terça-feira, 14 de agosto de 2018

Alckmin quer usar inserções na TV para atacar Bolsonaro

Estrategistas tucanos vão utilizar comerciais de 30 segundos no horário eleitoral para ‘desconstruir’ adversário nas eleições 2018

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

Os estrategistas da campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB nas eleições 2018, decidiram poupar o tucano e usar os seus comerciais de 30 segundos no horário eleitoral no rádio e na TV para tentar “desconstruir” a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

A ideia é utilizar locutores em off, entrevistas antigas e efeitos gráficos nessa tarefa. Com isso, consideram, a imagem de Alckmin seria preservada.

A avaliação no PSDB é de que o candidato do PT estará no segundo turno. Nesse cenário, o candidato do PSL é apontado como o principal adversário na disputa pela segunda vaga.
A campanha de Alckmin pretende usar boa parte das 12 inserções diárias a que ele tem direito no rádio e na TV para apontar contradições de Bolsonaro em sua trajetória.

Durante a preparação para o debate da TV Bandeirantes com os presidenciáveis na quinta-feira, 9, auxiliares e aliados de Alckmin estavam divididos sobre a melhor estratégia no primeiro confronto direto da campanha. A maior parte do entorno do ex-governador defendia um embate direto com Bolsonaro logo na largada, mas o tucano resistia à ideia.

Fiel ao seu estilo, Alckmin testou todas as opções, mas deixou no ar qual seria sua escolha. Quando teve a palavra ao vivo, surpreendeu ao optar por acionar a ex-ministra Marina Silva, presidenciável da Rede. A escolha se repetiu em outras duas ocasiões. Esse episódio ilustra um dilema tático sobre a melhor forma de enfrentar o deputado do PSL, que tem direito a apenas um comercial a cada três dias.


Há quatro anos, a então presidente Dilma Rousseff usou seu poder de fogo na campanha à reeleição (a petista tinha a maior fatia do tempo de TV) contra Marina, então no PSB. A estratégia beneficiou o senador Aécio Neves (PSDB), que correu por fora e chegou ao segundo turno da disputa.

A discussão agora no entorno de Alckmin é sobre o tipo de munição a ser usada contra Bolsonaro. Parte de seus auxiliares avalia que seria um erro explorar suas posições polêmicas sobre ditadura militar, aborto, quilombolas e o grupo LGBT.

A leitura é de que isso não cola nele, com exceção das mulheres. Como as falas consideradas misóginas de Bolsonaro causam forte impacto no eleitorado feminino, esse caminho será explorado na TV.

A melhor forma de “desconstruir” Bolsonaro, disse um estrategista de Alckmin, é apelar para suas contradições, “deslizes éticos” (como receber auxílio-moradia tendo imóvel próprio) e falas ofensivas às mulheres.

Antipetismo. Em outra frente, o foco de Alckmin em discursos e nas redes sociais será buscar o eleitorado que está “bolsonarista”. Isso implica explorar o antipetismo – mas sem mencionar a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Na semana passada, Alckmin repetiu diversas vez um trocadilho com o número do PT: “13 anos de recessão, 13 candidatos a presidente e 13 milhões de desempregados”.

A busca pelo campo de Bolsonaro e a aliança com o Centrão também empurraram a campanha para uma trilha mais à direita do que se projetava antes de o deputado do PSL se consolidar nas pesquisas. Bandeiras como descriminalização das drogas e redução de danos para dependentes químicos e temas ligados à comunidade LGBT, por exemplo, ficaram de fora do plano de governo.

Entram em cena temas ligados à segurança pública, endurecimento de leis contra o crime, porte de armas no campo e propostas do agronegócio. A escolha de Ana Améliacomo vice (PP-RS) ajuda nessa narrativa.

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