quarta-feira, 25 de julho de 2018

Centrão avalia plano B para vice de Alckmin

Desistência de Josué Gomes é tida como incontornável; nome de Aldo Rebelo é lembrado por líderes do grupo

Cristiane Jungblut, Bruno Góes, Silvia Amorim e Sérgio Roxo | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- O centrão (DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade) começou ontem a analisar um plano B diante da resistência de Josué Gomes em aceitar ser vice na chapa do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Segundo o líder do PR na Câmara, José Rocha, só ontem Alckmin conversou duas vezes com o empresário, mas não houve qualquer anúncio sobre aliança. Josué já havia sinalizado anteontem dificuldades em atender ao chamado do bloco, mas o ex-governador tucano voltou a insistir. Sem um aceno positivo do empresário, dirigentes de partidos do centrão já consideram improvável que ele seja mesmo o vice.

O objetivo maior do centrão é manter a unidade e anunciar o apoio a Alckmin amanhã, provavelmente sem a indicação de um vice. Mesmo assim, nomes como Mendonça Filho (DEMPE) e Aldo Rebelo (SD-SP) começaram a ser especulados para uma possível substituição.

Com relação estreita com o PT, Josué tinha ontem uma conversa marcada com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. O encontro, entretanto, foi negado pela assessoria do empresário. Desde que começou a negociar alianças, Josué passou a atuar de forma discreta, sem falar com a imprensa.

APOIO SEM VICE
A equipe de Alckmin cogitou divulgar uma nota para anunciar que o convite para ser vice havia sido recusado por Josué ainda na segunda-feira, mas recuou a pedido de integrantes do centrão. O bloco queria tempo para tentar convencer Josué a aceitar a indicação.

— O compromisso do bloco é anunciar apoio ao Alckmin na quinta-feira. Já tenho convenção, não posso esperar — disse Paulinho da Força, do Solidariedade.

Antes contrário à aliança com o tucano, o deputado diz agora que já resolveu com Alckmin discordâncias sobre a questão do financiamento sindical. O tucano se encontrará hoje com os caciques do centrão em Brasília. Antes, os líderes do grupo terão uma conversa sem Alckmin.

— Nossa perspectiva é de anúncio do apoio nesta quinta, com ou sem definição de vice. Temos até o fim das convenções para resolver essa questão — disse o presidente do DEM, ACM Neto.

Ontem, líderes lembraram o nome de Aldo Rebelo, que recentemente trocou o PCdoB pelo Solidariedade. Aldo já foi ministro de Lula e presidente da Câmara. Tem bom trânsito na esquerda, com militares e ruralistas. Ele foi citado numa conversa de Paulinho com ACM Neto e o presidente do PP, Ciro Nogueira. O próprio Alckmin, no início das conversas com o centrão, elogiou Aldo sugerindo até mesmo a composição de uma chapa.

DOIS NOMES PREFEREM SENADO
Agora, o próprio DEM está analisando essa possibilidade. Nos bastidores, o partido de ACM procura um nome de outra legenda. O partido já tem um acordo para seguir no comando da Câmara dos Deputados em 2019, caso Rodrigo Maia seja reeleito. Ontem, Mendonça disse a interlocutores que está cuidando de sua candidatura ao Senado por Pernambuco:

— Tudo que eu podia fazer por Alckmin, pela aliança, já fiz.

Durante as conversas, Ciro Nogueira chegou a desabafar que o quadro tinha ficado tão confuso que ele aceitaria o que o bloco quisesse. No PP, o nome preferido de Alckmin é o da senadora Ana Amélia (PP-RS), que concorre à reeleição. Ela, entretanto, descartou participar da chapa.

— Fico honrada, mas é mais uma especulação do dia. Pretendo manter meu caminho como candidata ao Senado — disse Ana Amélia.

Apesar de todo o movimento de ontem, o chefe do PR, Valdemar Costa Neto, não indicou qualquer caminho aos líderes. O partido só se preocupou em publicar uma nota negando que Josué tenha desistido de ser candidato na chapa.

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