domingo, 17 de junho de 2018

Empresários defendem apoio a Alckmin

Em jantar na casa do dono do grupo Cosan, Temer se comprometeu a buscar a união das forças de centro em torno da candidatura tucana

Sônia Racy, Mônica Scaramuzzo | O Estado de S. Paulo.

Empresários e banqueiros jantaram, sexta-feira, na casa de Rubens Ometto Silveira Mello, dono do grupo Cosan. A reunião foi marcada a pedido do presidente Michel Temer, que levou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, para falar sobre economia. No cardápio, além de um bem servido bacalhau, também estava um assunto ainda indigesto: as incertezas políticas. O nome de Geraldo Alckmin (PSDB) foi amplamente defendido na mesa para ser o candidato do governo para as eleições deste ano, apurou o Estado.

No petit comité reunido em um condomínio de luxo na Cidade Jardim, estavam grandes banqueiros – Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú), Sérgio Rial (Santander), André Esteves (BTG) e José Olympio Pereira (Credit Suisse) –, além pesos pesados da indústria: Pedro Wongtschowski (grupo Ultra), Walter Schalka (Suzano), José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), Gustavo Junqueira (Sociedade Rural Brasileira), Paulo Malzoni (Shopping West Plaza) e Waldemir Verdi (Rodobens).

Durante o jantar, que começou às 20 horas, Temer começou falando das importantes reformas conduzidas pelo seu governo – Teto dos Gastos e trabalhista –, mas foi cobrado pelos que estavam à sua volta sobre a falta de celeridade de outras também importantes, como a da Previdência e a tributária. Guardia saiu em defesa do “legado Temer” e disse que vai procurar a equipe econômica dos principais pré-candidatos à Presidência da República para falar da turbulência atual, que é a alta volatilidade do câmbio.

Receio. Embora a política não estivesse previsto no prato principal, os convidados cobraram abertamente de Temer o apoio do governo para alavancar a candidatura do ex-governador de São Paulo, que ainda não despontou nas pesquisas para a corrida eleitoral. Temer teria se comprometido ali, segundo pessoas ouvidas pelo Estado, a se empenhar para unir o centrão em torno de um só candidato: Geraldo Alckmin.

A tensão maior entre os presentes é uma disputa direta entre Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT). A pré-candidata Marina Silva (Rede) foi citada como uma opção, mas não obteve muito apoio. Mas o que causou estranheza mesmo foi o fato de o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, até o momento candidato com apoio do presidente, nem sequer ter sido citado nas conversas como opção forte entre os presentes, afirmaram fontes que preferiram não se identificar.

Parte dos convidados chegou a defender que pré-candidatos, como o empresário Flávio Rocha (PRB) e João Amôedo (Partido Novo), abram mão de suas candidaturas para que possam se unir em torno de Alckmin.

As recentes turbulências externas, que provocaram volatilidade no câmbio, e a greve dos caminhoneiros, que mostrou a fragilidade do governo na condução desta crise, estão entre as preocupações de banqueiros e empresários nas urnas. O temor é que a falta de união para um candidato de centro-direita impulsione os votos para Bolsonaro e Ciro Gomes, que não têm o apoio aberto do mercado.

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