segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Em debate, candidatos pedem pacificação do país

No terceiro debate entre os candidatos presidenciais, predominaram os apelos pela pacificação do país e do processo eleitoral.

Apelo à pacificação une adversários em debate

Três dias após ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora, presidenciáveis pregam conciliação na disputa eleitoral. Próximos nas pesquisas, Ciro Gomes, Marina e Alckmin tentam explorar pontos fracos dos rivais para se isolar na segunda posição

- O Globo

SÃO PAULO - Reunidos três dias após o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas de intenção de votos, os candidatos à Presidência protagonizaram na noite de ontem um debate sem agressões e marcado por pedidos de pacificação do país e do processo eleitoral. Embolados na disputa pelo segundo lugar, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) fizeram menção a Bolsonaro, que, por um acordo entre todos os participantes, não teve sua ausência ressaltada por um púlpito vazio, como previa a regra do encontro promovido por TV Gazeta, Estadão, rádio Jovem Pan e pelo Twitter. Ele ainda está hospitalizado em recuperação da facada sofrida na quinta-feira.

Em comparação com os debates anteriores, o de ontem teve tom mais cordial entre os adversários, com menos acusações pessoais. Nas suas considerações finais, Marina opinou que “o Brasil não chegará a lugar nenhum dividido” e que é preciso “para a face do ódio, dar a face do amor; para a da violência, o respeito às ideias dos outros”. Em seguida, Alckmin pregou “pacificação e um esforço conciliatório”. Ciro, logo na abertura, se apresentou desejando boa recuperação a Bolsonaro. Ao pedir menos radicalização, Henrique Meirelles (MDB) questionou Alckmin por ter feito propagandas que atacam Bolsonaro.

PONTOS FRACOS
Marina e Ciro apareceram empatados com 12 pontos na pesquisa do Ibope divulgada na semana passada, com Alckmin apenas três pontos atrás. Hoje, o Datafolha divulga um novo levantamento. Na disputa para tentar se isolar em segundo lugar, os três tiveram alguns embates ontem, em que procuraram expor pontos fracos dos rivais.

No primeiro bloco, Marina lembrou o crescimento da violência no Ceará, estado que já foi governado por Ciro e por seu irmão, Cid Gomes. Ela questionou o pedetista citando que “o número de homicídios dobrou nos últimos dez anos no Ceará”.

Ciro, por sua vez, criticou Alckmin, ex-governador de São Paulo, ao falar sobre o incêndio no Museu Nacional, no Rio. Para ele, o Museu do Ipiranga, gerido pela administração estadual de São Paulo através da USP, não recebe os investimentos adequados para a sua preservação:

— O Brasil impôs 20 anos de congelamento de investimentos. O Museu do Ipiranga é a próxima vítima. Está fechado por falta de verbas.

Alckmin também buscou explorar supostas contradições de Marina Silva, ao falar sobre corrupção.

— Marina esteve por 20 anos no PT. Em 2006, teve o mensalão, um assalto a estatais. Ela não saiu do PT. Só saiu em 2008. Já nós sempre estivemos no lado oposto ao do PT —disse.

— PT e PSDB são faces da mesma moeda da corrupção, apesar dessa aparente polarização — rebateu a candidata da Rede.

Alvaro Dias (Podemos) insistiu na bandeira de combate à corrupção e na intenção de promover uma “qualificação técnica” do governo. Meirelles escolheu Alckmin como alvo preferencial, e chamou o crime organizado de “maior produto de exportação de São Paulo”.

Guilherme Boulos, do PSOL, disse que acabará com “privilégios do Judiciário” com “uma canetada”. E fustigou Meirelles ao prometer taxar grandes fortunas, “inclusive a sua, de quase R$ 400 milhões”.

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