sábado, 18 de agosto de 2018

Emprego foi o principal tema no debate de presidenciáveis da RedeTV!

Oito candidatos participaram do encontro; púlpito que seria destinado ao ex-presidente Lula no estúdio foi retirado pela emissora

Por Da Redação | Veja

No dia seguinte à divulgação, pelo IBGE, de que falta emprego para 27,6 milhões de brasileiros, o desemprego foi o principal tema do segundo debate na TV aberta da campanha presidencial de 2018, nesta sexta-feira, 17, na Rede TV!.

Participaram do debate na emissora paulistana, organizado em parceria com a revista IstoÉ, oito postulantes ao Palácio do Planalto: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

Ao menos cinco perguntas feitas e respondidas pelos candidatos giraram sobre a geração de empregos. Dias prometeu criar 10 milhões de vagas de trabalho caso seja eleito, enquanto Meirelles ressaltou que colaborou, enquanto presidente do Banco Central, no governo Lula (PT), e ministro da Fazenda, no governo Michel Temer (MDB), para a criação de 12 milhões de empregos. O emedebista pediu “mais tempo”, como presidente, para combater o desocupação no país.

Ainda desconhecido de boa parte do eleitorado, Henrique Meirelles procurou, assim como no primeiro debate, na TV Bandeirantes, há uma semana, apresentar-se como um executivo bem-sucedido na iniciativa privada e o “escolhido” tanto por Lula quanto por Temer para ocupar postos-chave da economia do país em momentos delicados.

Já Ciro Gomes disse que seu plano de governo prevê a retomada da criação de postos de trabalho em quatro pontos: a retomada do consumo das famílias – por isso pretende “limpar” o nome dos 63 milhões de devedores brasileiros que, segundo ele, estão no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC); retomada do investimento do empresariado; “equalização” das contas públicas, que ele classifica como “falidas”; e estímulo à indústria. Ciro afirmou pelo menos duas vezes que há um “genocídio industrial” no país, com o fechamento de 13.000 indústrias.

Geraldo Alckmin afirmou que a geração de empregos no país passa por reformas estruturais, que o tucano prometeu enviar ao Congresso no primeiro mês de governo, caso eleito. Criticado por Ciro Gomes pelo apoio do PSDB à PEC que impôs um teto aos gastos públicos, Alckmin defendeu a manutenção da medida. Ele pontuou, contudo, que o teto só foi aprovado diante do “total descontrole” das contas públicas nos governos do PT e tentou se desvencilhar do governo Temer.

Respondendo à ironia de Guilherme Boulos de que os demais candidatos representam “50 tons de Temer”, Alckmin afirmou que “40 destes tons são vermelhos. É do PT e seus aliados. Eles escolheram o Temer. Aliás, duas vezes”.

Líder das pesquisas de intenção de voto sem a candidatura de Lula, Jair Bolsonaro voltou a dar respostas vagas quando questionado por adversários e jornalistas sobre economia. Indagado por Henrique Meirelles a respeito de propostas para geração de empregos, Bolsonaro atacou os governos de PT e PSDB e o próprio Meirelles. Após propor, em seu plano de governo, um superministério da Economia, que seria gerido pelo economista Paulo Guedes, o candidato do PSL se limitou a dizer que escolherá um “time independente de ministros”.

Novamente perguntado pelo emedebista, desta vez sobre a igualdade salarial entre homens e mulheres, o presidenciável do PSL voltou a afirmar, tal qual no debate da Band, que o governo não deve interferir na iniciativa privada. Ele citou a CLT como “garantia” de paridade entre os gêneros.

Tanto em sua fala de abertura quanto nas considerações finais, Jair Bolsonaro disse que o Brasil “precisa de um presidente honesto, patriota, que respeite a família e afaste de vez o fantasma do comunismo”. Em outros momentos de sua participação, Bolsonaro criticou, como de costume, a “ideologia de gênero” e o “kit gay” nas escolas e defendeu um maior número de colégios militares no país. Em uma destas ocasiões, o capitão da reserva fez dobradinha com Cabo Daciolo, o candidato que carregava uma Bíblia à mão a cada intervenção e voltou a pregar no debate à la pastor evangélico. “Glória a Deus”, não se cansa de repetir Daciolo.

No momento mais tenso do debate, Jair Bolsonaro questionou Marina Silva sobre a opinião dela a respeito da posse de arma de fogo. Marina aproveitou o momento para rebater a posição dele sobre o salário das mulheres e houve bate-boca. “Você não sabe o que é uma mulher que tem um filho jogado no mundo das drogas”, rebateu o deputado, em referência à posição de Marina de defender um plebiscito sobre a legalização das drogas. A ex-ministra contra-atacou: “você fica ensinando para os jovens que tem que resolver tudo na base do grito. Você pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como faz para atirar”.

Sem púlpito vazio de Lula
Assim como no debate da Band, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba há mais de quatro meses, teve a participação no programa da Rede TV! negada pela Justiça. A emissora pretendia colocar um púlpito vazio no estúdio, mas, com a decisão judicial, levou a possibilidade aos adversários do petista, que rechaçaram a cadeira vazia. Boulos foi o único a discordar da retirada do púlpito destinado a Lula.

O nome do petista foi citado por alguns adversários quando se discutiu o combate à corrupção. Ex-ministra de Lula em seu primeiro governo, Marina Silva foi indagada por Alvaro Dias sobre a cadeira vazia. Ela citou a prisão do ex-presidente, as gravações de Aécio Neves na delação da JBS e a aliança de Geraldo Alckmin com o Centrão. Marina prometeu ao menos três vezes que apoiará às investigações da Lava Jato.

Dias, que costuma dizer que convidará o juiz federal Sergio Moro para o Ministério da Justiça, classificou a candidatura de Lula como “vergonha nacional” e voltou a afirmar que pretende “refundar a República”.

Criticado por adversários por ser apoiado pelos partidos envolvidos em esquemas de corrupção, Alckmin disse que seu governo terá “tolerância zero” com desvios.

Perguntado por um jornalista sobre que práticas de Michel Temer não reproduziria, se eleito, Henrique Meirelles respondeu que não lotearia cargos politicamente, mas escolheria técnicos.

Jair Bolsonaro, em seguida, afirmou que o MDB de Meirelles é “símbolo do toma lá, dá cá”. “Seu partido nunca abriu mão de abocanhar mais e mais ministérios, mais e mais diretorias de estatais”, critica o presidenciável do PSL. “Muito difícil Vossa Senhoria honrar esse compromisso”, concluiu.

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