sexta-feira, 20 de julho de 2018

União de forças no Sudeste

Lydia Medeiros | O Globo

Geraldo Alckmin venceu a batalha pré-eleitoral. O acordão com os partidos do centrão, além de garantir-lhe até 6 minutos na propaganda eleitoral de rádio e TV, palanque que sempre considerou decisivo, avança na construção de uma união entre forças relevantes na política de São Paulo e de Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, que reúnem 43% dos votos (47 milhões de eleitores). A (forte) possibilidade de o tucano vir a ter como vice o empresário Josué Alencar sedimenta a sua posição em Minas, onde o candidato do PSDB ao governo, Antonio Anastasia, tem levado vantagem na disputa contra o governador Fernando Pimentel (PT), segundo pesquisas. Josué entrou no PR a pedido de Lula que, antes de condenado e preso, sonhou tê-lo como vice, repetindo a dupla que fizera em 2002 com o pai do empresário, José Alencar. Por enquanto, Alckmin conquistou os políticos. Agora precisa convencer o eleitor de que pode vencer, deixando para trás Ciro Gomes, Marina Silva e Jair Bolsonaro.

Trabalho pesado
Líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia será confirmado hoje como o vice na chapa de João Doria para a disputa ao governo paulista. A primeira tarefa do deputado é complicada: reconciliar Doria com Geraldo Alckmin, para unir as duas campanhas.

Pregação política
O PRB usou sua ligação com os evangélicos como ativo para defender Geraldo Alckmin no centrão. O partido é identificado com a Igreja Universal do Reino de Deus. A instituição do bispo Edir Macedo diz ter 7 milhões de fiéis. A pressão do presidente da legenda, Marcos Pereira, irritou Paulinho da Força, do Solidariedade. Numa das reuniões que tiveram ontem, ele foi ríspido com Pereira: “Meu partido não se decidirá pelo peso da igreja.”

Novo bordão
Depois que o centrão indicou a preferência por Geraldo Alckmin, a frase mais repetida no grupo foi “Ciro ajudou”. A incompatibilidade entre as agendas econômicas do candidato e do DEM e xingamentos a uma promotora foram sinais de que a parceria não daria certo. Para um deputado do DEM, o comportamento de Ciro mostrou que a campanha seria uma administração de crises diária.

Libera geral
A união do centrão com Alckmin afasta o PSB de Ciro Gomes, na avaliação de deputados do partido. Para esses parlamentares, sem um arco amplo de alianças, o PSB se atrelaria a um candidato com poucas chances. A pressão do PT sobre o partido é grande, mas encontra forte resistência em São Paulo e Minas. Ontem, cresceu a hipótese de liberar os estados para composições mais convenientes.

Missão diplomática
O bordão “Lula livre” passou pela visita do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ao Chile. Em conversa com o presidente do Senado chileno, Carlos Montes, Maia e os deputados José Carlos Aleluia (DEM) e Mário Heringer (PDT) criticaram a campanha do PT para ganhar apoio internacional contra a prisão do ex-presidente. Ao lado da ex-presidente Michelle Bachelet, Montes foi umas das 42 personalidades chilenas que assinaram manifesto pela “democracia no Brasil”. A “comitiva brasileira” saiu convencida de que Montes vai rever sua posição. E trouxe para o Brasil carta do deputado chileno Juan Gazitúa, da Comissão de Relações Exteriores do país, que defende a independência e a idoneidade da Justiça Brasileira.

Conta solidária
A família de Geraldo Magela, copiloto do avião que caiu com o então candidato à Presidência Eduardo Campos, em 2014, conseguiu na Justiça do Trabalho indenização de R$ 4,5 milhões, que inclui encargos trabalhistas, pensão vitalícia e danos morais e materiais. Para o juiz da 49ª Vara do Trabalho de São Paulo, Antonio Pimenta Gonçalves, ficou provado que a empresa AF Andrade e os empresários João Carlos Lyra e Apolo Santana Vieira foram os responsáveis pela contratação dos pilotos que se acidentaram. A Bradesco Seguros, com a qual foi firmado o contrato obrigatório da aeronave, também foi condenada a pagar a indenização de forma solidária. O juiz ainda absolveu o PSB e a então vice na chapa de Eduardo Campos, Marina Silva. Com Amanda Almeida

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