quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Bernardo Mello Franco: Notícias de uma guerra particular

- O Globo

Marina, Ciro e Haddad disputam o espólio de Lula. O petista saiu atrás, mas pode chegar na frente se a estratégia de esticar a corda for bem-sucedida

Na corrida ao Planalto, três candidatos vão travar uma guerra particular. Marina Silva, Ciro Gomes e Fernando Haddad foram ministros do governo Lula. Agora, disputam o espólio do ex-presidente, que deve ser barrado pela Justiça Eleitoral.

De acordo com o Ibope, 37% dos brasileiros querem votar em Lula. No cenário sem o petista, o grupo se dispersa. Os três ex-ministros avançam, mas ninguém desponta como herdeiro natural do lulismo. O número de indecisos ou dispostos a anular salta para 38%.

Por enquanto, a mais beneficiada com a saída do ex-presidente é Marina. Na ausência de Lula, ela dobra sua intenção de votos. Pula de 6% para 12%, e assume a segunda posição na pesquisa. Ciro também herda uma parte do latifúndio lulista. Sem o ex-chefe, ele avança de 5% para 9%. Neste cenário, passa a ser visto como um candidato com chances de ir ao segundo turno.

O terceiro aspirante ao espólio é Haddad. No momento, ele aparece com apenas 4% das intenções de voto. Mas seu crescimento parece questão de tempo: falta se tornar conhecido como o candidato do PT.

A estratégia dos petistas é simples. Eles acreditam que os rivais ficarão empacados enquanto parte do eleitorado acreditar que Lula está no páreo. Por isso, valeria a pena esticar a disputa jurídica até o limite. Com isso, ficaria mais fácil transferir os votos para Haddad na reta final da campanha.

Ontem, Ciro e Marina criticaram a insistência na candidatura de Lula. Ela disse que a estratégia “fragiliza muito o processo de decisão dos eleitores”. Ele acusou o PT de “projetar uma fraude”. “Ficam agitando o nome do Lula para depois tentarem eleger uma pessoa que a população não conhece”, reclamou.

Parece que os dois acusaram o golpe.

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“A função da imprensa tem um relevo antipático, quase hostil. Estou convencido de que os jornais existem para falar mal dos governos. A função da imprensa é a de interpelação, de questionamento” —Otavio Frias Filho (1957-2018).

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