quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Alckmin sobre Temer: "Não tem liderança nem legitimidade"

Por Renato Rostás, Carla Araújo e Andréa Jubé | Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, rebateu nesta quinta-feira (6) declarações de Michel Temer (MDB) e disse que o presidente “não tem liderança nem legitimidade”.

“Eu não votei no Temer, ele era da chapa da Dilma [Rousseff]”, disse o tucano. “Houve o impeachment e assumimos uma posição de responsabilidade com o Brasil.”

Alckmin lembrou que o PSDB foi o partido que trouxe votação mais maciça para reformar do atual governo federal, como a trabalhista e a do ensino médio.

“Mas não são os ministros o problema do Temer, é o próprio presidente. Ele não tem liderança, nem legitimidade, coisas que é necessário ter [numa Presidência]”, afirmou Alckmin, em sabatina promovida hoje na capital paulista pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.

O tucano foi alvo de críticas de Temer em dois vídeos postados desde ontem no Twitter do presidente. Temer se dirigiu diretamente a Alckmin nas gravações e destacou a participação dos tucanos em seu governo. Pediu que o candidato do PSDB diga a verdade sobre ter apoiado o governo do MDB.

Improbidade
Alckmin criticou a ação ajuizada ontem (5) contra ele pelo Ministério Público Estadual de São Paulo (MP-SP) por improbidade administrativa.

“Um promotor, na minha avaliação de maneira equivocada, e contrariando posicionamento do MPF e do STJ, entrou com ação também equivocada”, disse o tucano.

Contra-ataque
Temer divulgou mais um vídeo rebatendo declarações de Alckmin e evidenciou uma estratégia adotada para participar das eleições.

Com nove ex-ministros candidatos, Temer tem sido “esquecido” nas campanhas por conta da sua baixa popularidade. Nos dois vídeos divulgados até agora, Temer destaca o apoio do Centrão ao seu governo, cita nominalmente os ministros que fizeram parte de sua equipe e avisa Alckmin que ele deve escolher a verdade e não os conselhos de marqueteiros para ganhar votos.

Segundo o marqueteiro do presidente, Elsinho Mouco, a ideia dos vídeos é defender o legado e combater o que eles consideram como mentiras que estão sendo veiculadas pelas campanhas eleitorais. “Ataque político é ataque político, ataque oportunista, falso, terá resposta na hora, assim deliberou o presidente”, disse Mouco ao Valor. “Nós vamos monitorar os programas eleitorais dos candidatos a presidente. O que for fato, é fato, o que for fake, será denunciada como notícia falsa, eleitoreira”, afirmou Mouco.

No vídeo de hoje, Temer “volta a falar com Alckmin”. “Candidato Geraldo Alckmin, eu volto a falar com você. Já gravei um vídeo anterior mostrando que várias daqueles que apoiam a sua candidatura foram e são da base do meu governo. E, agora, eu volto a falar com você para dizer como o PSDB me ajudou no governo e como foi base do governo”, diz Temer.

O presidente lembra a passagem de José Serra pelo Ministério das Relações Exteriores e de Bruno Araújo para o Ministério das Cidades. Nos dois casos, assim como ao citar outros ministros, Temer afirma que os tucanos fizeram um “belíssimo trabalho”.

“Mais tarde eu levei o PSDB para dentro do Palácio do Planalto por meio nosso prezadíssimo Imbassahy, que fez também um adequadíssimo, um belíssimo trabalho de natureza política no governo. Ajudou tanto o meu governo, que pôde hoje vir a apoiar você invocando exata e precisamente aquilo que fizeram no meu governo”, diz Temer sobre a passagem de mais um ministro tucano. “Portanto o PSDB, Geraldo, apoiou o meu governo. Não faça como aqueles que falseiam, que mentem para conseguir voto influenciado pelo marqueteiro. Seja realista, conte exatamente a verdade”, finaliza Temer no vídeo divulgado hoje.

O primeiro vídeo de Temer que o fez “entrar na campanha” foi publicado ontem à noite e citou os ministros da Educação, Mendonça Filho; da Saúde, Ricardo Barros, e da Indústria e Comércio, Marcos Pereira; todos de partidos do chamado Centrão, que hoje apoia a candidatura de Alckmin. O presidente defende o trabalho de seus ministros e cita ainda que o PTB comandou o trabalho e que também está na base de apoio do tucano. “Se você vier a ganhar a eleição, essa base será sua base governamental”, diz.

Temer afirma ainda que está falando com Alckmin pelas “falsidades” que ele tem colocado no programa eleitoral. “Não posso silenciar em homenagem ao povo brasileiro”, diz Temer. “Não atenda aos que dizem seus marqueteiros. Atenda, apenas, à verdade. E a verdade significa que fizemos muito por essas áreas conduzidas por aqueles que hoje apoiam sua candidatura”, afirma o presidente.

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