sábado, 1 de setembro de 2018

Igor Gielow: Choradeira à parte, decisão é alívio para PT tentar viabilizar Haddad

- Folha de S. Paulo

Adiamento da decisão sobre ex-presidente tinha virado bola de ferro no pé da campanha petista


Muita água será jogada no moinho da choradeira petista de 2018 devido ao aparente atropelamento de prazo promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral para julgar logo a elegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva.

Resolvida a questão, que era basicamente lógica devido à Lei da Ficha Limpa promulgada pelo próprio petista, a antecipação da discussão só servirá para engrossar o enredo de que o ex-presidente é vítima de algum tipo de tramoia judicial para evitar sua volta ao Planalto.

Mas, a despeito das queixas, o fato é que é bom para o PT ter a situação definida antes do começo da campanha no rádio e na TV. O partido estava travado, com uma bola de ferro presa a seu pé devido à insistência numa candidatura que as paredes da cela em Curitiba em que Lula se encontra sabiam inviável.

Ninguém vai falar isso para os eleitores, mas estamos em campanha eleitoral, então verdade não é exatamente artigo disponível no mercado. Fernando Haddad, o "Andrade" não reconhecido por anônimos nordestinos, precisa de uma estratégia clara de associação ao vitimizado ex-presidente para tentar se fazer visível.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, o ex-prefeito paulistano demonstrava dificuldades na absorção de votos nos cenários sem Lula. Além disso, um número expressivo (48%) disseram que não votariam de jeito nenhum num ungido pelo petista –contra não desprezíveis 31% que dariam seu voto a quem o ex-presidente indicar.

Cristalizou-se no petismo, apesar do discurso de que valeria a pena ir ao tudo ou nada para jogar na confusão, a noção de que o curto tempo de campanha terá de ser dedicado a associar o poste a seu criador. Simples assim.

Esse esforço deverá ter um efeito complementar: coloca a tática petista no foco das campanhas rivais. Com um amplo estoque de inserções diárias à disposição, Geraldo Alckmin (PSDB) poderá ter de dedicar algumas delas não só a fustigar Jair Bolsonaro (PSL) à direita, mas também a levantar a bandeira do antipetismo e a desqualificação de Haddad como um preposto.

Para todos os campos concorrentes, o lado positivo da decisão do TSE é que agora a farsesca candidatura de Lula está no lugar que deveria estar. É um fator disruptivo a menos para o processo eleitoral, já turbulento o suficiente neste 2018.

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