sábado, 12 de maio de 2018

Opinião do dia: Sérgio Abranches

Presidente é importante. Mas coalizão também é. Para governar, o próximo presidente terá de formar uma coalizão majoritária. No Brasil é assim. Quando se olha dessa perspectiva, é preciso pensar nas eleições presidenciais e nas parlamentares. A incerteza é grande. Não sabemos ainda nem quais serão os candidatos e suas alianças. No último troca-troca partidário, a fragmentação partidária no Brasil atingiu um grau sem precedentes aqui ou no mundo. Isso aumenta também a incerteza nos parlamentares. Pode haver um necessário realinhamento partidário. Seria muito bom para a democracia brasileira e para a governabilidade se crescessem os partidários mais programáticos, com ideias e valores. Mas será péssimo se houver apenas melhor distribuição das cadeiras entre os partidos fisiológicos. Nesse caso, o mais provável é que a crise política e de liderança persista depois das eleições. Depende de quem? Da escolha soberana dos eleitores. Mas há uma dificuldade: o dinheiro público e a TV subsidiada favorecem os fisiológicos. Só se as redes, desta vez, ajudarem.

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Sérgio Abranches, cientista político, O Globo, 12/5/2018

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