sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Alckmin intensifica ataque a Bolsonaro sobre imposto: 'Tiro no pobre, na classe média'

Tucano critica criação de imposto em vídeo que será utilizado no horário eleitoral

Silvia Amorim | O Globo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, intensificou as críticas à proposta de Jair Bolsonaro (PSL) de criar um novo imposto sobre movimentação financeira nesta quinta-feira. Durante caminhada no centro de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, o tucano afirmou que o deputado quer aumentar imposto e insinuou que a medida seria apenas a primeira de um pacote.

O enfrentamento a Bolsonaro também foi para o horário eleitoral gratuito. Em uma peça que irá ao ar na noite desta quinta-feira, um narrador diz que Bolsonaro já admitiu que "não entende nada de economia" e que vai deixar a área nas mãos de "um banqueiro milionário", citando Paulo Guedes, responsável pela plataforma econômica da campanha de Bolsonaro. A afirmação foi feita pelo candidato do PSL em entrevista exclusiva ao GLOBO, em julho. Ainda na peça, o narrador diz que Bolsonaro irá cobrar "menos imposto para os ricos e mais imposto para os pobres".

A divulgação da proposta do economista Paulo Guedes de criar um imposto nos moldes da antiga CPMF, revelado pela "Folha de S. Paulo" nesta quarta-feira, tumultou a campanha de Bolsonaro. Além de ir a público dizer que é contra a criação de novos impostos, o candidato reclamou com Guedes por telefone. Ao GLOBO, o economista disse que esse tributo iria unificar outros impostos já existentes.

— O candidato da bala deu o primeiro tiro: no contribuinte, no pobre, na classe média, na economia. O que ele quer é aumentar imposto. Nós vamos fazer o contrário — disse o tucano, de cima de um banco, em Guarulhos.

Estagnado em apenas um dígito nas pesquisas eleitorais, Alckmin tem visto na confusão da candidatura adversária uma oportunidade para tirar voto de Bolsonaro e tentar chegar ao segundo turno. Na quarta-feira, o tucano fez as primeiras críticas à proposta de imposto sobre o consumo de Bolsonaro.

Na manhã desta quinta-feira, ele voltou à carga espontaneamente e abriu a entrevista concedida em Guarulhos com os ataques a Bolsonaro. Pesquisa Datafolha mostrou Alckmin com 9% das intenções de votos, enquanto Bolsonaro tem 28%.

— Nós somos contra aumentar impostos. Contra recriar a CPMF, um imposto em cascata, imposto ruim, que afeta a população de menor renda, a classe média, a economia — disse o tucano, que promete unificar cinco impostos em único e não aumentar a carga tributária.

Desde cedo nesta quinta-feira a campanha do tucano também colocou para circular nas redes sociais um vídeo em que ele nega que apoiaria Fernando Haddad (PT) num eventual segundo turno contra Bolsonaro. Faltando 17 dias para a eleição, a disputa presidencial virou nas redes uma corrida pelo voto útil.

Na tarde desta quinta-feira, Alckmin viaja a São José dos Campos, interior paulista, para mais uma caminhada. No sábado, a previsão é visitar duas capitais do Nordeste e, no domingo, está sendo programada viagem ao interior de São Paulo, estado onde o tucano tem tido um derretimento das suas intenções de voto.

COMPARAÇÃO COM VENEZUELA
A propaganda de Alckmin que irá ao ar na noite desta quinta-feira expõe a iniciativa de se colocar como anti-Bolsonaro e anti-PT. A peça diz que a Venezuela elegeu Hugo Chavez, um "salvador da pátria", que fez "a pobreza, a violencia e a corrupção aumentarem", e matou a democracia. Segundo a peça, o venezuelano tem dois fãs: Lula e Bolsonaro.

- É triste ver que um voto errado pode fazer no país. Um país que exportava petróleo, agora exporta gente falida.

Segundo a propaganda, Bolsonaro declarou em uma entrevista que "Chavez é esperança para América Latina e gostaria que essa filosofia chegasse ao Brasil".

Ao fim da propaganda, Alckmin diz que o risco de o "Brasil se tornar uma nova Venezuela é real" por causa dos extremos:

- Por um lado, um deputado que já demonstrou simpatia por ditadores como Pinochet e Hugo Chavez, que já defendeu uso da tortura, que acha normal que mulheres ganhem menos, uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo. Um despreparado - diz.

- Por outro lado, a própria escuridão, o PT, sempre radical e extremista. O partido que nos deixou o desastroso legado de Dilma e Temer. São dois lados do radicalismo. Se qualquer desses lados vence, o país perde. Sou oposição a ambos.

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