terça-feira, 11 de setembro de 2018

Após ataque, Bolsonaro tem 24%, e quatro empatam em segundo lugar

Ciro, Marina, Alckmin e Haddad empatam em segundo lugar; capitão é o nome com maior rejeição

Ricardo Balthazar | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O deputado Jair Bolsonaro (PSL) manteve a liderança da corrida presidencial após o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão e o atentado que sofreu na semana passada, de acordo com a nova pesquisa realizada pelo instituto Datafolha.

Segundo o levantamento, Bolsonaro tem 24% das intenções de voto. O presidenciável foi esfaqueado quando atravessava uma multidão em evento de campanha na quinta (6) em Juiz de Fora (MG) e está internado no Hospital Albert Einstein, onde se recupera da cirurgia sofrida após o ataque.

Na pesquisa anterior do Datafolha, realizada nos dias 20 e 21 de agosto, antes do início do horário eleitoral, Bolsonaro tinha 22% das intenções de voto. A oscilação observada desde então está dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Quatro candidatos aparecem empatados em segundo lugar, dentro da margem de erro. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem 13% das intenções de voto, a ex-senadora Marina Silva (Rede) está com 11%, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparece com 10% e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 9%.

Vice da chapa inscrita pelo PT com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato a presidente, Haddad deve ser indicado como seu substituto nesta semana. O Tribunal Superior Eleitoral vetou a candidatura de Lula e estabeleceu prazo até esta terça (11) para o partido fazer a troca.

O nome de Lula, que apareceu à frente nos levantamentos anteriores do Datafolha, não foi incluído desta vez nos cartões da pesquisa estimulada, em que os pesquisadores exibem aos entrevistados a lista de candidatos.

Na pesquisa espontânea, em que os eleitores expressam sua preferências sem estímulos dos entrevistadores, o apoio a Lula caiu de 20% para 9% após o início da propaganda na televisão, em que o PT só foi autorizado a apresentá-lo como apoiador.

Condenado pelo juiz Sergio Moro e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e preso desde abril em Curitiba para cumprir pena, Lula está impedido pela Lei da Ficha Limpa de concorrer às eleições.

O PT ainda discute a condenação nos tribunais superiores e recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do TSE, mas há pouca esperança no partido de obter uma decisão favorável ao ex-presidente.

O Datafolha entrevistou 2.804 eleitores de 197 municípios nesta segunda (10). A pesquisa foi realizada em parceria com a TV Globo. O primeiro turno das eleições está marcado para 7 de outubro, daqui a quatro semanas.

O novo levantamento mostra que Bolsonaro é o candidato com maior rejeição hoje. Segundo o Datafolha, 43% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum no capitão reformado do Exército. A resistência é maior entre mulheres (49%), os mais jovens (55%) e no Nordeste (51%).

A alta rejeição explica o mau desempenho de Bolsonaro nas simulações feitas pelo Datafolha para o segundo turno da disputa. De acordo com os cenários estudados, ele perderia para Alckmin, Marina e Ciro e chegaria à segunda rodada da eleição empatado com Haddad se ela fosse realizada hoje.

A pesquisa mostra também que a vantagem de seus adversários sobre ele em algumas dessas simulações aumentou. Se o segundo turno fosse hoje, Alckmin e Marina teriam 43% no confronto com Bolsonaro, Ciro alcançaria 45% e o capitão oscilaria entre 34% e 37%.

A disputa seria mais acirrada se Bolsonaro chegasse ao segundo turno com Haddad. Se fosse hoje, o candidato petista teria 39% e seu adversário, 38%.

A pesquisa mostra que Lula mantém o poder de transferir boa parte de seu prestígio a outro candidato. Apesar do veto da Justiça à sua candidatura, o PT pode apresentá-lo como apoiador na propaganda eleitoral, usando imagens que ele gravou antes da prisão.

Segundo o Datafolha, 33% dizem que votariam com certeza num candidato indicado pelo líder petista e 39% já identificam Haddad como seu provável substituto. O ex-prefeito de São Paulo dominou os programas do PT na primeira semana do horário eleitoral.

Ainda pouco conhecido, Haddad cresceu especialmente no Nordeste, o mais fiel reduto de Lula. Ele alcançou 13% das intenções de voto na região e aparece empatado ali com Bolsonaro, que tem 14%.

Na disputa pelo segundo lugar da corrida, Haddad foi quem mais cresceu nas últimas duas semanas. Ciro e Alckmin tiveram variações positivas, mas dentro da margem de erro. Marina perdeu apoio com o horário eleitoral.

Segundo o Datafolha, os eleitores de Bolsonaro são os mais convictos hoje. Entre os seus apoiadores, 74% dizem estar totalmente decididos e só 26% admitem mudar de ideia.

Os eleitores de Haddad estão mais decididos do que os dos outros candidatos que estão embolados na disputa pelo segundo lugar da corrida. Os menos convictos são os eleitores de Marina, dos quais 71% admitem mudar.

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