terça-feira, 21 de agosto de 2018

Marco Aurélio Nogueira: Pesquisa retrata resiliência do cenário

- O Estado de S. Paulo.

Muita água ainda correrá sob a ponte. Mas chama atenção, nas pesquisas que se sucedem, a resiliência do quadro: os presidenciáveis mais competitivos estão agarrados ao chão, sem se deslocarem. Parte da explicação pode estar na insistência dos institutos de pesquisa de apresentar Lula como candidato, fato que reitera a narrativa do “golpe”, mas também é um truque eleitoral que confunde a população. Nas simulações feitas com Lula, ele é imbatível. Quando substituído por Haddad, o desempenho petista despenca.

Bolsonaro persiste na dianteira, indicando que sua audiência é fiel. A segunda posição de Marina mostra que biografia épica, recall e insistência em uma “nova política” compensam a falta de estrutura de campanha e a recusa a coligações.

Ciro e Alckmin caminham abraçados – o eleitorado parece indiferente à qualidade técnica e à experiência administrativa que ambos podem exibir. Ciro sofre as consequências do isolamento a que foi submetido pelo PT. Já Alckmin, em que pese a grande coligação, continua estacionado, vitimado pela má vontade do eleitor com a política. Para complicar, sua campanha enfrenta problemas no plano regional. Mesmo em São Paulo terá de amassar muito barro para conseguir decolar. Seu maior trunfo está no horário gratuito.

A pesquisa deixa claro que das 13 candidatu- ras poucas têm músculos para ir ao 2.º turno. A briga vai recrudescer nas próximas semanas, com efeitos que ainda não dá para prever.

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Professor de ciência política e coordenador do núcleo de estudos e análises internacionais da Unesp

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