quinta-feira, 17 de maio de 2018

Maia tenta desfazer mal-estar com o PSDB após dizer que aliança estaria terminando

Presidente da Câmara chama deputados para conversa reservada; tucanos preparam manifesto

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), tentou acalmar a bancada de deputados federais do PSDB, na quarta-feira, 16, e fez vários elogios ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Dias depois de ter dito, em entrevista ao Estado, que o ciclo de aliança entre o DEM e o PSDB “está terminando”, Maia chamou os tucanos para um almoço na residência oficial da Câmara e afirmou que não teve a intenção de fechar as portas para uma composição com o partido mais adiante.

O deputado repetiu, porém, que pretende manter sua candidatura ao Palácio do Planalto “até o final”. Pré-candidato à Presidência, Alckmin ficou aborrecido com as declarações dadas por Maia ao Estado. Na entrevista, o deputado admitiu o desgaste na relação entre as duas siglas.

Na conversa desta quarta, no entanto, ele procurou desfazer o mal-estar. O ex-governador estava em Brasília, mas não compareceu ao almoço. O Estado apurou que os dois devem se reunir na próxima semana.

“Concordamos em manter um canal de diálogo para ter convergência em algum momento, que tanto pode se dar no segundo turno como nas convenções, com a unidade do bloco ainda na primeira rodada”, resumiu o deputado Marcos Pestana (MG), secretário-geral do PSDB. “Se percebermos que o apocalipse se aproxima, tentaremos a unidade ainda no primeiro turno.”

Pestana definiu como “apocalipse” a possibilidade de vitória de candidatos como Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Ciro Gomes (PDT-CE). No almoço desta quarta com Maia, o tucano lembrou que o PSDB e o DEM têm uma parceria histórica e disse temer as consequências da fragmentação da centro-direita.

“Se o bloco reformista se pulverizar, a população pode ficar órfã no segundo turno”, argumentou Pestana. “Existe uma crise monumental e, em um cenário de disputa do populismo autoritário de direita e de esquerda, há muitos riscos.” Para o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), que também participou do encontro com Maia, ficou acertado ali que “é preciso criar pontes, e não muros” na relação entre o DEM e o PSDB.


Manifesto
Preocupada com o baixo desempenho de Alckmin nas pesquisas de intenção de voto, no entanto, uma ala do PSDB decidiu articular um manifesto suprapartidário no qual conclama a união das candidaturas de centro.

Redigido por Pestana e pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o documento defenderá a união dos postulantes desse espectro político na corrida eleitoral para evitar o avanço do chamado “radicalismo” na campanha. “Somos o bloco dos desextremados”, brincou Cristovam. “Precisamos unir os candidatos a presidente que têm propostas responsáveis do ponto de vista fiscal, comprometimento social e estratégias de desenvolvimento”.

O documento deve ser lançado na próxima semana e assinado por lideranças de vários partidos, incluindo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, todos do PSDB. “Queremos sensibilizar desde liberais até a centro-esquerda”, afirmou Pestana, ao mencionar simpatia por Marina Silva (Rede). “Não dá mais para a gente ficar discutindo atributos e defeitos dos personagens, e não o programa”.

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