lidera formação de bloco de centro

Um bloco que reúne DEM, PRB, PP e Solidariedade, sob o comando do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pode levar à retirada de quatro pré-candidaturas em favor de nome de centro com chances reais de vitória.

Efeito dominó

Sob o comando de Maia, quatro partidos rumam para aliança e devem retirar pré-candidaturas

Bruno Góes, Catarina Alen -Jeferson e Ribeiro Castro | O Globo

-BRASÍLIA E RIO- A dois meses do início das convenções partidárias, um bloco de quatro partidos surgiu em Brasília, sob o comando do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e começa a dar sinais concretos de que poderá caminhar unido até outubro em prol de um candidato que tenha chances reais de vitória. Esse grupo reúne DEM, PRB, PP e Solidariedade. Três dessas legendas já lançaram pré-candidatos, que, com isso, ficam mais perto de desistir de suas campanhas.

Ontem, o presidente Michel Temer seguiu o mesmo movimento. Para ele, o lançamento de múltiplas candidaturas de centro terminaria por levar todo o bloco à derrota. Em entrevista ao blog do jornalista Gerson Camarotti no G1, Temer disse ter alertado o ex-presidente Fernando Henrique para o risco da fragmentação do centro. Para o presidente, se os partidos desse campo tiverem oito a nove candidatos nas eleições, “certamente” nenhum vencerá.

O GLOBO ouviu ontem dez lideranças — entre presidentes e integrantes de executivas partidárias — das legendas envolvidas nas negociações. Em meio a um emaranhado de interesses pessoais, surge a conclusão de que o “centrão” estaria mais próximo hoje de fechar uma aliança em torno da pré-candidatura do tucano Geraldo Alckmin — a disputa entre os partidos estaria no direito de indicar o vice ao tucano.

O movimento de aproximação ganhou força na semana passada, depois de Maia reunir lideranças do DEM, PRB, PP e do Solidariedade para um jantar. Ao analisar as pesquisas eleitorais, o grupo, que tem atualmente três pré-candidaturas ao Planalto — Rodrigo Maia (DEM), Flávio Rocha (PRB), Aldo Rebelo (Solidariedade) —, fechou um acordo para que os partidos decidam juntos apoiar o candidato mais bem posicionado no campo de centro. Alinhado a esse propósito, o PR deve decidir hoje se vai incorporar-se formalmente ao bloco.

KASSAB SINALIZA APOIO A ALCKMIN
O período de convenções partidárias começa em 20 de julho. Até lá, o número de pré-candidaturas deve seguir a tendência de redução registrada nos últimos dias. Além da desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), Temer confirmou a aliados que não disputará a reeleição. A dúvida é se o ex-ministro Henrique Meirelles conseguirá pavimentar sua candidatura no PMDB. Na semana passada, O GLOBO publicou um levantamento feito com 20 diretórios peemedebistas em que pelo menos 13 admitiram a possibilidade de apoio a Meirelles.

Dono da sétima bancada na Câmara, com 39 deputados, o PSD do ministro da Ciência, Tecnologia Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, está quase fechado com Alckmin, embora o empresário Guilherme Afif ainda se apresente como um pré-candidato da legenda.

— Continuo defendendo um esforço dos partidos pela construção de uma aliança em torno de um mesmo nome. Hoje, meu sentimento (em relação às conversas) é que esse nome é Geraldo Alckmin — disse Kassab ao GLOBO.

Na mesma linha, o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson, após fazer discussões internas, declarou ontem sua opção pela candidatura tucana.

— Nós estamos muito fechados com o Alckmin. Nós vamos com ele porque estamos passando por um período em que o mar está revolto. Alckmin é um marinheiro que tem experiência. Um homem de centro, limpo — disse Jefferson.

A decisão do PTB deve ser seguida por outros partidos, como o próprio DEM. Ontem, integrantes da cúpula da sigla disseram ao GLOBO que a legenda deve aguardar até 15 de junho para que Maia retire sua pré-candidatura e libere a negociação com os tucanos. Um dos principais integrantes da cúpula do DEM defendeu a aliança com os tucanos.

— Consideramos a candidatura de Alckmin a mais viável no momento. Ele tem um ativo importante, que é São Paulo. Tem dois candidatos ao governo (João Doria, do PSDB, e Márcio França, do PSB). Não tem como fazer menos que entre 30% e 40% dos votos lá. Tem chance — disse um parlamentar do DEM, sob a condição do anonimato.

Apesar de a composição ser a proposta mais consolidada nas negociações em curso, publicamente, como o próprio de DEM de Maia fará, alguns partidos continuarão com o discurso de candidatura própria até meados de junho. Com 20 deputados na Câmara, o PRB, por exemplo, continuará sustentando o nome do empresário Flávio Rocha, que também pode aparecer como vice em outra chapa.

— Apresentei a proposta de união entre os partidos. Quem estiver melhor, lá na frente, vira cabeça de chapa. Não vamos levar em conta só intenção de voto, mas também a menor rejeição. Esse alinhamento no centro seria bom. Vamos continuar a conversar — disse o pastor Marcos Pereira, que comanda o partido.

Para além das negociações em torno da candidatura do PSDB, um grupo minoritário de partidos do centrão vem conversando com o candidato do PDT, Ciro Gomes. Para essa ala, o nome do pedetista teria mais condições de conquistar o eleitorado do Nordeste. Ciro vem conversando com líderes do PP e do PR. É esse contato que vem dificultando, por exemplo, uma definição no PR.

— É preciso esperar para que as pesquisas indiquem quais candidatos têm chances de vencer — diz o líder do partido da Câmara, José Rocha.

As conversas se dão com base em um quadro de alta volatilidade, no qual potenciais candidatos ficarão pelo caminho. As próximas semanas serão cruciais para o amadurecimento das articulações.

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