quinta-feira, 26 de julho de 2018

Debate sobre vice de Alckmin cria divergências no centrão

Partidos do bloco não querem que cargo seja ocupado pelo DEM

Cristiane Jungblut e Bruno Góes | O Globo

-BRASÍLIA- Com a sinalização do empresário Josué Gomes de que não aceitará ser o vice de Geraldo Alckmin (PSDB) na chapa à Presidência da República, os partidos do centrão (DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade) divergem na discussão sobre um novo nome para o posto. Parte do bloco não aceita que o indicado seja do DEM, por considerar que o partido já tem muito poder na aliança, inclusive com a provável manutenção da presidência da Câmara com o deputado federal Rodrigo Maia

— Só acho que o vice não pode ser do DEM, porque aí seria muita coisa. O único consenso do bloco era o Josué — disse o presidente do PRB, Marcos Pereira, que se reuniu com Alckmin na manhã de ontem.

— Se não for o Josué, não define o vice hoje (ontem) — disse o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), pouco antes de se encontrar com o précandidato tucano, à tarde.

Ontem, Alckmin passou o dia em reuniões com os dirigentes dos partidos a fim de resolver a questão do vice. O tucano comemorou as declarações de Josué a seu favor por considerar que o apoio público do empresário serve de anteparo às pretensões do PT de inviabilizar a aliança tucana com o PR em âmbito nacional. Mesmo com a resistência do empresário, Alckmin ainda tentava ontem cortejar Josué. “Agradeço ao jovem líder empresarial Josué Gomes pelas palavras de apoio em seu ótimo artigo publicado hoje”, escreveu no Twitter, em referência a texto publicado no jornal “Folha de S.Paulo”.

A indefinição, no entanto, fez com que os líderes passassem o dia discutindo o nome de um substituto. O indicado poderia sair do DEM, que escolheria o deputado Mendonça Filho (PE); do Solidariedade, que ofereceria o ex-ministro Aldo Rebelo, ou ainda do PP, que teria o deputado Ricardo Barros (PR). 

JOSUÉ DIZ TER VETO DA MÃE 
O debate, no entanto, parece estar longe de uma definição. Marcos Pereira e Ciro Nogueira disseram ao tucano que não havia consenso dentro do bloco sobre o plano B, com uma recusa de Josué. O possível interesse do DEM de ocupar a vice do tucano divide os caciques. Eles argumentam já terem fechado questão sobre apoiar a recondução do partido, por meio da candidatura de Rodrigo Maia, ao comando da Câmara. Dar também o cargo de vice ao DEM seria demais.

Josué disse aos integrantes do centrão que a sua mãe, Mariza, de 83 anos, não quer que ele dispute a eleição. A família é muito amiga do ex-presidente Lula, que teve o pai de Josué, José Alencar, como vice-presidente da República nos dois mandatos do petista.

— Ele não quer desobedecer a mamãe — disse Marcos Pereira.

Diante do impasse, o centrão deve oficializar hoje, em Brasília, a aliança em torno da pré-candidatura de Alckmin ainda sem a definição de um candidato a vice.

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