sexta-feira, 13 de julho de 2018

Entrevista / Geraldo Alckmin: Se depender de mim, estaremos juntos com o DEM

Atrás de aliança com DEM, Alckmin diz que pesquisas virarão de ponta cabeça

Ex-governador defende investigações sobre caixa dois em São Paulo e afirma ser 'vida limpa'

Fernando Canzian, Fábio Zanini | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Geraldo Alckmin, 65, pré-candidato do PSDB à Presidência, diz estar "trabalhando" para compor uma aliança com DEM, partido que tem flertado com a candidatura de Ciro Gomes (PDT).

"Se depender de mim, estaremos juntos", disse o ex-governador paulista à TV Folha.

Com 7% das intenções de voto no último Datafolha e atrás de seus principais adversários, Alckmin diz que as pesquisas vão "virar de ponta cabeça".

Sobre suspeitas envolvendo a Dersa e caixa dois para campanhas tucanas, diz que tudo deve ser investigado. "Sou vida limpa", afirma.

PESQUISAS
Nunca houve uma campanha com tanta fragmentação de pré-candidatos. Há também uma desesperança com a política. Hoje, mais de 60% dos eleitores não têm candidato definido. O que é bom. Mostra que o eleitor estará mais amadurecido.

A dez dias da eleição no Tocantins, quem estava em primeiro era o ex-prefeito da capital e, em segundo, uma senadora. Nenhum dos dois foi sequer para o segundo turno.

Essa pesquisa vai virar de ponta cabeça. A campanha só vai começar mesmo com o rádio e a televisão, que é 31 de agosto. Vai ser uma campanha curta, de um mês.

ALIANÇA COM O DEM
Se depender de mim, estaremos juntos. E já estamos em muito estados. Estamos apoiando os democratas na Bahia, no Pará, no Amapá.

É normal que os partidos tenham como objetivo chegar ao poder e ter candidato a cargo executivo. À medida que eles tinham candidato à Presidência, nós não insistimos. A partir do momento que eles disseram que vão escolher outro candidato, estamos trabalhando e queremos estar juntos.

Hoje já temos cinco partidos encaminhados para uma aliança, o que nos dará cerca de 20% do tempo no rádio e na TV. Temos um diferencial que é o que fizemos, pois entre o falar e o fazer na política existe um abismo. Como ex-governador (de São Paulo), dá para mostrar o que foi feito.

DESAFIOS
Não vai ser fácil para quem assumir a Presidência. É o sexto ano de déficit primário, com a dívida pública do governo passando os R$ 5 trilhões, chegando a mais de 75% do PIB.

Não é um quadro simples. Mas quem for eleito vai ter mais de 50 milhões de votos e a legitimidade disso é muito grande para poder implementar rapidamente as reformas.

Faremos a reforma política, com voto distrital ou distrital misto, com cláusula de desempenho mais forte. Também a reforma tributária, para simplificar o modelo, a reforma da Previdência e a reforma do Estado. Vamos enxugar, reduzir.

AJUSTE FISCAL
Nós sabemos fazer ajuste fiscal e vamos fazer isso rapidamente para a economia voltar a crescer. Não vai ter crescimento sem investimento e não vai ter investimento sem confiança de que estamos no rumo certo e que o país não vai quebrar.

E com isso podemos ter política monetária de juros baixos, câmbio competitivo e o Brasil volta a crescer. Faremos também uma grande inserção internacional. Eu pretendo abrir a economia.

CAIXA 2, CCR E DERSA
A Folha publicou na Primeira Página matéria que repercutiu em todas as televisões, rádios e sites e que era mentirosa. Ela dizia que dentro do inquérito havia sido dito que teria recursos da CCR para a minha campanha em 2010.

Ficamos sabendo e nosso advogado leu de A a Z. Não tem nem menção. Fazer uma matéria de ouvir dizer é muita irresponsabilidade. Não se pode brincar com o caráter das pessoas.

[Em maio, a Folha publicou reportagem mostrando que a CCR, maior concessionária de estradas do país, repassou R$ 5 milhões para o caixa dois da campanha de Alckmin, segundo relatos de representantes da empresa ao Ministério Público. O dinheiro teria sido entregue ao cunhado do tucano, o empresário Adhemar Ribeiro, segundo a narrativa feita à Promotoria, que ainda investiga o caso].

Agora, se surgiu uma denúncia, investigue-se. Sou vida limpa. Tenho 40 anos de vida pública e meu patrimônio não dá para comprar aquela máquina ali [diz, apontado para uma câmera].

Precisa respeitar as pessoas. Essa forma de jogar todo mundo, dizer que ninguém presta, é um grande desserviço para a sociedade, porque você destrói a política.

Com o Paulo Vieira [de Souza, ex-diretor da Dersa investigado por desvios] eu não tenho nenhum relacionamento. Com o Laurence Casagrande [outro ex-diretor da Dersa investigado] eu não tenho nenhuma intimidade.

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